62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
LEVANTAMENTO DE PLANTAS DANINHAS EM ÁREA ROTACIONADA COM AS CULTURAS DA SOJA, MILHO E ARROZ IRRIGADO NO CERRADO DE RORAIMA
Guilherme Silva Rodrigues 1
Diego Lima de Souza Cruz 2
Pablo Lima de Souza Cruz 4
Raphael Henrique da Silva Siqueira 4
Anna Bárbara Chaves Gomes 2
José Maria Arcanjo Alves 3
1. Mestrando em Agronomia - UFRR
2. Graduando em Agronomia - UFRR
3. Prof. Dr. do Curso de Agronomia - UFRR / Orientador
4. Graduando em Agronomia - UFRR, bolsista PIBIC-CNPq
INTRODUÇÃO:
A competição entre plantas cultivadas e plantas daninhas é responsável por perdas significativas na produção agrícola. Essa matocompetição entre plantas daninhas e plantas de interesse comercial vem provocando aumentos significativos nos custos de produção e tornando os alimentos mais caros, sendo um dos principais obstáculos para a produção rentável e sustentável das lavouras, fazendo-se necessário um levantamento das espécies como uma etapa para otimizar o controle. Na cultura da soja [Glycine max (L.) Merrill] o controle destas plantas faz com que o produtor gaste de 15 a 40% do total destinado para insumos. A interferência de plantas daninhas na cultura do milho [Zea mays L.] pode resultar em perdas de até 52% na produção devido ao período crítico de invasão se estender até os 60 dias após emergência. Já na cultura do arroz [Oryza sativa L.] as perdas variam, devido às diferentes necessidades, períodos e intensidade de absorção dos recursos como água, luz e nutrientes. Com o objetivo de identificar as plantas invasoras e determinar as densidades populacionais em cultivos de culturas anuais no cerrado de Roraima, realizou-se o levantamento de plantas daninhas em área rotacionada com as culturas da soja, milho e arroz irrigado em ecossistema de cerrado de Roraima.
METODOLOGIA:
O trabalho foi conduzido em uma propriedade localizada no município do Bonfim, estado de Roraima. A área foi aberta no ano de 2004, rotacionando-se as culturas de soja, milho e arroz em plantio direto e sob irrigação por pivô central, totalizando 120 hectares, sobre uma área de Latossolo Amarelo. A área de estudo abrangeu 6 subáreas de 5ha totalizando 30 ha, onde foram realizadas 30 amostragens de 1 m² (quadros de madeira com 1 m x 1 m), onde se lançava o quadro aleatoriamente num caminhamento em zigue-zague por meio da metodologia do Quadrado Inventário. Após o lançamento, contavam-se os números de exemplares de cada espécie dentro do quadro. As amostragens foram realizadas no espaço de tempo de uma semana após a colheita da cultura do arroz e uma semana antes do início do plantio da soja (dezembro de 2008 a janeiro de 2009). Os dados foram tabulados em planilha eletrônica e o cálculo para a estimativa da população das plantas daninhas por hectare foi feito por regra de três simples.
RESULTADOS:
Ao final do levantamento, foram identificadas 23 espécies, algumas de importância agrícola devido ao difícil controle ou pelos danos causados, e outras sem registros de danos severos a produção de culturas. As maiores populações encontradas foram de Lindernia crustacea (L.) F. Muell (288.667 plantas ha-1), Cyperus iria L. (171.000 plantas ha-1), Arenaria lanuginosa (Michx.) Rohrb. (153.667 plantas ha-1), Physalis angulata L. (125.000 plantas ha-1) e Euphorbia heterophylla L. (144.000 plantas ha-1). Apesar da elevada densidade, não há registros de prejuízos causados por L. crustacea e A. lanuginosa, o que pode ser relacionado ao fácil controle. Já C. iria, e E. heterophylla estão entre as principais pragas das culturas anuais. As menores densidades foram encontradas em Ipomoea triloba L. e Heliotropium indicum L. (667 plantas ha-1). Senna obtusifolia apesar da baixa densidade (4.333 plantas ha-1), é uma espécie de difícil controle, onde em algumas regiões agrícolas do mundo está se tornando resistente a herbicidas. Outras espécies de difícil controle identificadas no levantamento foram Chamaesyce hirta (L.) Millsp (1.333 plantas ha-1), Commelina benghalensis L. (66.667 plantas ha-1) e Murdannia nudiflora (L.) Brenan (32.000 plantas ha-1).
CONCLUSÃO:
Ao final do estudo conclui-se que, existem espécies de plantas daninhas comuns em todo Brasil, devido ao transporte destas sementes junto com as sementes de soja, arroz ou milho e até mesmo pela própria capacidade de dispersão da espécie. O prejuízo causado pelas plantas daninhas está relacionado às altas densidades e a capacidade de competição específica de cada espécie, o que envolve a dormência das sementes por longos períodos no solo, o vigor de crescimento acelerado que suprime a cultura principal, a competição por água e nutrientes e servir como porta de entrada a pragas e doenças. O levantamento contribui no planejamento de um programa de aplicação de herbicidas, pois o produtor saberá quais são as espécies que estão em maior população ou as mais competitivas.
Palavras-chave: Invasoras, Matocompetição, Plantio Direto.