A gestão ambiental empresarial é foco de trabalhos de implementação do sistema ISO 14000 e seus resultados operacionais, impacto das alianças e redes de relacionamento na gestão estratégica empresarial, estimativa de geração de resíduos industriais, para utilização dos mesmos como matéria prima secundária devido seu potencial energético, a geração de sucata sendo utilizada para realimentar o processo de produção empresarial através de logística reversa e reprojetos de produtos existentes, focando a minimização do impacto ambiental e redução do custo do produto final. Todos esses estudos realizados compreendem a indústrias de médio e grande porte, pois as chamadas micro e pequenas empresas (MPE's) enfrentam problemas de implementação das normas devido aos elevados custos e principalmente por incompreensão de que estas denotariam diminuição de custos processuais, que tem essa temática retratada de forma genérica em publicação apoiada pelo Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas - Sebrae. Por compreender a necessidade da adoção de práticas ambientalmente sustentáveis pelas MPEs, este trabalho traz um estudo de caso de uma micro empresa do setor de panificação com uma análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do setor, conhecida como Matriz SWOT.

Visando o desenvolvimento de proposta metodológica de Gestão Ambiental para as MPEs, usou-se a construção dialógica via discussões com especialistas da área e os contratantes, estruturando desenho metodológico mais próximo as necessidades do setor em estudo e levantamento dos dados necessários para a estruturação de tal modelo gerencial.  Para a realização da presente proposta, foram selecionadas 225 micros e pequenas empresas do setor de panificação da região metropolitana de Recife. A partir da matriz SWOT, sigla que significa Strength, Weakness Opportunities and Threats ,as estratégias poderão ser desenhadas de várias formas. Neste estudo utilizaram-se dois tipos: os pontos fortes para aproveitar as oportunidades e para amenizar, ou na melhor das hipóteses, eliminar e os efeitos negativos das ameaças. Nesta mesma perspectiva, também se devem considerar os pontos fracos de modo que os mesmos não inviabilizem a possibilidade de aproveitar as oportunidades, nem permitam que as ameaças se concretizem.

No estabelecimento da matriz SWOT, buscou-se a identificação dos fatores impactantes do setor, em particular no campo da Gestão Ambiental e da Eficiência Energética. Foram identificados como os pontos fortes (favorecem as panificadoras): diário consumo do produto pela população, receptividade para a ecoeficiência, fidelização do cliente, visão holística dos líderes do setor e ponto de venda com variedade de produtos. Com relação aos pontos fracos (desfavorecem as panificadoras) foram identificados: uso de fontes energéticas não renováveis; uso excessivo de embalagem e perda do alimento por vencimento; não regularidade da manutenção preventiva nos equipamentos, baixa conscientização de economia de água e energia pelos empregados. Dentre as oportunidades (podem favorecer ao setor) foram observadas: organização em sindicatos e associações, aceitação por parte dos usuários de sacolas ecológicas e embalagens retornáveis, grande quantidade de material passível de reciclagem, instalação de dispositivos de economia de água e energia. Relativo às ameaças (podem desfavorecer o setor): imagem homogênea do setor não havendo distinção clara entre uma panificadora poluente do meio ambiente e outra que usa energias limpas, custo da energia e legislação ambiental restritiva.

Ressalta-se o valor de se buscar o desenvolvimento metodológico para a implementação da Gestão Ambiental para as Micro e Pequenas Empresas, face a sua importância enquanto geradora de emprego e renda, assim como de formação de consciência ambiental para a população, alem da diminuição do potencial impactante destas. Ainda há a necessidade de um maior aprofundamento dos estudos e da checagem do modelo metodológico aqui proposto, visto a nuances díspares que cada um dos demais setores possa apresentar, alem de particularidades locais e regionais ate mesmo do setor aqui estudado. Observa-se que há a necessidade de um maior investimento dos entes públicos para o desenvolvimento da Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas Empresas e que grupos multidisciplinares, que apresentem dinâmica dialógica na construção dos processos, são mais favoráveis ao pensar do novo e a solução dos desafios futuros advindos da temática ambiental.