62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 3. Engenharia Agrícola
percepção ambiental NA RURALIDADE DO SEMI-ÁRIDO, ESTUDO JUNTO AOS moradores de comunidades rurais De Ibimirim - PE
Aline Siqueira Tavares de lima 1
Cleber Gomes de Albuquerque 1
Natália de Souza Cavalcanti 1
Marylin Farias 1
Yenê Medeiros Paz 1
Soraya El-Deir 1, 2
1. UFRPE
2. Orientadora
INTRODUÇÃO:

A percepção ambiental pode ser definida como o ato de perceber o ambiente, desenvolvendo um olhar crítico sobre os problemas deste e tendo a consciência de protegê-lo e cuidá-lo. O grau de percepção ambiental diferencia-se de um individuo para o outro, pois esse diz respeito aos processos de integração e relação da sociedade com meio ambiente, seus aspectos históricos, geográficos, culturais, políticos, econômicos e suas estratégias de sobrevivência e uso da biodiversidade. O presente estudo pretende conhecer o nível de percepção dos problemas ambientais globais e locais da comunidade rural de Poço da Cruz (Ibimirim), semi-árido pernambucano. Este estudo poderá proporcionar o delineamento de um perfil norteador para o desenvolvimento de projetos futuros ligados à temática estudada e suas vertentes, principalmente na área de educação ambiental. A importância dessa ferramenta para a transmissão de conhecimento nas comunidades rurais buscando a melhoria da qualidade ambiental destes espaços está focado no processo de empoderamento destes atores e na ampliação de uma visão mais crítica a respeito do espaço em que vivem e das práticas que ali tem lugar.

METODOLOGIA:

A pesquisa consistiu no levantamento, processamento e análise de dados primários. O levantamento de dados primários ocorreu com a aplicação de 51 e 49 questionários em janeiro de 2008 e dezembro de 2009, respectivamente, através de diálogos informais com os moradores e observação in locu realizado na comunidade de Poço do Boi em Ibimirim/PE. Os questionários foram aplicados pelos integrantes, discentes e docentes, do Grupo de Gestão Ambiental em Pernambuco (Gampe) do Departamento de Tecnologia Rural/ UFRPE. As perguntas dos questionários foram direcionadas enfocando a percepção ambiental dos entrevistados, buscando informes sobre os principais problemas ambientais locais e globais, e suas respectivas causas, através de questões abertas e fechadas, objetivas e subjetivas. Quando os entrevistados forneciam uma resposta incoerente com a pergunta, foi considerado que não soube responder. Também foram consideradas respostas múltiplas quando haviam mais de uma resposta para uma pergunta. As perguntas abertas foram plotadas através da incidência percentual das respostas. No processamento dos dados, fez-se necessário o uso do software Microsoft Excel para a plotagem e realização de análises estatísticas.

RESULTADOS:

Mais de 70% dos entrevistados eram mulheres com mais de 40 anos. Os principais Problemas Ambientais Globais (PAG) identificados em 2008 e 2009 foram desmatamento (14,3%, 41,2%); poluição (14,3%, 5,9%); pobreza, enchente, violência, lixo, falta de saneamento e falta de água (14,3%, 25,5%); sendo que muitos (63,3%, 37,3%) não souberam responder. As causas desses PAG foram a falta de consciência e responsabilidade (14,3%, 21,6%); atividades atreladas a sobrevivência do homem (6,1%, 17,6%); falta de saneamento, calor/sol, entupimento de esgoto, prefeitura,castigo divino (6,1%, 7,8%); ao passo que a maioria não soube responder (75,5% e 52,9%). Os Problemas Ambientais Locais (PAL) foram mais facilmente identificados pela comunidade, poucos (14,3%, 17,6%) não souberam responder. Lixo (63,3%, 39,2%) e falta de esgotamento (55,1%, 33,3%) apareceram como as principais causas locais, seguidas de animais soltos (20,4%, 37,3%); insetos (14,3%, 23,5%); mal cheiro e poeira (12,2%, 19.6%); calor, ratos, qualidade da água, casas de taipa, falta de calçamento e desmatamento (37,2%, 49,0%). As causas dos PAL são a ausência da prefeitura (10,2%, 33.3%); o lixo (10,2%, 23,5%); os animais (23,5%); a falta de esgotamento (16,3%, 13,7%); moradores, liderança local e descuido (0,0%, 6,0%).

CONCLUSÃO:

Evidenciando que a maioria não associa esses com a palavra 'meio ambiente' e sim com a 'natureza'; além de desconhecer a definição e a diferença entre o meio ambiente natural e o construído. Quanto aos problemas ambientais, notou-se claramente uma dificuldade em perceber a existência desses e, quando os percebem não sabem identificar suas causas; Alguns também não conseguem distingui-los das causas, não sabendo estabelecer a relação de efeito/causa, remetendo à falta de consciência que as atitudes do homem tem influência, direta ou indireta, na qualidade do meio ambiente e, conseqüentemente no bem-estar humano. Outro fato observado foi à limitação quanto aos problemas globais, não tendo aos moradores a visão macro do ambiente. Além de confundirem ou não saberem a diferença de problemas ambiental do social, visto que muitos citaram a violência e a pobreza como tal. É notável o déficit no nível de percepção ambiental dos comunitários, mesmo sendo observada uma pequena melhoria em 2009, o que corrobora a necessidade da realização deste estudo nas comunidades rurais e a importância do desenvolvimento de atividades na área de educação ambiental. Contribuindo, dessa forma, no despertar de uma maior responsabilidade e respeito dos moradores em relação ao meio ambiente local e global.

Instituição de Fomento: Ministério de Ciência e Tecnologia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnlógico - CNPq, UFRPE
Palavras-chave: Semi-árido pernambucano, Meio Ambiente, Problemas ambientais.