62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Biologia Molecular
CO-INFECÇÃO DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO E VÍRUS DA HEPATITE B EM AMOSTRAS ENDOCERVICAIS DE MULHERES COM LESÔES PRÉ-MALIGNAS E MALIGNAS DA CÉRVICE UTERINA
Jéssica Lorena dos Santos Mathias 1
Cristina Maria Borborema dos Santos 3
Júnia Raquel Dutra Ferreira 4
Cíntia Mara Costa de Oliveira 2
Mayara Rachel Silva Vilela 1
Évelyn Farias de Brito 1
1. Depto. de Diagnóstico Molecular, Fac. de Ciências Farmacêuticas, FCF/UFAM
2. Depto. de Pesquisa e Pós-Graduação, Fundação de Medicina Tropical /FMT-AM
3. Profª. Dra./Orientadora - Depto.de Diagnóstico Molecular - CAM/UFAM
4. Profª. Msc./Co-Orientadora - Depto.de Diagnóstico Molecular - CAM/UFAM
INTRODUÇÃO:
O Vírus da Hepatite B (VHB) é um agente infeccioso da família Hepadnaviridae, cuja presença no sêmen e nas secreções vaginais facilita a passagem de partículas infectantes através das superfícies mucosas, durante a relação sexual, sendo assim considerada uma das mais importantes Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Dentre as neoplasias malignas com gênese viral, 80% correspondem aos carcinomas da cérvice uterina e hepatocarcinomas, que são conhecidos pelas associações entre o Papilomavírus humano (HPV) e o VHB, respectivamente. Entretanto, o efeito destas associações (HPV-VHB) na gênese do câncer de colo uterino ainda é incerto. O Amazonas encontra-se no perfil de alta prevalência do vírus da hepatite B, além da alta prevalência de câncer de colo. Este trabalho tem por objetivo verificar a freqüência de co-infecção HPV-VHB na cérvice uterina de pacientes com lesões pré-malignas e malignas na FCECON-AM.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo transversal analítico onde foram analisadas 164 amostras de mulheres diagnosticadas citologicamente como portadoras de lesões pré-malignas e malignas (LSIL - lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau, HSIL - lesão intra-epitelial escamosa de alto grau, Carcinomas e Adenocarcinomas) atendidas na FCECON-AM. Os diagnósticos citológicos foram posteriormente confirmados pela histopatologia. As 164 amostras endocervicais foram submetidas à extração do DNA pelo método fenol:clorofórmio e a seguir testadas por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para verificar a integridade do DNA extraído utilizando os iniciadores ISO05P que amplificam um fragmento de 150pb do gene da golgina. Todas as amostras foram submetidas a PCR para detecção do HPV e VHB. Para detecção do HPV foram testadas por PCR utilizando os iniciadores MY09 e MY11 seguido de nested PCR utilizando os iniciadores GP5 e GP6 que amplificam respectivamente, 450pb e 150pb da região L1 do capsídeo viral. Para detecção do VHB foi utilizado semi-nested PCR com os iniciadores que amplificam um fragmento correspondente a 600pb do gene S. Posteriormente, os produtos da PCR foram analisados por eletroforese em gel de agarose 1,5% onde as bandas coradas com brometo de etídeo foram reveladas por luz ultravioleta (UV) e fotografadas. As variáveis de exposição e o resultado da PCR para detecção do HPV e VHB foram analisadas.
RESULTADOS:
Dentre as 164 amostras analisadas, 11 amostras foram excluídas por não terem o diagnóstico citológico confirmado pela histopatologia. Entre as 153 amostras em estudo, 14,38% (n = 22) foram positivas para a presença de VHB. Quatro (4) amostras foram HPV-negativas, as quais foram excluídas da análise de co-infecção. A freqüência de co-infecção HPV-VHB no presente estudo foi de 14,76% (22/149). A idade predominante entre as pacientes que apresentaram positividade para VHB (n = 22) variou entre os 27 a 56 anos. Como as taxas de hepatite B na Amazônia são de 8%, a freqüência esperada deste vírus nas amostras estudadas ficou acima dos valores relatados paras as taxas de VHB da região, ou seja, de 14,38%. A metodologia utilizada no presente estudo, PCR, é considerada extremamente sensível, mesmo quando se considera que a concentração do VHB é 100 a 1.000 vezes mais baixa na secreção vaginal que no soro, foi demonstrado, por este trabalho, que a PCR para análise destes fluidos foi eficiente.
CONCLUSÃO:
O presente estudo demonstrou uma frequência de VHB de 14,38% em amostras endocervicais de mulheres com lesões pré-malignas e malignas, apontando para uma eficiência do método de PCR para determinar este vírus no material biológico utilizado. Em relação à co-infecção de VHB-HPV, de 149 amostras HPV-positivas, 22 amostras foram positivas para VHB (14,76%). Não foi encontrado VHB em amostras HPV-negativas. A frequência encontrada quanto ao tipo de lesão foi diversificada, com predominância de adenocarcinoma (66.66%), seguido de 15,38% de LSIL, 14,28% de carcinoma e 12,93% de HSIL.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq
Palavras-chave: Co-infecção HPV-VHB, Endocérvice, PCR.