62ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

CURRICULO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL/QUILOMBOLA DE MATA CAVALO

Jorge Gabriel Ramires Junior ²
Noelama Marrye Sales de Sales ¹
Fabiana dos Santos silva ¹
Gleice Maria Meira de Jeses ¹

1. Instituto de Educação - IE/UFMT
2. Programa de Pós-graduação em Educação -PPGE-IE/UFMT

INTRODUÇÃO:

A Comunidade Sesmaria Boa Vida Quilombo Mata Cavalo pertence ao Município de Nossa Senhora do Livramento/MT, onde residem aproximadamente 500 famílias divididas em sete comunidades diferentes: Mata Cavalo de Cima, Mata Cavalo de Baixo, Estiva, Ourinhos, Mutuca, Aguaçu de Cima, Capim Verde. Esta pesquisa terá o seu enfoque nas Comunidades de Mata Cavalo de Baixo e Mutuca, especificamente na escola São Benedito e também na escola Rosa Domingas. A escolha da escola como campo de estudo dessa pesquisa partiu pela observação dos relatos dos moradores do quilombo, que nos relataram que ela é o centro da comunidade e é o local privilegiado para a tomada de decisões sobre a associação dos moradores, das festas, dos encontros, das celebrações, etc., representando assim, um instrumento de luta para a causa quilombola. Assim, a luz da Educação Ambiental critica emancipatória realizamos o estudo desse processo educativo existente nestas comunidades, utilizando como instrumento de trabalho os PAECs Projeto Ambiental Escolar Comunitário.

METODOLOGIA:

Os Projetos Ambientais Escolares Comunitários inscrevem-se como uma proposta de Educação Ambiental. Privilegiando sempre a troca de diálogos e de saberes que podem contribuir para a construção de uma educação diferenciada, indo para além dos conteúdos-pedagógicos na res-significação de uma EA Construtiva, Crítica e emancipadora. A metodologia desta pesquisa é fenomenológica e de cunho sociopoético. O método sociopoético é participativo, desde que assume a condição da validação de todos os conhecimentos: científicos, pedagógicos, técnicos, poéticos ou de resistência. A nossa inserção na comunidade de Mata Cavalo ocorreu de forma coletiva e participativa, que preconiza o conceito de Pessoas que Aprendem Participando. A valorização das significações e das percepções de todos os sujeitos envolvidos no processo de pesquisa, corrobora com os ideais fenomenológicos onde o mundo do sujeito, as suas experiências cotidianas e os significados atribuídos às mesmas são, portanto, os núcleos de atenção na fenomenologia.

RESULTADOS:

Esta pesquisa tem como objetivo específico perceber e evidenciar a relação escola-comunidade nas Escolas São Benedito e Rosa Domingas. Utilizando para isso de alguns elementos essenciais a pesquisa como: currículo, resistência, aspectos culturais, ambientais, projetos, etc. Corroborando para a construção do PAEC e da Educação Ambiental Crítica. Na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo percebemos diversas manifestações culturais como: a relação com a terra, seus costumes, sua história e o ambiente do entorno. Podemos relatar que há um processo educativo, mesmo que seja de certa forma como um currículo velado. Nos limitaremos aqui aborda o currículo, que compreendido em sua abrangência significativa merece ser inscrito em três dimensões relacionadas e que se interpenetram entre si: uma dimensão conceitual, do pensar num campo epistemológico do saber significativo; uma dimensão praxiológica, na indissociável configuração da prática com reflexão de Paulo Freire, sem o ativismo cego que determina o pragmatismo míope; e finalmente uma dimensão axiomática, implicada na não-neutralidade, no ato político da ressignificação da vida por meio da mediação pedagógica.

CONCLUSÃO:

De acordo com os aspectos metodológicos da pesquisa, destacamos que a proposição de um currículo fenomenológico, só pode ser construída pelos sujeitos envolvidos e na própria realidade da Comunidade de Mata Cavalo. Ao destacarmos alguns resultados percebemos a relação escola-comunidade nas Escolas São Benedito e Rosa Domingas, o que contribui para a construção do currículo fenomenológico que dialoga com a Educação ambiental e a Educação Quilombola, na consubstanciação do PAEC. Notamos pelas observações, que a relação escola-comunidade acontece de maneira intensa, onde a escola participa de todo o processo durante as festas, rezas e eventos culturais da Comunidade. Ao relacionar as questões curriculares e a EA destacamos a opção política. Será que para os educandos de Mata Cavalo apenas os conteúdos pedagógicos lhes bastam para um processo de humanização e de cidadania? E se o currículo pretende ter um caráter fenomenológico, reconhece que ele não pode ser um pacote, mas sim, um processo-dialógico e transformativo, baseando nas interações ou transações peculiares às situações locais. Talvez por isso a escola em Mata Cavalo apareça como um elemento de luta e de transformação para benefício da causa quilombola.

Instituição de Fomento: FAPEMAT

Palavras-chave: Educação Ambiental, Curriculo, Educação.