62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
PORTIFÓLIO: UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Keila Cruz Moreira 1
Marcos Antônio da Silva 1
1. Instituto federal do Rio Grande do Norte/ IFRN
INTRODUÇÃO:

O objetivo da pesquisa foi buscar através do uso do Portifólio uma metodologia que favorecesse a aprendizagem do aluno do curso de Zootecnia do Instituto Federal do Rio Grande do Norte - Campus Apodi, sob a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Logo no primeiro momento já tínhamos claro que jovens e adultos aprendem de forma diferente a diferentes tarefas cognitivas, que possuem especificidades biológicas e culturais, e que aprender com a concorrência da necessidade de trabalhar, cuidar da família, vencer o tempo longe da escola com suas diversas lacunas na aprendizagem, são desafios não só aos alunos, mas a nós professores desta modalidade de ensino que precisamos nos aprofundar nos estudos da andragogia para vencer também os nossos preconceitos quanto a aprendizagem deste alunos. Neste sentido, nossa pesquisa teve como objetivo principal verificar se o uso do portifólio como instrumento de aprendizagem, avaliação e auto-avaliação seria uma ferramenta adequada a esta clientela. Acreditamos que os resultados favorecerão a relação teoria e prática não só para a conclusão do curso destes alunos, como também para seu êxito profissional.

METODOLOGIA:

A pesquisa desenvolveu-se numa perspectiva descritiva pela observação, registro e análise das informações colhidas nos portifólios desenvolvidos pelos alunos individualmente. Procuramos descobrir, com a precisão possível a relação e as características do modo de aprender deste aluno ingresso no curso de Zootecnia na modalidade EJA, na busca de efetivar um ensino mais adequado a esse aluno que em sua maioria é trabalhador com uma passagem precária pela escola. A proposta era de que o aluno registrasse cada aula em um caderno, expondo não só o conteúdo apreendido, como tecendo comentários a este e as suas impressões na sala de aula, tanto em relação aos colegas quanto ao professores que estivessem envolvidos em seu processo de aprendizagem. A cada quinze dias os cadernos eram recolhidos, lidos e avaliados por meio de uma ficha, previamente construída com estes alunos que inicialmente eram trinta e três e terminaram a atividade até o fim do semestre vinte e nove. O portifólio era compartilhado com dois outros colegas professores, que inferiam suas impressões e pensavam em outras possibilidades de se desenvolver o trabalho. Tudo era registrado e analisado junto aos colegas e a turma tendo como base o desenvolvimento do aluno como também os estudos da andragogia.

RESULTADOS:

Ao longo da pesquisa podemos observar que a maioria dos alunos, neste caso vinte e dois dos vinte nove alunos que concluíram, entenderam a proposta e buscavam melhorar não só a descrição dos conteúdos como também suas inferências. A proposta foi desafiante, o que a nosso ver aproxima do que defende os estudos da androgogia, pois através da discussão e da solução de problemas esta atividade favoreceu o aluno estabelecer pontes entre o que foi estudado e o que já era conhecido, ressaltando o desafio de escrever e expor tais relações. A partir das primeiras observações, que eram feitas individualmente, não só preenchendo a ficha avaliativa, mas com comentários sobre o que era escrito, foi constatado que os mesmos entenderam o erro como parte do processo de construção da aprendizagem e que havia uma preocupação em escrever melhor. Observou-se também que o uso do dicionário passou a fazer parte das aulas e da elaboração dos textos nos portifólios. A prática desta atividade favoreceu o processo de compreensão em outras atividades solicitadas, pois os estados de desequilíbrios e equilíbrios que a reflexão e escrita desta oportunizava, facilitou estabelecer elos para suprir lacunas, estruturar e organizar os conhecimentos e saberes apreendidos agora com as experiências anteriores.

CONCLUSÃO:

Nossas considerações permitem afirmar que o objetivo principal de nossa pesquisa foi alcançado dentro dos limites impostos pelo tempo com a turma, o portifólio serviu sim para estimular, desafiar os alunos do curso de Zootecnia da modalidade Educação de Jovens e Adultos a sistematizarem seus conhecimentos, estabelecerem relações com seus conhecimentos prévios e buscarem aperfeiçoarem sua forma de comunicação escrita, que mesmo ainda com dificuldades, hoje apresentam grandes avanços na busca por uma escrita mais clara e coerente, sem muitos receios em errar na tentativa do acerto. Os alunos apresentaram-se mais disponíveis a estudar acreditando um pouco mais no próprio potencial intelectual e na interação com o próprio aprender a aprender. Nós professores pesquisadores experimentamos a necessidade de sistematizar as reflexões de nossa própria prática, neste caso, por meio do portifólio.  Através das leituras e escrita das observações aos portifólios dos alunos, fazíamos as nossas próprias análises quanto ao processo de ensino e as aprendizagens visualizadas neste instrumento.

Palavras-chave: portifólio, ensino e aprendizagem, andragogia.