62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
COMPARAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA EXTRAÇÃO DE DNA EM DIFERENTES ÓRGÃOS DE Thais haemastoma (LINNAEUS, 1767) (MOLLUSCA: GASTROPODA: MURICIDAE)
Aline Fernandes Alves de Lima Previtera 1
Felipe Braga Pereira 2
Cristina de Almeida Rocha Barreira 3
Rodrigo Maggioni 4
1. MSc., Instituto de Ciências do Mar - UFC
2. Universidade Estadual do Ceará
3. Prof. Dra., Instituto de Ciências do Mar, UFC
4. Prof. Dr. Orientador, Instituto de Ciências do Mar - UFC
INTRODUÇÃO:

Os moluscos são o segundo maior filo animal, com aproximadamente 200.000 espécies viventes e impressionante registro fóssil. É um dos mais diversos grupos animais com formas das mais variadas. Eles têm figurado em estudos paleobiológicos e biológicos, bem como em estudos evolutivos. Moluscos do gênero Thais pertencem à família Muricidae, são rapanineos, caenogastrópodes predadores, comuns na costa brasileira vivendo sobre pedras ou em mangues em locais de pouca profundidade, na zona de arrebentação. Atualmente, trabalhos associados com a filogenia do grupo já utilizam técnicas sabidamente eficientes para a extração de DNA. O próximo passo de aprimoramento é utilizar um órgão que garanta uma quantidade viável de DNA para amplificação na reação de PCR e consequente sequenciamento. A escolha do órgão para a extração de DNA é primordial já que a tanto a qualidade quanto a concentração de DNA por grama de tecido varia entre eles. Tecidos como pé, manto, massa bucal, gônada e glândula digestiva são utilizados em diversos trabalhos de biologia molecular deste grupo. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi comparar qualitativa e quantitativamente a extração de DNA pelo método Fenol-Clorofórmio-Álcool Isoamílico em diferentes órgãos do molusco Thais haemastoma.

METODOLOGIA:

Exemplares de T. hemastoma foram coletados manualmente na praia da Mucuripe e mantidos vivos em aquário até o dia da extração. Para a extração, 5 tecidos diferentes foram utilizados e previamente pesados, sendo estes: manto, músculo do pé, massa bucal, gônada e glândula digestiva. A extração foi feita segundo o protocolo de fenol-clorofórmio-álcool isoamílico que incluiu incubação dos diferentes tecidos em tampão de extração contendo proteinase K, para digestão da amostra. Em seguida, a amostra foi purificada com uma mistura 25:24:1 fenol-clorofórmio-álcool isoamílico, seguido de purificação com uma mistura 24:1 de clorofórmio-álcool isoamílico e posterior precipitação com etanol absoluto gelado na presença de acetato de amônia 2M. A qualidade das extrações foi verificada através de eletroforese em gel de agarose 1% contendo brometo de etídio sob transiluminador UV. A concentração de DNA foi medida por espectrofotometria com comprimento de onda de 260/280nm. Os resultados foram obtidos em µg/mL e, em seguida, divididos pelo peso de cada amostra. A análise de variância da concentração de DNA/g tecido dos diferentes tecidos foram testados com ANOVA ONE WAY seguido do teste de Tukey (α =0.05), utilizando o software Statística 7.0.

RESULTADOS:

A concentração de DNA (µg/mL)/g tecido variou de forma crescente de 2842.05 + 861.73 no músculo do pé (PE), 5806.19 + 3621.32 no manto (MA), 6935.72 + 2712.52 na massa bucal (MB), 9008.63 + 2880.20 na glândula digestiva (GD) e 10627.68 + 6579.63 na gônada (GO) (média + desvio padrão). A análise quantitativa indicou que os tecidos GO e GD disponibilizam o DNA após a extração em quantidade maior que no PE. No entanto, MA e MB foram estatisticamente iguais a PE, GO e GD. Os resultados qualitativos evidenciaram a formação de bandas específicas de alto peso molecular para os tecidos MA, PE e MB. Na análise qualitativa, GO e GD não apresentaram formação de banda, a presença de arrasto indica uma grande quantidade de DNA degradado na amostra. Tecidos como GD e GO são de fácil obtenção durante a dissecção e fácil digestão, pois seus ácinos se separam facilmente e liberam uma grande quantidade de células para a mistura. No entanto, durante a digestão à 65 ºC, a  atividade enzimática destes órgãos é favorecida e o DNA é danificado. Os órgãos PE, MA e MB são estruturas compostas basicamente por tecido epitelial com algumas células glandulares e/ou músculo. Nestes órgãos, embora a lise do tecido seja mais dificultosa, a baixa atividade enzimática favorece à extração de DNA de boa qualidade.

CONCLUSÃO:

O músculo do pé, a massa bucal e o manto do gastrópode marinho Thais haemastoma são órgãos propícios para extração de DNA de qualidade utilizando-se o método fenol-clorofórmio-álcool isoamílico. Baseando-se na concentração de DNA/g tecido, manto e massa bucal são mais indicados. Nestes órgãos (MA e MB) a digestão por proteinase K é mais rápida que no músculo do pé e necessita menos lise mecânica, garantindo agilidade ao processo. As gônadas e glândula digestiva não são indicadas para extração de DNA já que sua alta atividade enzimática danifica o DNA durante a digestão.  Como consideração final, sugerimos que os órgãos GO e GD sejam primeiramente fixados em álcool e conservados a -18 ºC ou temperaturas mais baixas para que a atividade enzimática seja diminuída antes da digestão.

Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na forma de bolsa de doutoramento. FUNCAP, na forma de apoio à pesquisa.
Palavras-chave: Thais haemastoma, Stramonita haemastoma, extração de DNA.