62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
QUANTIFICAÇÃO DO AUMENTO DAS ILHAS FLUVIAIS DO ESTUÁRIO INFERIOR DO RIO JAGUARIBE (CE) ENTRE OS ANOS DE 1988 E 2008 COM O USO DE IMAGENS DE SATÉLITE
Mario Duarte Pinto Godoy 1
Luiz Drude de Lacerda 1
1. Instituto de Ciências do Mar - Universidade Federal do Ceará
INTRODUÇÃO:
O Rio Jaguaribe é o rio mais importante do estado do Ceará, sua bacia hidrográfica ocupa cerca de 60% do estado, ao longo de seu percurso foram construídos diversos açudes e barragens com a intenção de diminuir os efeitos da seca na região. Devido a isso, as vazões do rio vêm diminuindo de forma alarmante (nos anos de 1974 a 1984 o Rio Jaguaribe apresentava vazões máximas na ordem de 3.210 m³/s e entre 1996 e 2009 a vazão máxima diminuiu para 1.432 no ano de 2009), essa diminuição dificulta o transporte de sedimentos que são depositados ao longo do estuário e causa o aumento na influência da água marinha no estuário. Outros estudos mostraram que mesmo em anos atípicos e com alta pluviosidade, a subida da maré ocasiona o aumento do material particulado dentro do estuário e a diminuição do índice de oxigênio dissolvido na água. Isso é uma evidência de que a entrada de água marinha provoca a erosão e a ressuspensão de sedimentos do fundo além da erosão da margem do estuário, criando novas áreas de sedimentação que são eventualmente colonizadas por mangues. Nesse contexto, o trabalho tem como objetivo principal o mapeamento e a mensuração dessas novas áreas através do uso de técnicas de geoprocessamento em imagens de satélite multitemporaes do Rio Jaguaribe a partir da década de 80.
METODOLOGIA:
O mapeamento ocorreu desde Aracatí até a foz do rio próxima à cidade de Fortim, foram utilizadas imagem do satélite Quickbird II de 2003, Kompsat 2 de 2008 e Landsat 5 dos anos de 1988 e 1992. As imagens Landsat 5 processadas no ENVI 4.0 onde foram criadas imagens compostas nas bandas RGB 321, 432 e 543 e salvas em formato Geotiff compatíveis com o programa ArcGIS 9.2. Para o georreferenciamento tomou-se como base a imagem Kompsat 2 que foi tratada pela empresa da qual foi adquirida. A projeção cartográfica usada foi a UTM - Universal Transverso de Mercator, referenciada ao datum geodésico horizontal WGS - Zona 24 sul. Para a escolha dos pontos de controle foram escolhidas feições artificiais reconhecíveis em todas as imagens. Como as áreas de sedimentação podem ser alteradas pela elevação do nível das marés e pelo fluxo fluvial foi decidido que o aumento seria medido tendo como base o acréscimo da área vegetada. A interpretação das imagens ocorreu de forma visual e manual, levando em conta elementos como: textura, tonalidade, forma, localização, entre outros. Devido à utilização de imagens de resoluções diferentes foi estabelecida uma escala de 1:30.000 de modo a permitir comparações entre todas as imagens. A áreas foram calculadas de forma automática pelo próprio ArcGis 9.2.
RESULTADOS:
Ao longo dos 20 anos que esse estudo abrange as ilhas fluviais do rio Jaguaribe sofreram diversas mudanças, pode-se perceber com base nos mapeamentos que entre os anos de 1988 e 1992 ocorreu o surgimento de seis novas ilhas vegetadas no estuário, além disso, das seis ilhas mapeadas em 1988, metade sofreu uma diminuição de área de aproximadamente 91,7 ha enquanto a outra metade aumentou aproximadamente 6,5 ha até 1992. Do ano de 1992 ao ano de 2003 ocorreu o surgimento de duas novas ilhas e a união de duas ilhas em uma só. No que diz respeito às áreas das ilhas, todas elas mostraram aumento que variou de 2,6% até 700%. Do ano de 2003 até 2008, com exceção de uma das ilhas (que teve a área erodida em 6%), todas as ilhas demonstraram um aumento de suas áreas, esse aumento variou de 2,6% até 366%. Do início do mapeamento em 1988 até 2008 houve um aumento total de 31,5 hectares ou, aproximadamente, 14% de aumento em comparação com a área inicial, a velocidade em que ocorre o aumento das ilhas fluviais também mudou durante o estudo, de 1988 até 1992 a velocidade de aumento das ilhas era de 0,56 ha/ano, a partir de 1992 até 2003 aumentou para 2,31 ha/ano e de 2003 até 2008 diminuiu novamente para 1,22 ha/ano.
CONCLUSÃO:
Baseado no resultado dos mapeamentos e em trabalhos pretéritos realizados na região é possível afirmar que a hidrodinâmica do Rio Jaguaribe é fortemente influenciada pelos barramentos que ocorrem ao longo do seu curso. Esses barramentos vêm, ao longo dos anos, diminuindo a capacidade de exportação de sedimentos do rio, assim como a quantidade de material em suspensão nas suas águas. Portanto, as ilhas de sedimento que têm surgido recentemente no baixo estuário do Rio Jaguaribe são originadas ou de sedimentos retrabalhados pela entrada da maré no estuário ou então são formadas por sedimentos oriundos de fontes localizadas próximas ao estuário. Estudos estão sendo realizados atualmente para se conhecer mais profundamente as possíveis fontes de sedimento que podem contribuir para o assoreamento do estuário do Rio Jaguaribe.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Geoprocessamento, Estuários, Manguezais.