62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
A EDUCAÇÃO COMO EXPRESSÃO DO CORPO QUE DANÇA
Thays Anyelle Macêdo da Silva 1
Rosie Marie Nascimento Medeiros 1
1. Departamento de Educação Física- UFRN
INTRODUÇÃO:
Na pesquisa pensamos a dança e sua expressão no corpo enquanto fonte educativa. Partindo desta reflexão, o estudo apresenta como objetivos descrever e refletir sobre o ensino da dança dirigido a crianças e adolescentes de um projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Projeto Nova Descoberta, evidenciando que dança é educação. Acreditamos que a educação acontece em vários espaços e não somente nos espaços formais como a sala de aula, a escola, as universidades, mas também no espaço da arte e da cultura. Reconhecemos que é uma tarefa da educação a inserção do indivíduo no mundo da cultura e da arte e acreditamos que isso ocorreu no desenvolvimento deste estudo. Partindo deste contexto investigamos o significado da dança para os participantes do projeto, considerando a fase inicial e final da vivência. A pesquisa descreve a organização do trabalho com a dança e os seus resultados, abre diálogos possíveis da dança com a educação, à área da Educação Física, e no contexto educativo de projetos sociais, recheando a possibilidade de pensarmos a dança no desenvolvimento individual e social.
METODOLOGIA:
Com a pretensão de encontrar um percurso metodológico que viabilizasse o encontro com os objetivos da pesquisa nos identificamos com a atitude fenomenológica de Merleau-Ponty que consente a experiência vivida como fonte de conhecimento. Neste sentido, partimos do mundo-vivido: Projeto Nova Descoberta. Os espaços para atuação da dança no projeto foram o Ginásio do Campus da UFRN e a Escola Municipal Professora Ivonete Maciel, localizada no bairro Cidade da Esperança, todos na cidade do Natal-RN. Foi uma hora de aula por semana para cada núcleo durante oito meses. No bairro Cidade da Esperança passaram pelas aulas quarenta e cinco alunos, sendo divididos em duas turmas com vinte e um alunos com faixa etária de sete a nove anos e outra com vinte e quatro alunos com faixa etária de dez a onze anos. No Ginásio do Campus (UFRN) tivemos trinta alunos, sendo divididos por faixa etária com uma turma de dez alunos de sete a nove anos, uma outra com onze alunos de onze a dez anos e por fim uma de nove adolescentes de catorze a dezessete anos. Foi feita uma pergunta "O que é dança para você?" no primeiro dia de aula e a mesma pergunta foi feita no último dia de aula. Buscaremos as respostas pra problemática se dança é educação nas ressignificações sobre a dança e na descrição do processo.
RESULTADOS:
Investigando as respostas iniciais dos alunos identificamos que para alguns a dança era somente para mulher- "dança é coisa de boiola" -para outros a dança atua como um elemento de sedução- "danço pra conquistar as doidinhas" -elemento de agressividade- "danço nos pancadões para zoar e sair batendo" -, ou mesmo, bom para saúde, simplesmente legal, movimento pelo movimento, ou ela era somente aquele ritmo específico vivenciado em suas comunidades, ou também, não sabem ou não quiseram expressar o que significava. Comparando estes dizeres com as respostas e desenhos da fase final a afirmação que dança é educação foi provada nesta pesquisa. Eis alguns exemplos: "Dançar é legal porque você se expressa, porque é muito bom, porque têm ritmos diferentes na dança, porque espanta os males, porque tem cultura na dança" (Educanda 12 anos), "Porque tem ritmo cultural que todos devem aprender e devem ensinar aos outros sem ter preconceito com a dança, porque a dança é pra todos, pra homem e mulher, pra todos que querem aprender e ensinar" (Educando 10 anos). Nesta comparação com os dados colhidos na entrevista final e numa análise geral de todo o processo, percebemos a educação sendo expressa, afirmando que dança é educação.
CONCLUSÃO:
A educação evidenciou-se nesta pesquisa nas ressignificações sobre o dançar, reconciliação do educando com seu corpo através de uma consciência como ser corporal, na descoberta do outro e nas possibilidades desse contato que sempre proporcionará novos sentidos e novas formas de ver o mundo, como afirma a fenomenologia de Merleau-Ponty. Assim, também evidenciamos a educação na inserção dos educandos na cultura, e na experiência estética com a arte, permitindo abrir-se para várias significações e experiências no corpo. Mediante a esta experiência podemos refletir mais sobre o papel da dança em instituições educacionais como projetos sociais que precisam ser mais discutidos e vivenciados pelos profissionais da educação física, mas, também se abre com esta pesquisa uma reflexão sobre dança na escola como fenômeno artístico, expressivo, comunicativo, humano, ou seja, com características educativas.
Palavras-chave: Dança, Educação, Projeto Social.