62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 6. Ciências da Religião e Teologia
TABAJARA-ROMPENDO BARREIRAS DA EXCLUSÃO ATRAVÉS DE SUAS CRENÇAS
Eliane Silva de Farias 1
Almir Batista da Silva 1
Lusival Antonio Barcellos 1
1. Universidade Federal da Paraíba- UFPB
INTRODUÇÃO:
O processo de marginalização dos povos indígenas transcorre ao longo dos últimos cinco séculos da nossa história. Num processo constante de resistência esses povos lutam por sua auto-afirmação e por perpetuar suas tradições culturais e religiosas. Os índios foram banidos por preconceito, por todo tipo de discriminação, gerando formas de dominação, que resultaram em ações violentas, até mesmo com a prática do genocídio. Desde a colonização do Brasil, os indígenas vivenciaram e vivenciam essa realidade, por causa da imposição da religião cristã, da invasão de seus territórios e da diáspora da população local e nacional. Os indígenas Tabajara, a partir de 2006, tendo como alavanca uma "profecia" contada pelos "troncos velhos", reivindicam do órgão indigenista e a sociedade no geral, o reconhecimento como o segundo povo indígena da Paraíba. Nossa pesquisa tem como objetivo investigar o processo de inclusão social do povo Tabajara, que habitam o litoral Sul paraibano, vítimas de exclusão enquanto minoria étnica. Considerando a realidade atual, pela riqueza e originalidade, o estudo visa preencher uma lacuna existente nos acervos na academia paraibana, referentes à revitalização do povo Tabajara, a valorização de suas tradições culturais e religiosas, bem como à retomada de seu território.
METODOLOGIA:
A pesquisa está sendo realizada em meio ao povo Tabajara. Nesta etapa de trabalho, estamos fazendo o levantamento bibliográfico de documentos, artigos, livros, periódicos, dissertações e teses que versam sobre os Tabajara da Paraíba. Assim como, outras fontes que possam subsidiar e aprofundar a pesquisa. Todo o estudo está voltado, prioritariamente, para a pesquisa qualitativa por considerar uma abordagem mais adequada para esse objeto de estudo, visto que estamos lidando com fenômeno social e os sujeitos históricos têm suas subjetividades, seus valores e suas crenças. Também contemplamos a Pesquisa Quantitativa, onde está sendo utilizando levantamentos numéricos, gráficos e tabelas, dados quantitativos para complementar e fundamentar a investigação. Uma abordagem não exclui a outra, mas pelo contrário complementa como duas faces de uma mesma moeda. Em várias ocasiões, estivemos realizando a coleta campo junto ao povo Tabajara, utilizando da observação participativa, da escuta de conversas e das suas histórias prolongadas de vida, fazendo entrevista e anotando tudo no diário de campo. Para melhor entendermos as ações dos sujeitos registramos e reproduzimos seu cotidiano com fotografias, gravações e filmagem, quando autorizados pelos indígenas.
RESULTADOS:
O povo Tabajara apresenta uma realidade sofrida que provocou mudanças na construção de seu espaço social e territorial, na configuração de seus sujeitos históricos e na constituição da sua indianidade. Como conseqüência da usurpação de suas terras e da negação "forçada" de sua identidade, grande parte desse povo migrou para as periferias das cidades em busca de emprego, de moradia e de qualidade de vida. Os resultados da pesquisa apontam mudanças significativas no momento histórico atual dos Tabajara. Outrora se encontravam "adormecidos", mas hoje, é reconhecido nacionalmente como o segundo povo indígena paraibano, bem como, suas lideranças participam ativamente de todos os eventos que lutam e reivindicam melhorias para o seguimento indígena. Eis algumas de suas participações: Conferência Regional e Nacional de Educação Escolar Indígena; abril Indígena (2009); os movimentos em prol dos direitos indígenas; a mobilização pela revogação do Decreto nº 7.056 de 28 de dezembro de 2009. Agora, aguarda parecer da FUNAI legitimado sua etnia. Nas últimas décadas, podemos elucidar que a situação dos povos indígenas brasileiros, entre eles os Tabajara, teve significativos avanços com a promulgação da constituição cidadã de 1988, a implantação da educação indígena diferenciada, a melhoria da saúde, entre outras.
CONCLUSÃO:
No momento atual, considerando o desenvolvimento da pesquisa, a população indígena Tabajara da Paraíba, orientando-se por suas crenças, irmanou suas energias e forças buscando seus direitos através das leis para revitalização de sua história. Mobilizam-se nestes quatro anos, gestando um movimento com reuniões mensais que se estruturou da seguinte forma: O primeiro ano é denominado "ano de alianças" foi o momento de firmar parcerias e alianças com o órgão indigenista oficial e movimentos indígenas; no segundo, o "ano do povo", momento de mobilização, sensibilização, união de o povo conhecer seus direitos, enfrentar os medos e assumirem-se como indígena e o terceiro, o "ano da cultura", tempo de revitalizar suas tradições forçadamente perdida, como: o Toré, a ciranda, o artesanato e a oca. Enfim, organizados, transformam numa perspectiva emancipatória as determinantes históricas da exclusão, nas mais diversas formas que atualmente se apresentam de modo a garantir seus direitos básicos de sobrevivência como etnia indígena. Assim, a perseverança, o (re) significando de seus valores e suas crenças, (re) orienta todo seu universo antropológico, político, cultural e religioso, contribuindo para recuperação e preservação da memória Tabajara.
Palavras-chave: exclusão , crença, povo tabajara.