62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
ENXOFRE EM PERFIS DE REJEITOS DE MINERAÇÃO DE CALCÁRIO DA FORMAÇÃO IRATI - REGIÃO DE PIRACICABA (SP)
Laiane Bezerra Ribeiro 1
Cassio Sousa de Oliveira 1
Letícia Ramos do Nascimento 1
Suany Couto Texeira 1
Helen Monique Nascimento Ramos 1
Norberto Cornejo Noronha 1
1. Instituto de Ciências Agrárias - UFRA Belém
INTRODUÇÃO:
A atividade de mineração causa evidentes impactos ambientais modificando a paisagem e alterando as condições de solo, água, vegetação e fauna. Isto se deve ao fato de que, para a extração do minério, é retirada a vegetação natural além da camada de solo fértil e, às vezes, se faz necessário a remoção de montes rochosos que não possuem valor econômico. Com a finalidade de caracterizar os rejeitos de mineração de calcário e de observar a evolução deste material em função do tempo foi escolhida uma jazida de calcário no município de Saltinho - SP (empresa Amaral Machado), que está em atividade há mais de 30 anos, o calcário é explorado para obtenção de corretivo agrícola. O enxofre nestes solos pode ocorrer em uma ou mais formas minerais como dissulfeto ferroso, sulfato de ferro, gesso, sulfato de magnésio, entre outros. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o enxofre em perfis abertos em montes de rejeitos da mineração de calcário com diferentes idades de deposição e que estão passando por processos pedogenéticos.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em uma área de mineração de calcário Iratí no município de Saltinho (22055' S e 47043' W), a 15 km de Piracicaba-SP. Foram abertas cinco trincheiras nas áreas de rejeito selecionadas, e coletadas amostras para analises químicas, sendo o enxofre determinado segundo a metodologia de Vitti (1989), Levou-se em consideração a idade e o tipo de deposição dos rejeitos caracterizados como: P1 com 2 anos, com material depositado mais argiloso, sob a cobertura de transição entre gramíneas e leucena (Leucaena Leucocephala); P2 com 15 anos com rejeitos constituídos de fragmentos de calcário e folhelhos e sob a cobertura de leucena e P3, P4 e P5 no monte de 32 anos, em banco de rejeito com material semelhante ao de P2, sendo os dois primeiros sob a cobertura de leucena (P3 e P4) e o último (P5) sob a cobertura de pastagem consorciada gramíneas/leucena.
RESULTADOS:
O perfil P1 apresenta menores valores de S-SO4-2ao longo do perfil, variando de 45 a 88 mg dm-3, devido à menor quantidade de fragmentos de folhelhos pirobetuminosos em relação aos demais perfis rochosos. Apesar do pouco tempo de exposição, nota-se em P1 a tendência em perda de S-SO4-2 na superfície deste, e do seu conseqüente aumento com a profundidade, caracterizando a lixiviação de S-SO4-2. Comparando-se os perfis, que possuem o mesmo tipo de material, mas com idades diferentes, nota-se no perfil P2 um aumento na concentração deste ânion nos horizontes subsuperficiais, cerca de 1256 mg dm-3, já os perfis de 32 anos exibem teores de S-SO4-2 inferiores em comparação ao encontrado na subsuperfície de P2, aumentando em profundidade com valores acima de 1743 mg dm-3. Alguns teores de S-SO4-2 nestes solos excedem os encontrados nas rochas que constituem o rejeito, principalmente nas camadas mais profundas, porém isso não implicou na redução dos valores de pH nos perfis pois a oxidação da pirita promove a dissolução dos carbonatos formando sais. A dissolução de carbonatos é um processo importante na neutralização da acidez do meio, controlando a composição química da água subterrânea pelo consumo de prótons e pela solubilização de Ca2+ e Mg2+( ROISENBERG, Claudio, FORMOSO,2002).
CONCLUSÃO:
Através deste estudo pode-se constatar que o tempo decorrido foi suficiente para promover alterações e lixiviação do enxofre ao longo dos perfis abertos em bancos de rejeitos da mineração do calcário Irati, contribuindo com a evolução pedogenética destes materiais.
Palavras-chave: Oxidação da pirita, lixiviação, folhelho pirobetuminoso.