62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA CRIANÇAS DE 7 ANOS EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE GOIÂNIA
Christiane Garcia Macedo 1
1. Rede Municipal de Ensino de Goiânia - GO
INTRODUÇÃO:

A dança está presente na escola de várias formas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), assim como as Diretrizes Curriculares da Rede Municipal de Ensino de Goiânia, garantem a sua presença entre os objetivos e conteúdos do ensino fundamental, estando presentes nas disciplinas de artes e educação física.

Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência com o conteúdo dança nas aulas de educação física, em uma escola da Rede Municipal de ensino de Goiânia, buscando compreender e problematizar elementos básicos da dança, como arte e como componente importante da nossa cultura corporal, buscando construir uma visão mais ampla desta prática em relação aos seus tipos e contextos.

            Entendemos que a escola é uma instituição responsável pela transmissão de conhecimentos sistematizados, local privilegiado para a educação (SAVIANI, 1992) e que esta é uma atividade humana e uma forma de intervenção no mundo, tanto na reprodução das práticas quanto no desmascaramento das mesmas (FREIRE, 1996).

Trabalhamos com a pedagogia histórico-crítica (GASPARIN, 2003) que passa pelas fases: realidade social inicial, problematização, introdução de informações e conceitos básicos (instrumentalização), sistematização (catarse) e realidade social final. 

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado com duas turmas de agrupamento A (que se refere ao 1º ano do sistema seriado), de uma escola municipal de Goiânia. Os alunos tinham entre 6 e 7 anos. As aulas eram duas vezes por semana de duas horas cada, durante 3 meses do ano de 2009.  Seguindo o planejamento partindo da realidade dos alunos para um conhecimento mais amplo. Nas aulas foram utilizados conversas dirigidas, atividades com imagens, vivências, construção coreográfica, apresentação de coreografia.         As conversas dirigidas foram utilizadas nos momentos de diagnóstico, instrumentalização e problematização. O tema inicial era trazido pela professora em forma de perguntas e acrescentando informações, buscando aprofundar as temáticas tendo em vista os objetivos a serem atingidos. As atividades com imagens foram usadas para acrescentar informações diferentes tipos de dança e seus contextos. As vivências e laboratórios foram utilizados como atividades práticas. Eram coordenadas pela professora, mas esta não era um modelo a ser seguido. As atividades foram baseadas na improvisação e construção coletiva. A construção coreográfica foi realizada inicialmente pela cópia de um coreografia simples, pela reconstrução desta coreografia por parte dos alunos e após por uma criação em grupos menores.

RESULTADOS:

Foram realizadas 24 aulas em três meses de 2009. Os alunos não conheciam a dança educação e não haviam realizados laboratórios de improvisação antes. Porém conheciam algumas atividades como estátua, mímica e imitação. Os laboratórios partiram destas brincadeiras, introduzindo aos poucos os elementos básicos da dança como ritmo, expressão, fluência, coordenação. A ferramenta de vídeo foi importante, pois os alunos tiveram contato com diversos tipos e estilos de dança que eles não conheciam. Os estilos que eles mais comentavam foram o hip hop (Brake) e o Funk (Carioca). Nos laboratórios muitos alunos utilizaram alguns movimentos reproduzidos, porém nos últimos se percebeu um grande avanço especialmente com a utilização de outras partes do corpo e outros planos. No trabalho com coreografia, a parte de imitação e cópia dos movimentos ocorreu tranquilamente. A parte de recriação da coreografia dada, foi a mais complicada, pois as turmas sentiram dificuldade de encadear os gestos e repeti-los após. Foi decidido pela divisão em grupos menores, o que funcionou e gerou 11 coreografias diferentes de uma mesma música trabalhada. Problematizamos esta dinâmica, para dar explicações sobre o processo coreográfico. Na parte de criar suas próprias coreografias mantemos os pequenos grupos.  

CONCLUSÃO:

As conversas dirigidas foram ricas e pela participação dos alunos e suas sistematizações através de escrita, fala, coreografias e desenhos demonstraram um avanço no entendimento do que é a dança, da sua diversidade e sua relação com representação de corpo, criatividade, estética e cultura de determinado grupo. A prática dos laboratórios possibilitou o conhecimento do próprio repertório e do debate sobre as diferenças dentro da turma. Percebemos que a visualização de práticas diversas e o debate sobre elas, desperta o interesse e instrumentaliza a criação, não sendo esta um evento aleatório. As coreografias feitas pelos alunos demonstraram a conclusão deste processo, apresentando mensagens e movimentos mais próximos a eles. Enfim, a dança na escola pode trabalhar com o corpo e a arte de forma não competitiva e crítica. Ainda há muito a se pesquisar sobre metodologias para a dança na escola, especialmente com crianças. Porém a negação desde conteúdo por parte de professores e instituições é algo a ser mais combatido. Com esta experiência visualizamos uma infinidade de atividades que são possíveis na escola. Sendo muito rico o trabalho para despertar a criatividade dos alunos e sua criticidade em relação a sua própria dança e seu contexto.  

Palavras-chave: dança educação, experiência, crianças.