62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO NA PERCEPÇÃO VISUAL DE CONTRASTE PARA GRADES RADIAIS
Cibele Siebra Soares 1
Maria José Nunes Gadelha 1
Michael Jackson Oliveira de Andrade 1
Rosália Carmen de Lima Freire 1
Olívia Dayse Leite Ferreira 1
Natanael Antonio dos Santos 2
1. Lab. Percepção, Neurociências e Comportamento, Universidade Federal da Paraíba
2. Prof. Dr./Orientador - Lab. Percepção, Neurociências e Comportamento, UFPB
INTRODUÇÃO:
O sistema nervoso central (SNC) sofre intensas mudanças funcionais, estruturais e cognitivas com o aumento da idade. Naturalmente, o sistema visual (SV), responsável por atividades tão complexas como a percepção visual, também sofre alterações decorrentes do processo de maturação do SNC. Neste sentido, este estudo teve como objetivo verificar alterações na percepção visual de contraste relacionadas ao desenvolvimento do SNC, utilizando para tal a Função de Sensibilidade ao Contraste (FSC). A mensuração da FSC permite detectar o limiar sensório ou a quantidade mínima de contraste que o SV precisa para detectar qualquer padrão de uma determinada frequência. Como a percepção dos detalhes dos objetos depende em grande parte da capacidade do homem em distinguir contraste, a FSC se constitui em uma das ferramentas mais completas para avaliações de estruturas ópticas e neurais da visão. Estudos psicofísicos e eletrofisiológicos em crianças de diversas faixas etárias apontam a importância da FSC na investigação do desenvolvimento da percepção visual. Estes estudos mostram que a FSC é muito pobre ao nascimento, melhorando gradativamente com o aumento da idade. No entanto, não há consenso a partir de qual idade a percepção visual da criança atinge o desempenho do adulto.
METODOLOGIA:
Participaram deste estudo 15 voluntários de ambos os sexos, com acuidade visual normal ou corrigida e livres de doenças oculares identificáveis. Estes foram distribuídos em três grupos por faixa etária: crianças - G1 (06-12 anos, N = 05); adolescentes - G2 (13-18 anos, N = 05) e adultos jovens - G3 (20-29 anos, N = 05). Os estímulos foram apresentados aleatoriamente na tela de um monitor LG de 19 polegadas, controlado por um microcomputador através de uma placa de vídeo com entrada VGA e DVI e um Bits ++ (Cambridge Research Systems, Rochester, Kent, England). O Bits ++ tem a função de ampliar a faixa de luminância de voltagem do monitor, gerando estímulos visuais com maior definição e com variações decimais de contraste. Foram utilizados os estímulos do tipo grade senoidal radial de freqüências 0,25; 1,0; 2,0 e 8,0 ciclos por grau de ângulo visual (cpg). As medidas de sensibilidade ao contraste foram obtidas binocularmente, à distância de 150 cm e através do método psicofísico da escolha forçada. Neste método, o participante deveria escolher qual, dentre dois estímulo, continha a freqüência teste (0,25; 1,0; 2,0 ou 8,0 cpg).
RESULTADOS:
Ao fim de cada sessão experimental, o computador emitiu uma folha de resposta contendo os valores de máximos e mínimos obtidos por cada participante. Esses valores foram agrupados em planilhas de acordo com as freqüências espaciais e com os grupos (G1, G2 e G3). Os valores da grande média foram utilizados como estimativa da sensibilidade ao contraste para cada freqüência radial. De acordo com os resultados, a máxima sensibilidade, para todos os grupos, ocorreu na frequência de 1 cpg, onde as crianças (G1) foram menos sensíveis do que os adolescentes (G2) e os adultos jovens (G3) em todas as freqüências testadas (0,25; 1,0; 2,0 e 8,0 cpg). A ANOVA para medidas repetidas mostrou diferenças significantes entre os grupos [F(8, 348) = 8,14; p < 0,05]. As análises com o teste post-hoc Tukey HSD mostraram diferenças significantes entre G1 e G2 nas frequências de 1,0 e 2,0 cpg. Já nas comparações entre G1 e G3, o teste post-hoc Tukey HSD revelou diferenças significantes nas freqüências de 0,25; 1,0 e 2,0 cpg. Não foi encontrada diferença entre a FSC de G2 e G3. Assim, pode-se perceber, corroborando com a literatura, um aumento na sensibilidade ao contraste relacionado ao desenvolvimento.
CONCLUSÃO:
A proposta deste estudo foi caracterizar a resposta do sistema visual de crianças, adolescentes e adultos jovens para grades radiais e, assim, verificar possíveis modificações na percepção visual da forma no decorrer do desenvolvimento. Neste contexto, os resultados sugerem que o perfil da FSC das crianças (G1) melhora com a idade, atingindo desempenho do adulto (G3) ainda durante a adolescência (G2).
Palavras-chave: Percepção Visual , Desenvolvimento, Sensibilidade ao Contraste.