62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE ÁGUAS CONTAMINADAS COM ÓLEO LUBRIFICANTE QUEIMADO PARA AUTOMÓVEIS: SOBRE SEMENTES DE Lactuca sativa
Jaísa Marília dos Santos Mendonça 2, 1
Guilherme Fulgêncio de Medeiros 1
1. Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFRN
2. Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia
INTRODUÇÃO:

Os óleos queimados de base mineral não são biodegradáveis e podem ocasionar sérios problemas ambientais quando derramados involuntariamente ou descartados inadequadamente. Quando liberados no solo sem qualquer tratamento, o óleo pode ser carreado ou infiltrado, podendo contaminar além do solo, os corpos d'água subterrâneos e superficiais.

A toxicidade aquática através de testes ecotoxicológicos realizados em laboratório pode representar o efeito de substâncias sobre os seres vivos. Como os óleos lubrificantes são muito usados no atual cenário histórico-cultural, é importante que se possa estimar os seus efeitos sobre os seres aquáticos.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a a ação de águas contaminadas com óleo lubrificante queimado sobre a germinação e o crescimento das raízes do alface Lactuca sativa.

METODOLOGIA:

O óleo queimado foi obtido de um automóvel comum, após ser utilizado durante o período indicado pelo fabricante. Antes do teste o óleo foi agitado em água de diluição por 24h, na proporção de 1:9, onde foi então filtrado com gaze para retirada da borra superficial. A solução final foi diluída para utilização nos testes em concentrações de 6,25, 12,5, 25, 50, 100%. Uma solução controle (0%) foi realizada em cada teste.

Para a realização dos testes, em um total de 4, 20 sementes de Lactuca sativa foram dispostas sobre uma folha de papel filtro esterilizada a 100°C, colocada dentro de placas de petri, uniformemente, com três réplicas em cada concentração. O papel filtro foi então umedecido com as diferentes respectivas concentrações para cada placa. Foram realizados quatro testes com duração de 120h. Ao final foi observado possíveis efeitos sobre a germinação e o crescimento das raízes da espécie Lactuca sativa. As sementes foram consideradas germinadas quando apresentaram no mínimo 2 mm de protrusão da radícula.

Os resultados foram analisados estatisticamente com auxílio dos programas SigmaStat 3.5 e Statistca 7.1.

RESULTADOS:

O óleo apresentou toxicidade para o crescimento das raízes de L. sativa apenas nas concentrações de 25%, 50% e 100%, tendo nas de 6,25% e 12,5% um efeito contrário, permitindo um crescimento das raízes maior que as do controle, através do teste estatístico ANOVA one way, seguido do post-hoc Dunnet's. Carlson et al (1991) observou um aumento no crescimento das raízes de L. sativa quando expostas a baixas concentrações do íon metálico Vanadium, apresentando inibição de até 67% em concentrações maiores a outros íons. Entretanto, as taxas de germinação observadas não foram uniformes, não apresentando um padrão tóxico, mostrando que este parâmetro não é um bom indicador de toxicidade aquática utilizando a Lactuca sativa. Labre et al (2000), encontrou um aumento na taxa de germinação nas suas concentrações mais baixas de surfactantes enquanto as mais altas foram inibitórias à germinação. Millioli et al (2007), também encontrou um aumento da taxa de germinação nas concentrações mais baixas testando um surfactante.

CONCLUSÃO:

O óleo queimado mostrou toxicidade ao inibir o crescimento das raízes do alface L. sativa. A ação do óleo queimado sobre a taxa de germinação das sementes de L. sativa não ficou bem definida.

Os resultados afirmaram o perigo do descarte inadequado dos óleos lubrificantes queimados, prática muito comum, principalmente em cidades de pequeno porte.
Palavras-chave: Ecotoxicologia aquática, Latuca sativa, Óleo lubrificante queimado .