62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
AS NOVAS RURALIDADES NO COTIDIANO DA COMUNIDADE RURAL DE BARRA DO RIACHÃO EM PERNAMBUCO
Auta Luciana Laurentino 1
Maria das Graças Andrade Ataíde de Almeida 1
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
Este trabalho aborda um estudo sobre as novas ruralidades, em que apresentamos a produção artesanal como uma das ocupações existentes nos espaços rurais que estão tornando possível a dinamização e a manutenção das famílias nas suas comunidades de origem. Trabalhamos com um grupo de artesãos de Barra do Riachão, distrito de São Joaquim do Monte/ PE, que busca melhorias na qualidade de vida das pessoas da comunidade através da produção de atividades não-agrícolas como uma solução para geração de renda. O objetivo desta pesquisa volta-se para analisar o impacto do projeto de Design e artesanato implementado na comunidade na perspectiva do desenvolvimento local. Analisamos o contexto social do grupo de artesãos da Associação local, o artesanato como geração de renda, antes e depois da intervenção de design. Como também, consideramos o papel das ações extensionistas utilizando o capital social, do grupo de artesãos, desta comunidade. Esta pesquisa poderá contribuir para os estudos que elegem as categorias de extensão rural, novas ruralidades e desenvolvimento local, no estímulo a produção de investigações que possam trazer concomitantemente com a pesquisa empírica ações de intervenção, que produzam um impacto com resultados efetivos e estratégicos de desenvolvimento local.
METODOLOGIA:
A metodologia aplicada tem num primeiro momento a realização de uma análise das teorias que dão aporte à pesquisa empírica. Assim, o referencial teórico privilegia as categorias: extensão rural e das novas ruralidades a partir de Del Grossi e Silva (2002), Markus Brose (2004) e José Marcos Froehlich (2002), desenvolvimento local através das idéias de Callou (2007), Jesus (2003/ 2007) e Tauk Santos (2000/ 2002/ 2008), culturas populares e imaginário e cotidiano por meio de Canclini (1981/ 1996/ 2005/ 2008) e Michel de Certeau (2008), capital social com James S. Coleman (2001), Pierre Bourdieu (1998) e Robert D. Putnam (2001), além de comunicação participativa na concepção de Freire (1983). Em seguida, analisamos as ações realizadas junto aos artesãos, em que pesquisamos a situação atual e as mudanças provocadas com as inserções das ações extensionistas. Esta análise tem o aporte teórico metodológico da Análise de Discurso (AD) para a desconstrução da produção de discurso que compõe as entrevistas, à luz das categorias eleitas do cotidiano e do imaginário rural através de Almeida (1997/2000) e Paul Thompson (1992).
RESULTADOS:

Na discussão apresentamos o cenário atual em que se encontram os artesãos que integram a Associação dos Agricultores do Sítio Batente, com sede em Barra do Riachão, buscamos entender quais as estratégias de comunicação e de produção adotadas para a conquista de mercado e, assim, para a geração de renda, como também, procuramos perceber de que forma vem ocorrendo o empoderamento dos participantes nesta ação frente ao artesanato e se a inserção de novos produtos nessa produção tradicional vem trazendo benefícios para o grupo de artesãos e para a comunidade. Na fase da pesquisa empírica realizamos visitas periódicas à comunidade e utilizamos a gravação em áudio como recurso para as entrevistas desempenhadas junto ao grupo.

CONCLUSÃO:
Dessa forma, percebemos que a produção artesanal, efetivamente, dinamiza o cotidiano das famílias rurais de Barra do Riachão. É através dessa produção que os artesãos conseguem estímulos e complementos de renda, como também, melhoram a auto-estima dos seus moradores. Entendemos que a ação desenvolvida com o foco na melhoria dos produtos artesanais desta comunidade encontrou um cenário propício para o desenvolvimento da intervenção de design, por causa da sua aceitação. Podemos afirmar, também, que a utilização de uma comunicação horizontal, conforme sugerida por Paulo Freire, facilitou a integração de todos os atores envolvidos, pois os artesãos compartilharam de todas as etapas de sua realização e hoje conseguem criar suas peças com inovação. Verificamos que ações voltadas para as atividades não-agrícolas podem funcionar como ponto de partida para a viabilidade e a competitividade da economia local, podendo gerar oportunidades sociais e despertar mais investimentos das instituições públicas com soluções concretas e sustentáveis. Será a partir dessa sustentabilidade que os atores da comunidade de Barra do Riachão irão conseguir desenvolver simultaneamente o setor econômico, social, cultural e político.
Instituição de Fomento: CAPES
Palavras-chave: Novas ruralidades, Cotidiano e Imaginário Rural , Extensão Rural .