62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 5. Informática na Educação
O USO ÉTICO DA INTERNET: O QUE A ESCOLA PODE FAZER PARA COMBATER OS CRIMES DIGITAIS?
Mariane de Queiroz Aureliano 1
Carolina Soares Ramos 1
Denise Costa da Silva 1
Ianne Maria Lima de Souza 1
Isabelle Maria Lima de Souza 1
Maria do Rosário Gomes Germano 1
1. Universidade Estadual da Paraíba
INTRODUÇÃO:
Os avanços da tecnologia e o aparecimento da internet trouxeram preocupações em relação a sua utilização no âmbito social. Sabe-se que as pessoas estão cada vez mais ligadas a redes sociais como Orkut, MSN, blogs, facebook entre outros, incorporando ao seu cotidiano hábitos que ainda encontram-se desnorteados devido à falta de delimitação clara sobre os valores que devem reger o uso ético pelos alunos no mundo virtual. Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo realizado no Componente Curricular Prática Pedagógica do Ensino da Computação V do curso de Licenciatura em Computação da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB sobre o uso ético da internet dentro e fora da escola. Está discussão torna-se relevante tendo em vista os freqüentes "crimes digitais", tais como: plágio de trabalhos escolares, pirataria, assédio sexual, entre outros. Estas atitudes são muitas vezes cometidas inconscientemente. Observa-se, assim, por estudos realizados, que uma considerável parcela dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, não possuem acesso às informações relacionadas ao uso ético e legal das ferramentas digitais que, por sua vez, acabam cometendo ou até mesmo sendo vítimas de atos dessa natureza.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória de natureza quanti-qualitativa, realizada com vinte estudantes da cidade de Campina Grande - PB, destes, dez da Rede Estadual de Ensino e dez da Rede Particular. Estes alunos cursam o Ensino Fundamental e Médio no turno da tarde. Os alunos das escolas públicas residem em bairros da periferia e os da particular em zonas centrais. Porém, sabe-se que o acesso a rede de computadores mundiais ocupa todos os espaços. Aplicou-se um questionário com doze questões com o intuito de levantar dados sobre o uso ético da internet dentro e fora da escola bem como sobre o processo de inclusão digital de jovens. As questões abordam aspectos referentes a disponibilidade de computadores residencial dos alunos, as finalidades de uso dos computadores, a freqüência com que utilizam, se possuem cursos de informática básica, acesso a internet, uso de e-mail, com que freqüência acessam a internet, a utilização de sites de relacionamento, o conhecimento sobre crime digital (pirataria, vírus, cassinos online, pedofilia, entre outros).
RESULTADOS:
Comparando-se os dois universos pesquisados obtivemos os seguintes resultados: das disciplinas que obtiveram índices de maior dificuldade foram Matemática e Geografia com os alunos da escola particular e Matemática e Ciências nos alunos da escola pública. Todos os alunos da escola privada possuem computador em casa, porém apenas 50% dos alunos das escolas públicas o possuem. A finalidade do lazer para o uso do computador foi a mais citada por todos os alunos, seguindo de pesquisa e trabalho. 80% dos alunos da escola particular usam o computador e a internet diariamente, porém todos possuem email e frequentam sites de relacionamento, enquanto os alunos da escola pública, 60% o utilizam diariamente, juntamente com a internet, mas 100% possuem email e participam de sites de relacionamento. Ao questionar-se sobre cursos de informática, 70% dos alunos de ambos as redes, realizaram algum tipo de formação básica em informática. Sobre crimes digitais, 90% dos alunos das duas redes de ensino afirmam saber do que se trata e consideraram que o envio de fotos de crianças nuas é o que mais caracteriza o crime digital. Em relação a pirataria em CDs e DVDs 70% dos alunos da escola particular admitem ser a favor, em contraste com os 30% dos alunos da escola pública que disseram não ser a favor.
CONCLUSÃO:
Os dados da pesquisa revelam a deficiência de estudos sobre crime digital e a necessidade de implantação de uma política de conscientização nas escolas de todos os níveis de ensino, para que possa haver uma disseminação colaborativa entre escola e sociedade sobre os modos de proteção e os perigos que o uso da internet pode causar, caso seja utilizado de maneira desenfreada e sem orientação. Observa-se a partir dos dados analisados que os jovens estão inseridos no mundo digital, mesmo os que não possuem computador em sua residência, estes têm acesso a rede, porém não revelam ter segurança sobre os limites e as consequências dos seus atos. Constata-se também que não adianta colocar o computador na sala de aula e não ensinar a usá-lo de maneira segura. Os incidentes que vem ocorrendo nas escolas ou que envolvem os jovens e a internet demonstram que há um completo desconhecimento sobre as leis vigentes e a sua aplicação também no mundo virtual. Nesse contexto, é preciso que a escola crie espaços de reflexão sobre o que é ético, o que é legal, o que precisam fazer para evitar e alertar os jovens de que algumas situações e posturas não éticas na internet podem trazer consequências até para seus familiares ou responsáveis legais.
Palavras-chave: Crimes Digitais, Ética na Internet, Educação.