62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO: UM CAMINHO POSSÍVEL PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO RIO GRANDE DO NORTE
Iapony Rodrigues Galvão 1
Rejane Millions Viana Meneses 2
Igor Rodrigues Galvão 3
Rafaele Carla de Araújo Maia 5
Iapony Gomes Galvão 6
Renata Melo Maroto 4
1. Mestrando em Geografia/Programa de Pós-Graduação e pesquisa em Geografia/UFRN
2. Professora do Departamento de Enfermagem/UFRN (Orientadora da pesquisa)
3. Graduando em Biologia/Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia da UFRN
4. Mestre em Enfermagem/UFRN
5. Graduanda em Enfermagem/UFRN
6. Graduando em Gestão Pública/ Universidade Potiguar (UnP)
INTRODUÇÃO:

Os Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) ocupam a segunda posição entre mortes de causas externas no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, o impacto econômico da violência no trânsito em rodovias representou 1,2% do PIB do país, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. E tais números também são visualizados no estado do Rio Grande do Norte, onde os acidentes de trânsito registraram crescimento de mais de 32% desde 2005, segundo a Secretária Estadual de Justiça e Cidadania. As conseqüências são elevadas para a sociedade, gerando interrupção temporária ou definitiva das atividades dos acidentados, cuidados em saúde, perda de produção, reparos nos veículos acidentados, danos à propriedade privada e pública, além de seqüelas invisíveis dos acidentes de trânsito, representando, assim, um problema de saúde pública. A educação para o trânsito, através de projetos e ações educativas direcionadas a prevenção de acidentes são importantes para a minimização deste quadro, contribuindo para uma redução no número de vítimas. Assim, o presente estudo objetiva, através dos resultados obtidos pela presente pesquisa, lançar bases para uma proposta que contemple uma ampla política de educação para o trânsito para o Rio Grande do Norte e para nosso país.

METODOLOGIA:

O Projeto de pesquisa foi previamente submetido ao Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL/UFRN), respeitando a Resolução 196/96 por se tratar de um estudo que envolve seres humanos. A participação dos pesquisados foi de forma voluntária, com a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que caso tivessem o desejo de desistir da pesquisa ou abster-se a responder qualquer pergunta que lhe causasse algum tipo de constrangimento, eles teriam o direito sem prejuízo algum. O estudo é caracterizado exploratório quantitativo e qualitativo, sendo realizando em duas grandes etapas, onde, inicialmente foi realizada uma coleta de dados com os pacientes acidentados do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) em Natal-RN, através de formulários e entrevistas semi-estruturadas com 70 pessoas, de ambos os sexos, maiores de 18 anos e vítimas de acidentes de trânsito. Nesta etapa, foram reconhecidos os aspectos sociais, culturais e econômicos das vítimas e de seus familiares, no intuito de traçar seus perfis. E numa segunda etapa, utilizando os dados da pesquisa realizada no hospital, associado a dados estatísticos de acidentes de trânsito no Rio Grande do Norte, buscou-se descobrir se havia programas ou ações específicas de educação para o trânsito nos municípios de origem dos acidentados, aprofundando as discussões e considerações sobre a educação para o trânsito e sua relação direta com a redução no número de acidentes e vítimas.

RESULTADOS:

Após a coleta de dados realizada entre os meses de setembro a dezembro de 2009, no HMWG, constatou-se que 89% dos entrevistados são do sexo masculino, 57% eram casados, e 62% eram responsáveis pela renda familiar, demonstrando o prejuízo financeiro e social dos acidentes de trânsito. Sobre os aspectos diretamente ligados ao trânsito, foi constatado que 74% dos entrevistados eram motoristas e 71% dos pacientes já dirigiam antes da obtenção da habilitação. Aprofundando ainda mais tais dados, notou-se que 32% dos pesquisados não possuíam habilitação, 56% não usavam equipamentos de proteção no momento do acidente, 39% afirmaram que poderia haver indivíduos que utilizaram bebidas ou outros tipos de entorpecentes e 48% não fizeram auto-escola. Ao pesquisar a origem dos pesquisados, notou-se que 39% dos motoristas eram originários de Natal e 61% eram originários do interior do estado. E sobre as políticas de prevenção a acidentes de trânsito, notou-se que apenas Natal, a capital do estado, e as cidades de Mossoró e Parnamirim, faziam estes tipos de ações e tais municípios corresponderam a apenas 42% do total de vítimas entrevistadas, chamando atenção para uma maior fiscalização e prevenção de acidentes, tendo a educação para o trânsito como importante instrumento para tais ações.

CONCLUSÃO:

Os acidentes de trânsito se transformaram num dos problemas mais graves enfrentados pela população potiguar e brasileira.  São perceptíveis as dificuldades para a solução do problema, pelo fato de boa parte das cidades brasileiras não possuir informações e estatísticas mais detalhadas e há notável precariedade nos programas de educação para o trânsito. No Rio Grande do Norte, apenas as três maiores cidades possuem departamentos específicos de educação para o trânsito. Além disso, dados obtidos pela presente pesquisa, como os altos índices de motoristas que não possuíam habilitação ou não fizeram auto-escola, demonstram a urgente necessidade de uma política abrangente de educação para o trânsito, onde o estado amplie a sua responsabilidade na condição de fomentador de políticas voltadas para a área de trânsito, pois o que se detectou em todo o decorrer da pesquisa foi exatamente a falta de uma formação técnica e educacional por parte dos acidentados principalmente na condição de condutor e, secundariamente, na condição de pedestre. Deste modo, é necessário levantar, de forma mais criteriosa, a partir de diagnósticos apontados por pesquisas como esta, possíveis soluções que evitem a ocorrência de vítimas no trânsito do Rio Grande do Norte e de nosso país.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais(REUNI)
Palavras-chave: Educação para o trânsito, Acidentes de Trânsito, Políticas Públicas em Saúde.