62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
A SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN: ESTUDANDO OS CONDOMÍNOIS HORIZONTAIS FECHADOS.
Ozaias Antonio Batista 1
Thayanne Érica Torres de Assis 1
Pollyanna Christina Sarmento de Lima 1
Soraia Maria Do Socorro Carlos Vidal 1, 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
2. Prª Drª
INTRODUÇÃO:

Os condomínios horizontais fechados se constituem como uma das marcas do modelo citadino no inicio do século XXI, cuja escolha recai na retórica da segurança e do conforto. Diante de tal prática, a pesquisa teve por objetivo geral investigar a inserção e prática dessas novas formas de moradia na Região Metropolitana de Natal/RN - RMN. Ao mesmo tempo, buscou-se compreender os diferentes tipos de sociabilidade que surgem nesses espaços fechados; por conseguinte, as novas formas de segregação sócio-espacial. Foi possível observar a partir das leituras iniciais (RIBEIRO, 1997; D´OTTAVIANO, 2003; ANDRADE, 2006;) a configuração de áreas segregacionais, ou seja, um determinado espaço ocupado por certo tipo de público. Esta segregação implica em uma série de consequências, desde as de cunho sócio-cultural-econômico, isto é, relacionada com a sociabilidade e questões de estratos sociais, até a naturalização dos espaços fechados como parte da paisagem natural e, ainda, aspectos infra-estruturais (a forma como se constitui a cidade: periferia versus bairro nobre). Nesse sentido, os condomínios horizontais fechados interferem na vida dos residentes, bem como na constituição da cidade.

METODOLOGIA:

A pesquisa se constitui em estudo de natureza qualitativa, favorecendo uma leitura sócio-antropológica, uma vez que busca identificar diferentes situações de sociabilidades impostas pelas barreiras físicas e simbólicas dos condomínios horizontais fechados. Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica da temática em questão: condomínios horizontais fechados, urbanização, sociabilidade e segregação sócio-espacial. Tais aspectos teóricos subsidiaram as observações de campo, entrevistas e análise, referenciados na vivência nos condôminos horizontais fechados.

RESULTADOS:

A partir da leitura da bibliografia indicada, se pode colocar como resultado e discussão iniciais a existência de implicações sócio-econômicas, culturais e políticas, para a vida dos residentes do tipo de moradia em questão. Porque direta ou indiretamente os condomínios horizontais fechados interferem na organização de toda a cidade, começando pela constituição da mesma (a alocação de determinados equipamentos sociais - escola, hospital - em bairros considerados como periféricos ou de alta classe), até alcançar os indivíduos de forma mais direta. Isto é, impedindo-o de freqüentar determinada área por não possuir acesso a mesma. Esta interdição abre espaço para reflexões voltadas para a questão de classe, tomando como base a existência de divergências econômicas entre os sujeitos; conjecturações a cerca de peculiaridades sócio-culturais (sociabilidade, auto-exclusão do mundo 'pós-muro'); empecilhos simbólicos (diferença de classe) e físicos (câmeras de segurança) ou até mesmo a naturalização desses espaços fechados, aceitos como parte da paisagem natural. Não se pode esquecer, no entanto, que um dos motivos que levam os indivíduos a escolherem os condôminos fechados é a 'segurança' que o mesmo oferece, caracterizando, dessa forma, como certa exclusão do mundo exterior.

CONCLUSÃO:

Em princípio se pensou apenas que os condôminos horizontais fechados representavam um espaço restrito, reservado apenas para indivíduos de certa classe social. Principalmente porque os residentes optam por este tipo de moradia devido à segurança e comodidade que o mesmo oferece. Entretanto, ambas as características não são alcançadas plenamente, pois ainda há interação entre os sujeitos residentes nos condomínios e os não moradores. Nesse sentido, além da estruturação da cidade, os indivíduos também sofrem interferência dos condomínios, porque estes estão arraigados de interdições físicas (muros e grades) e simbólicas (classe social).

Instituição de Fomento: Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PROPESQ
Palavras-chave: Urbanização, condomínios horizontais fechados, segregação sócio-espacial.