Nos últimos anos no Brasil tem crescido o número de estudos e intervenções sobre questões referentes à condição juvenil. Estes conduzem a reflexões acerca de como as transformações sociais afetam as vivências, os comportamentos, as motivações e experiências de adolescentes e jovens. Partindo destas observações, o objetivo central deste estudo é identificar as principais queixas dos adolescentes e jovens por meio dos registros de documentos de triagem no serviço de psicologia da Clínica-Escola da UEPB.  A referida pesquisa auxiliará os profissionais de saúde, das ciências humanas e sociais que trabalham ou desenvolvem pesquisas com adolescentes e jovens, promovendo reflexões sobre as temáticas e favorecendo o planejamento de estratégias e intervenções primárias coerentes com as questões que envolvem e afetam a juventude a partir das queixas mencionadas.

A pesquisa desenvolvida teve como objeto de análise as informações contidas nas fichas de triagens (67 fichas), da Clínica-Escola de Psicologia da UEPB. A amostra diz respeito aos adolescentes e jovens que se inscreveram para atendimento psicoterápico na mencionada Clínica-Escola e aguardavam contato para início do atendimento. Após ser concedida a autorização da coordenação da Clínica para o acesso aos registros das fichas de triagens, foram selecionadas aquelas pertencentes aos adolescentes e jovens com idade entre 12 a 24 anos que se inscreveram no período de fevereiro de 2008 a setembro de 2009. Os conteúdos das mesmas foram transcritos, submetidos ao método de Análise de Conteúdo, categorizados e, posteriormente, inclusos no banco de dados (SPSS 11.5) com a finalidade de realizar análises estatísticas.

A partir dos resultados obtidos pôde-se verificar que 74,6% dos sujeitos que preencheram as fichas de triagem corresponde ao gênero feminino e 25,4% ao gênero masculino. Em relação ao gênero, os maiores índices apontam que, dentre as mulheres, 14% apontaram como motivo para buscar a psicoterapia o fato de serem estudantes de psicologia; dificuldade de relacionamento interpessoal-familiar e transtorno de humor; já entre os homens, há predominância (17,6%) de queixas relacionadas a dificuldades de estudo e aprendizagem e transtorno de humor. A partir da análise das relações entre o tipo de queixa e a idade, independente do gênero, podemos constatar que entre 12 e 14 anos a queixa mais freqüente diz respeito às dificuldades de estudo e aprendizagem com 33,3%. Entre os 15 e 17 anos 25% destes, indicam queixas referentes a comportamento agressivo ou inadequado, transtorno psicossomático, pensamentos invasivos ou queixas múltiplas (transtorno de humor/ conflito existencial). Dos 18 aos 20 anos destaca-se como motivação da busca ser estudante de psicologia, com 23,1%. Nas idades de 21 a 24 anos, 21,4% corresponde às queixas de transtorno de humor.

Com base em tais análises, identificamos que as principais queixas psicológicas de adolescentes e jovens que buscam atendimento psicológico se referem a problemas, anseios e conflitos vivenciados pela juventude. Tal compreensão possibilita o entendimento das principais questões que afetam a juventude e, portanto, poderão auxiliar na elaboração de intervenções direcionadas às mesmas.