62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
A UTILIZAÇÃO DO CLORETO DE POTÁSSIO COMO SUBSTÂNCIA DE REFERÊNCIA PARA A AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DO MICROCRUSTÁCEO Daphnia magna.
Ítalo Feitosa Lopes 1
André Ferreira Porfírio 1
Fabíola Costa de Lima 1
Karoline Lucas de Oliveira 1
Glairta de Souza Costa 2
Raimundo Bemvindo Gomes 1
1. Depto.de Química e Meio Ambiente - Inst. Fed. do Ceará/IFCE
2. Depto. de Biologia - Universidade Federal do Ceará/UFC
INTRODUÇÃO:
A poluição dos recursos hídricos é causada, principalmente, pelo aporte de águas residuárias, domésticas e industriais, não tratadas. Assim, substâncias químicas chegam aos ecossistemas aquáticos alterando suas propriedades físicas e químicas e a estrutura biológica, gerando impactos negativos. Para controle destes impactos utilizam-se análises químicas e toxicológicas. A primeira quantifica e identifica as substâncias químicas enquanto a segunda qualifica os efeitos causados por estas. Através da ecotoxicologia é possível saber se substâncias químicas são nocivas e como manifestam seus efeitos. Nos ensaios de toxicidade os bioindicadores mais comuns são algas, microcrustáceos, bactérias e peixes. O microcrustáceo Daphnia magna é muito utilizado, pois reage sensivelmente a uma gama de agentes tóxicos, além de ser de fácil cultivo e manuseio. Para obtenção de resultados confiáveis faz-se necessário avaliar a sensibilidade do organismo-teste através de ensaios de sensibilidade utilizando substâncias de referência. Este controle permite avaliar a qualidade do cultivo, o que resulta na confiabilidade dos resultados obtidos. Este trabalho objetivou avaliar a sensibilidade de uma cepa de Daphnia magna ao KCl, enfatizando suas vantagens, se comparado a outras substâncias de referência.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada no teste de sensibilidade segue as diretrizes da Norma 12.713:2004 da ABNT. O período avaliado foi de abril/09 a janeiro/10. Os organismos têm sido cultivados no Laboratório Integrado de Águas de Mananciais e Residuárias (LIAMAR/IFCE), em meio de cultivo adequado (M4) , sob temperatura controlada (20°C ± 2ºC), fotoperíodo (16 horas de claro/dia), alimentados diariamente com suspensão de algas da espécie Pseudokirchneriella subcapitata. Para os ensaios foram utilizados organismos jovens (2 a 26 horas) obtidos de fêmeas com idade entre 10 e 30 dias. Os organismos-teste tiveram sua sensibilidade avaliada quando submetidos a diferentes concentrações de KCl (370; 480; 620; 800 e 1000 mg/L). Os testes foram realizados em copos plásticos incolores (100 mL) descontaminados e identificados. Em cada recipiente foram dispostos 40 mL da solução teste, em triplicata, inclusive o controle e 10 neonatos por réplica. Os organismos foram mantidos em incubadora, a 20°C ± 2ºC, no escuro, sem alimentação, por 48 horas. Após o período de exposição observou-se o número de organismos mortos ou imóveis, calculando-se a CE50 através dos métodos estatísticos dos pacotes Probit e Trimmed Spearman-Karber. Considerando médias e desvios padrões para elaboração de uma Carta- controle.
RESULTADOS:
Todos os lotes de água de diluição utilizados durante os testes de sensibilidade no período de estudo foram avaliados quanto a sua qualidade, por intermédio dos parâmetros, Potencial Hidrogeniônico (pH), Dureza Total (mg CaCO3/L) e Oxigênio Dissolvido (OD mg/L). Os valores médios encontrados: 7.55, 200.71 e 8.8, respectivamente, sempre mantiveram-se em conformidade com os padrões estabelecidos na norma 12.713 da ABNT (pH entre 7,0 e 8,0 ; dureza total entre 175 e 225 mg CaCO3/L e OD > 1mg/L), não influenciando diretamente na sensibilidade e sobrevivência dos organismos-teste. Para elaboração da carta-controle de sensibilidade utilizou-se os resultados de CE50 (48h), para a substância de referência cloreto de potássio (KCl), realizados com freqüência mensal ao longo de dez meses. A concentração média foi de 0,65 g/L com limites inferior e superior de 0,61 e 0,69 g/L, respectivamente, valores considerados válidos, uma vez que não ultrapassaram os limites estabelecidos pela norma (± 2 desvios padrão).
CONCLUSÃO:
Os resultados mostraram-se conformes com as exigências estabelecidas na norma, mantendo-se numa faixa definida para avaliação do sistema-teste, o que comprova a estabilidade do cultivo, tornando os organismos aptos a serem utilizados nos ensaios de toxicidade. Embora existam poucos trabalhos sobre a utilização do KCl como substância de referência, estudos nesse sentido devem ser ampliados visto que o uso dessa substância já foi preconizado em norma e além disso, apresenta vantagens significativas se comparada a outros compostos tais como: apresentar toxicidade não interferente com a qualidade da água de diluição, manipulação segura em laboratório e ausência efeitos tóxicos severos ou de bioacumulação quando disposta no meio ambiente.
Instituição de Fomento: Laboratório Int. de Águas de Mananciais e Residuárias - LIAMAR/IFCE Prefeitura Mun. de Fortaleza - PMF Autarquia de Saneam. Amb. de Fortaleza - ACFOR
Palavras-chave: Daphnia magna, Cloreto de potássio, Toxicidade aguda.