62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
RISCO DE INFECÇÃO RELACIONADO A SONDAGEM VESICAL DE DEMORA: CONHECIMENTO E CONDUTA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Quinidia Lúcia D. de Almeida Quithé de Vasconcelos 1
Patrícia de Cássia Bezerra Fonseca 1
Isabelle Katherinne Fernandes Costa 1
Rosana Kelly da Silva Medeiros 1
Thalyne Yuri Araujo Farias Dias 1
Gilson de Vasconcelos Torres 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:
As infecções urinárias são normalmente associadas ao uso de cateter ou sonda vesical de demora (SVD), e seu uso tem sido bastante discutido na comunidade médica por se tratar de um dispositivo invasivo e que, dependendo dos critérios de inserção e de manutenção em seu uso, quase sempre levam à infecção do trato urinário. (FERNANDES, 2000; STAMM, 2006; PRATT, 2007). Após o manuseio do trato urinário, com a sonda vesical de demora (SVD), a bacteriúria (presença de bactérias na urina) é a complicação mais freqüente. Esta realidade faz com que exista a necessidade de haver capacitação contínua do profissional executor, pois a falha na técnica correta poderá levar o paciente a adquirir ITU (LIMA, 2007; SOUZA, 2007). As infecções urinárias ao acometerem o usuário do sistema de saúde, quando curadas, podem deixar seqüelas, principalmente no tocante a traumas relacionados ao procedimento de inserção, bem como em decorrência do manuseio inadequado do sistema enquanto seu uso. (LIMA, 2007). Sabendo que o enfermeiro é o executor deste procedimento e o responsável pela sua manutenção, esse estudo tem como objetivo analisar a associação do conhecimento e condutas de inserção e manutenção da sonda vesical de demora pelos profissionais de enfermagem na ocorrência de infecção do trato urinário.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa e observacional não participante, realizado por 42 profissionais da equipe de enfermagem, sendo cinco (5) enfermeiros e 37 técnicos de enfermagem na UTI de um hospital universitário em Natal/RN após obter parecer favorável do Comitê de Ética HUOL/UFRN (nº 279/09). A coleta de dados foi realizada através de dois instrumentos, o primeiro utilizado na observação de procedimentos de inserção e de manipulação da Sonda Vesical de Demora (SVD) e o segundo, com a aplicação de um questionário que abordou dados de caracterização dos pesquisados, conhecimentos e conduta na inserção e manipulação da SVD. Os resultados foram tabulados no Excel e analisados através do programa estatístico SPSS, versão 15.0.
RESULTADOS:
Encontramos a predominância de funcionários com vínculo institucional terceirizado - IEL e FUNPEC - (64,3%), do sexo feminino (69,0%), na faixa etária de 21 a 35 anos (59,5%) e com nível médio de escolaridade (88,1%). Quanto aos conhecimentos, verificamos que os enfermeiros apresentaram nível de bom a ótimo e os técnicos de enfermagem, de regular a ruim. Os enfermeiros erraram mais na escolha da SVD (40,0%) e na lavagem das mãos (30,0%) e os técnicos, na lavagem das mãos (74,4%) e no conteúdo da bandeja (34,7%). Em relação às condutas de inserção da SVD, os enfermeiros erraram mais na escolha da SVD (66,7%) e na lavagem das mãos (57,1%). Em relação à manipulação da SVD/sistema de drenagem, os técnicos erraram mais ao lavar as mãos (56,0%). Ao analisarmos as condutas inadequadas com a categorização do conhecimento, vimos que os técnicos de enfermagem que erraram mais apresentaram conhecimentos inadequados (ρ = 0,001).
CONCLUSÃO:
Vimos que o risco de um paciente adquirir ITU está maior em duas vezes e meia quando ocorre um número grande de inadequações, paciente passa mais tempo usando a SVD e internado na UTI. Dessa forma, torna-se importante utilizar critérios restritos quanto à indicação do uso deste dispositivo, e quando necessário, inserir e mantê-lo de forma adequada, deixá-lo por um tempo restrito, removendo-o em tempo mais precoce possível, assim que existirem condições clínicas para sua retirada. Cabe a nós profissionais de saúde administrar o uso de cateteres vesicais de demora, especialmente em pacientes que necessitam de cuidados intensivos, de tal maneira que possa assegurar ao paciente a melhora ou resolutividade de sua patologia de base, minimizando os riscos do surgimento de complicações infecciosas secundárias, possíveis de serem evitadas.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Infecção urinária, Cateter vesical, Assistência de Enfermagem.