62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS E PREDIÇÃO DE RISCO PÓS-OPERATÓRIO EM CIRURGIA CARDÍACA COM CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA
Bruna Silva Oliveira 1
Denise Macêdo Tapajós 1
Karilin Tereza Santiago de Oliveira 1
Raíssa de Oliveira Borja 1
Karla Morganna Pereira Pinto de Mendonça 1
Patrícia Angélica de Miranda Silva Nogueira 1
1. Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte / UFRN
INTRODUÇÃO:
As complicações pulmonares provenientes da cirurgia cardíaca possuem índices significativos de morbidade e mortalidade. As principais complicações são: pneumonia, traqueobronquite, atelectasia, insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica por mais de 48 horas e broncoespasmo. Nas cirurgias torácicas é esperada uma redução na capacidade vital em torno de 60 a 70%, onde a principal causa é a disfunção diafragmática pós-operatória. Isso ocorre em resposta ao procedimento cirúrgico, podendo evoluir para complicações respiratórias, as quais podem estar relacionadas com fraqueza ou fadiga dos músculos respiratórios. Dessa forma, medidas simples e objetivas de disfunção diafragmática podem ser avaliadas através das pressões respiratórias máximas, um índice essencial para o diagnóstico de fraqueza muscular respiratória. Atualmente, poucas pesquisas avaliam a disfunção muscular respiratória previamente ao ato cirúrgico e suas implicações respiratórias no pós-operatório. Portanto, este estudo tem como objetivo avaliar se os valores para as pressões respiratórias máximas abaixo do previsto podem ser preditores de complicação pulmonar pós-operatória e/ou maior permanência hospitalar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo observacional, longitudinal de coorte prospectivo. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), conforme parecer 100;07. Participaram 14 sujeitos, maiores de 18 anos, sendo 6 mulheres e 8 homens, que foram submetidos à cirurgia cardíaca eletiva com uso de CEC (Circulação extracorpórea) no HUOL e Hospital e Maternidade Promater. Os pacientes foram avaliados no pré-operatório e divididos em dois grupos (A e B). O grupo A foi composto por 5 pacientes que apresentavam Pimáx e/ou Pemáx < 75% dos valores previstos e o B por 9 pacientes que apresentavam Pimáx e Pemáx ≥75% dos valores previstos. Os dados foram analisados através do programa SPSS 15.0 atribuindo-se o nível de significância de 5%. Todos os participantes receberam e assinaram, após serem esclarecidos sobre os objetivos e procedimentos utilizados no estudo, um termo de consentimento livre e esclarecido. Foi utilizada uma ficha contendo dados referentes à identificação, história clínica e exame físico. Durante o pós-operatório, o pesquisador realizou o acompanhamento dos pacientes diariamente até a alta hospitalar a fim de documentar a ocorrência de complicações pulmonares pós-operatórias.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram diferença estatisticamente significativa, para Pimáx (p valor = 0,001) e para Pemáx (p valor = 0,004), e para o número total de dias de internação (p= 0,03) entre os grupos. A incidência de complicações pulmonares pós-operatórias foi de 20%. Foi observado que o tempo de CEC pode ter sido um fator de risco determinante para o aparecimento de complicação respiratória. Os achados demonstram evidência de fraqueza muscular respiratória, avaliada previamente à intervenção cirúrgica, naquele paciente que apresentou diagnóstico conclusivo de complicação pulmonar pós-operatória e que ao considerar isoladamente o tempo de internação hospitalar entre os grupos estudados, os indivíduos que apresentaram disfunção muscular respiratória no pré-operatório tenderam a um maior tempo de permanência hospitalar. Logo, os resultados sugerem que pacientes submetidos à cirurgia cardíaca que apresentam no pré-operatório as pressões respiratórias máximas abaixo dos valores previstos, tendem a apresentar maior incidência de complicação pulmonar pós-operatória. Estes pacientes, mesmo na ausência de diagnóstico de complicação pós-operatória, permaneceram hospitalizados por mais tempo.
CONCLUSÃO:
O reduzido número de sujeitos estudados parece ter sido a maior limitação deste estudo. No entanto, a compreensão da mecânica respiratória na predição de risco cirúrgico em cirurgia cardíaca pode ser facilitada por estudos posteriores com amostras mais representativas e que avaliem a associação entre as pressões respiratórias máximas pré e pós-operatórias em interação com outras variáveis tais como intensidade da dor, volumes e capacidades pulmonares e estado nutricional. Com base nos resultados conclui-se que a avaliação da força muscular respiratória previamente à cirurgia cardíaca pode prover informação importante e adicional a cerca do risco cirúrgico ao qual o paciente encontra-se exposto. É importante enfatizar que a identificação pré-operatória de risco aumentado, em detrimento da disfunção muscular respiratória, pode favorecer informações úteis para o melhor preparo do paciente eletivo à cirurgia cardíaca.
Palavras-chave: Cirurgia torácica, Músculos respiratórios, Complicações pós-operatórias.