62ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 3. Bromatologia |
Determinação de sujidades leves por flutuação em polpas de açaí congeladas |
Sonia de Paula Toledo Prado 1 Brisa Maria Fregonesi 1 Cristina Eico Yokosawa 1 Isaura Akemi Okada 1 Gisele Massafera 2 Telma Maria Braga Costa 2 |
1. Seção de Bromatologia e Química do Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Preto-SP 2. Laboratório de Análise e Tecnologia de Alimentos-Universidade de Ribeirão Preto |
INTRODUÇÃO: |
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira típica da região Norte do Brasil sendo que as maiores reservas ocorrem no estado do Pará. O açaí possui propriedades nutricionais e valor calórico elevados, pois é um alimento rico em proteínas, fibras, lipídios, vitamina E e minerais, podendo ser aproveitado, também, para a extração de antocianina. Segundo o Ministério da Agricultura a polpa da fruta é o produto obtido da parte comestível dos frutos, após trituração e/ou despolpamento e, posteriormente, preservado por processos físicos como pasteurização e congelamento. Deve ser obtida de frutas frescas, sãs, maduras, atendendo às respectivas especificações, desprovidas de terra, sujidade, parasitas e microrganismos que possam tornar o produto impróprio para o consumo. O presente estudo teve como objetivo determinar o nível de contaminação por sujidades leves presentes nas polpas de açaí congeladas comercializadas no município de Ribeirão Preto/SP, de acordo com os parâmetros estabelecidos na legislação em vigor. |
METODOLOGIA: |
Foram analisadas 30 amostras congeladas de polpa de açaí e açaí de diferentes tipos sendo 10 integrais (polpa de açaí), 17 açaí médio (Tipo B) e 3 açaí fino (Tipo C), de nove marcas existentes no mercado, sendo que para amostras da mesma marca, os lotes e prazos de validade foram distintos. As amostras foram adquiridas aleatoriamente no período de fevereiro a outubro de 2009 em supermercados e lanchonetes de Ribeirão Preto e transportadas ao laboratório em caixas isotérmicas e mantidas sob refrigeração até o início das análises. Considerou-se como unidade amostral |
RESULTADOS: |
Das amostras analisadas, 53,33% estavam em desacordo quanto aos parâmetros microscópicos, sendo 50% pela Portaria n° 326/1997 da SVS/MS e 3,33% com relação à Resolução RDC nº 175/2003 da ANVISA/MS. Apesar de apenas uma amostra ser considerada imprópria para o consumo por apresentar pelo de roedor, matéria estranha prejudicial à saúde humana, as demais amostras em desacordo com a legislação em vigor apresentaram sujidades que demonstram a existência de falhas na produção dos frutos, processamento, manipulação e comercialização das polpas, ou seja, na adoção ou manutenção das Boas Práticas de Fabricação. De acordo com Pereira et al algumas amostras de polpas de frutas congeladas comercializadas em Viçosa/MG foram classificadas como inaceitáveis para o consumo, por terem sido detectados insetos, fragmentos de insetos/larvas ou tecido vegetal. Os resultados mostraram que grande parte das amostras em desacordo continha fragmentos de insetos. Tal constatação corrobora ainda mais com a possibilidade do açaí ser contaminado com insetos diversos como, por exemplo, barbeiros que podem estar contaminados com o protozoário Trypanossoma cruzi, tornando o produto um veículo da transmissão oral da Doença de Chagas Aguda. |
CONCLUSÃO: |
Diante dos resultados obtidos alerta-se para a necessidade da implantação e fiscalização mais efetiva das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e/ou Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) na cadeia produtiva das polpas de açaí, lembrando que o produto pode ser um dos veículos da transmissão oral da Doença de Chagas Aguda, caso ele seja processado com barbeiros contaminados com o protozoário Trypanossoma cruzi. |
Palavras-chave: Polpa de açaí, Análise microscópica, Sujidades leves. |