62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
Análise comparativa dos domicílios no meio rural no estado do Rio de Janeiro: renda, condições de vida e escolaridade
Vanuza da Silva Pereira Ney 1
Niraldo José Ponciano 2
Marlon Gomes Ney 2
1. Universidade Federal Fluminense
2. Universidade Estadual do Norte Fluminense
INTRODUÇÃO:

A pluriatividade é entendida como a combinação de atividades agrícolas e não-agrícolas pela mesma família. Nesse sentido, nos países desenvolvidos, a pluriatividade passou a ser reconhecida como parte integrante de uma estratégia de desenvolvimento rural que visa fortalecer as formas de reprodução social e econômica dos agricultores familiares. No caso do Brasil, a maioria das ocupações complementares das famílias agrícolas é de baixa qualificação e, portanto, baixa remuneração. O objetivo do trabalho foi analisar a participação das atividades não-agrícolas nos domicílios rurais no estado do Rio de Janeiro. Buscou-se comparar os diferentes tipos de domicílios (agrícola, pluriativo, não-agrícola e desocupado), procurando identificar a participação dos domicílios, bem como a sua evolução no período analisado. Outro objetivo foi analisar os domicílios comparando-os quanto à escolaridade, à qualidade nas condições de vida e à renda, além de identificar os estratos de renda onde se concentra a pluriatividade

 

METODOLOGIA:

Utilizamos os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/IBGE), para o período de 2004 a 2008. Os domicílios foram classificados segundo o tipo de ocupação e foram considerados somente os domicílios particulares permanentes, excluindo os demais, como os domicílios improvisados e coletivos.  São eles: domicílios agrícolas, domicílios pluriativos, domicílios não-agrícolas e domicílios desocupados. No tratamento da renda foram considerados apenas os rendimentos positivos, ou seja, foram excluídos rendimentos iguais a zero. Na composição da renda domiciliar total, foram definidas as seguintes parcelas: rendimento de todos os trabalhos; rendimentos do trabalho principal e secundário; rendas previdenciárias (aposentadorias, pensões e abonos); e rendimento de outras fontes (aluguel, juros, doações). Para avaliar a mudança no bem-estar dos domicílios rurais foi calculado um índice utilizando a mesma metodologia de Kageyama (2003) e Kageyama e Hoffmann (2000). Esse índice combina dez variáveis binárias e pode variar entre 0 e 1. Quanto mais próximo de um, melhores as condições de infra-estrutura domiciliar.

 

 

RESULTADOS:

Os dados apresentados revelam que os domicílios não-agrícolas apresentaram os melhores indicadores de renda, escolaridade e índice de qualidade de vida. Por outro lado, os domicílios pluriativos apesar de apresentarem melhor escolaridade e qualidade de vida, apresentaram rendas inferiores ao dos domicílios agrícolas. Além disso, o número de domicílios pluriativos decresceu no período analisado em contrapartida aos domicílios desocupados, que aumentaram. Isso mostra que a pluriatividade no meio rural fluminense têm sido cada vez mais uma estratégia de sobrevivência das famílias agrícolas pobres e como a maioria das pessoas está ocupada em atividades não-agrícolas de baixa qualificação e remuneração, no médio e longo prazo, sem a intervenção de políticas públicas, essas famílias podem se transformar de pluriativos em não-agrícolas e até mesmo desocupadas.

 

CONCLUSÃO:

Este conjunto de características nos sugere que a incidência da pluriatividade no estado do Rio de Janeiro está relacionada às estruturas internas das famílias e também ao ambiente sócio-econômico do entorno onde se localizam as famílias e as unidades de produção, o qual propicia as condições para a expansão ou não da pluriatividade. Por mais virtudes que a pluriatividade possa apresentar não se pode querer encontrar nela todas as respostas para o desenvolvimento rural fluminense. Além disso, os dados mostram que no período analisado os domicílios rurais que mais apresentaram crescimento foram os não-agrícolas e também os desocupados. Nesse sentido, considerando a diversidade do estado fluminense em relação às suas microrregiões, estudos de casos e até mesmo trabalhos com dados mais desagregados se mostram necessários para um melhor entendimento e qualificação da pluriatividade, bem como a formulação de políticas públicas e privadas.

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Norte Fluminense
Palavras-chave: pluriatividade, desenvolvimento rural, Rio de Janeiro.