62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
EXCESSO DE PESO AVALIADO PELO IMC/IDADE EM ADOLESCENTES: COMPARAÇÃO ENTRE DOIS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
Clélia de Oliveira Lyra 1, 2
Severina Carla Vieira Cunha Lima 1, 2
Liana Galvão Bacurau Pinheiro 1, 2
Natalia Louise de Araujo Cabral 3
Hermilla Torres Pereira 3
Lúcia de Fátima Campos Pedrosa 2, 4
1. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPgCSa) - UFRN
2. Departamento de Nutrição DNUT/UFRN
3. Curso de Nutrição - UFRN
4. Professora Dra./Orientadora do PPgCSa - UFRN
INTRODUÇÃO:
O excesso de peso (sobrepeso e obesidade) é em um dos principais fatores de risco para doença cardiovascular. A identificação precoce durante a fase infanto-juvenil é importante no para prevenção das doenças cardiovasculares, como também para subsidiar condutas clínicas e intervenções em saúde pública. O diagnóstico do excesso de peso em adolescentes é comumente realizado pelo Índice de Massa Corporal para a Idade (IMC/Idade) e ainda não há consenso na literatura sobre os critérios de classificação deste indicador na detecção do excesso de gordura corporal. Dentre os critérios utilizados destaca-se o preconizado pela International Obesity Task Force - IOTF (2000), oriundo de um estudo multicêntrico envolvendo seis países, inclusive o Brasil. Na mesma perspectiva, a World Health Organization - WHO (2007) realizou uma revisão estatística dos dados antropométricos de estudos anteriores e propôs novos critérios de classificação do estado nutricional para a faixa etária de 5 a 19 anos. Neste contexto, o objetivo foi avaliar a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) do excesso de peso identificado por estes dois critérios de referência para IMC/Idade, utilizando como parâmetro o excesso de gordura corporal estimado pelas dobras cutâneas.
METODOLOGIA:
Estudo transversal com 345 adolescentes, selecionados a partir de amostragem aleatória em dois estágios. O excesso de peso foi avaliado pelo IMC/Idade, de acordo com os critérios preconizados pelas IOTF (2000) e WHO (2007). O percentual de Gordura Corporal foi estimado a partir da fórmula de Slaughter et al (1988) e classificado segundo Williams et al (1992). Foram construídas tabelas de contingência comparando a presença/ausência de excesso de peso, com a presença/ausência de excesso de gordura corporal. A estatística Kappa foi calculada para medir a concordância entre as classificações de excesso de peso pelo IMC/Idade e o excesso de gordura corporal.
RESULTADOS:
A sensibilidade foi de 75,5% para o critério IOTF e de 81,6% para WHO e a especificidade foi de 95,9% e 90,8%, respectivamente. A sensibilidade avalia a capacidade de detectar a doença (verdadeiros positivos), e a especificidade indica a ausência de doença (verdadeiros negativos). A tomada de decisão depende dos benefícios associados aos diagnósticos corretos (falso-positivos) e dos custos associados aos diagnósticos incorretos (falso-negativos). O VPN foi elevado e semelhante para os dois critérios (IOTF, 95,9%; WHO, 96,7%), indicando que ambos possuem pequena probabilidade de apresentar falsos positivos. O VPP foi maior para o critério IOTF (75,5%) quando comparado ao da WHO (59,7%), o que significa que IOTF apresenta menor quantidade de falsos negativos. O teste diagnóstico é considerado de boa qualidade quando detecta a menor quantidade possível de falsos positivos e negativos simultaneamente. O nível de concordância foi maior para o critério IOTF (Kappa=0,715 x Kappa=0,629). A Estatística Kappa identifica o quanto as observações se afastam daquelas esperadas, fruto do acaso. O valor zero significa que não há concordância entre os métodos comparados e o valor 1 (um) significa concordância perfeita.
CONCLUSÃO:
O critério IOTF (2000) mostrou-se mais específico, com maior nível de concordância e maior probabilidade de identificar corretamente o excesso de gordura corporal nos adolescentes avaliados.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (478287-2006-2)
Palavras-chave: Sensibilidade e Especificidade, Adolescente, Índice de Massa Corporal.