62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
ESTUDO DA PREVALÊNCIA E SUSCEPTIBILIDADE ANTIBACTERIANA DE INFECÇÕES CAUSADAS POR Pseudomonas aeruginosa REALIZADO EM UM HOSPITAL NA CIDADE DO NATAL-RN
Érika Galvão de Lima 1
Ermeton Duarte do Nascimento 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Prof. MSc. /Orientador - Depto. de Microbiologia e Parasitologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A Pseudomonas aeruginosa é um dos organismos mais bem adaptado descrito na literatura, graças a sua habilidade em ocupar uma variedade de nichos ambientais. Por ser um habitante comum em diversos ambientes, P. aeruginosa tem se tornado o principal patógeno humano oportunista sendo, frequentemente, encontrado colonizando pacientes no ambiente hospitalar. É a principal causa de infecções associadas aos cuidados com a saúde, incluindo pneumonia, e infecções do trato urinário, feridas, queimaduras e em septicemia. Esse microrganismo infecta principalmente indivíduos imunocomprometidos, sendo assim caracterizado como oportunista. As infecções causadas pela P. aeruginosa são de difícil controle em virtude de sua resistência intrínseca ampla e da capacidade de adquirir resistência aos antimicrobianos durante a terapia, limitando, assim, as opções de tratamento. Este trabalho teve o objetivo de verificar os sítios mais frequentemente infectados por P. aeruginosa e avaliar a prevalência de infecções hospitalares causadas por esse patógeno nos pacientes internos de um hospital privado da cidade do Natal/RN no ano de 2008, bem como, descrever o perfil de susceptibilidade das cepas isoladas aos antibacterianos mais comumente utilizados.
METODOLOGIA:
Esse estudo seccional descritivo foi realizado num hospital geral, de alta complexidade, da rede privada da cidade do Natal, não conveniado ao SUS. Esta unidade hospitalar é habilitada para atendimentos de urgência e possui unidades de internação clínica e cirúrgica. Neste estudo foram incluídos todos os isolados positivos para P. aeruginosa identificados pelo setor de microbiologia do hospital, notificados pela comissão de controle de infecção hospitalar e coletados de pacientes adultos de ambos os sexos internados tanto em unidades de internação clínica como cirúrgica durante o período analisado. As amostras foram processadas conforme o manual de procedimentos operacionais padrão do laboratório de microbiologia deste hospital e seguindo normas do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) do ano de 2008, com identificação bioquímica confirmatória realizada por meio do KIT NF II (PROBAC®) para bacilos Gram-negativos não fermentadores de glicose. O teste de susceptibilidade antimicrobiana foi realizado pelo método de disco difusão de Kirby-Bauer (1966) seguindo normas padronizadas pelo CLSI. Os halos de inibição de crescimento foram medidos e avaliados conforme os critérios especificados pelo fabricante - Diagnósticos Microbiológicos Especializados (DME®).
RESULTADOS:
No ano de 2008, foram notificadas 260 infecções hospitalares, destas, 17,7% estavam associadas a P. aeruginosa. A maioria dos isolados era proveniente de sítios como o trato urinário (34,8%), o respiratório (32,6%) e a corrente sanguínea (17,4%). Seguindo essa tendência, as infecções associadas a P. aeruginosa mais notificadas foram infecções do trato urinário, do trato respiratório e da corrente sanguínea, com 32,6%, 28,3% e 26,1%, respectivamente. Para a avaliação da susceptibilidade foi realizado o cálculo do coeficiente de susceptibilidade bacteriana (CSB) que corresponde à percentagem de cepas sensíveis a um determinado antibiótico. Ele é obtido dividindo-se o número de cepas sensíveis a determinado antibiótico pelo número total de cepas testadas para o mesmo antibiótico, esse resultado, em seguida, é multiplicado por cem. A análise do CSB revelou que os fármacos mais ativos contra P. aeruginosa foram polimixina (100%), aztreonam (89,1%), piperacilina/tazobactama (78,6%) e meropenem (73,9%). A ciprofloxacina, com 42,2%, foi uma droga com baixa atividade frente à P. aeruginosa. A susceptibilidade média às cefalosporinas (ceftazidima e cefepime), à amicacina e ao imepenem foi 65,2 + 3,8%. Para comparação dos dados descritivos utilizou-se o aplicativo Excell® for Windows 2007.
CONCLUSÃO:
A P. aeruginosa é causa importante de infecção no hospital analisado por apresentar um alto poder de colonização e difícil tratamento. Apesar da identificação de cepas com alto índice de resistência ao longo do ano, de forma geral a susceptibilidade aos antimicrobianos permaneceu num bom nível, pois o coeficiente de susceptibilidade bacteriana se apresentou acima de 50%, exceto para a ciprofloxacina. A identificação adequada desse microorganismo mostra importantes implicações na terapia antimicrobiana, no controle da infecção e, consequentemente, no tempo de internação e morbi-mortalidade do paciente.
Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa, Infecção hospitalar, Susceptibilidade.