62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM UMA TOPOSSEQUÊNCIA NA SERRA DE MARACAJU EM AQUIDAUANA, MS.
Minéia Moimáz 1
Bruno Jacobson 1
Norton Hayd Rêgo 2
1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
2. Prof. Dr. / Orientador - UEMS
INTRODUÇÃO:
As vegetações de encosta constituem-se no tipo vegetacional que manifesta proporcionalmente, as menores ocupações territoriais no Estado de Mato Grosso do Sul. Estas fisionomias podem apresentar componentes da vegetação na qual estão inseridas, compondo uma comunidade que é única para cada região. O estudo da composição florística é fundamental para o conhecimento da estrutura da vegetação, possibilitando informações qualitativas e quantitativas sobre a área em estudo e a tomada de decisões para o melhor manejo de cada tipo de vegetação. A serra de Maracaju, em Aquidauana, é citada pelo MMA (2002) como área prioritária para conservação da biodiversidade, sendo o morro Paxixi um de seus componentes onde se encontra melhor conservada a vegetação original, em função das características topográficas, com difícil acesso. DAMASCENO JR. et.al (2000) ressaltam a importância do estudo destas áreas, considerando sua distribuição com vocação natural para conservação, e que até aquele momento foi considerada desconhecida pela ciência. O presente trabalho teve por objetivo descrever a florística e estrutura do componente arbóreo em uma topossequência na serra de Maracaju em Aquidauana, MS.
METODOLOGIA:
O local estudado é uma vegetação de encosta do morro Paxixi na serra de Maracaju, área de contribuição da bacia do córrego Fundo, localizada dentro da Fazenda da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Aquidauana (UUA), em Aquidauana, MS. Para amostragem das árvores foi utilizado o método quadrante centrado. Todas as espécies amostradas são árvores, com PAP (perímetro altura do peito) igual ou superior a 15cm. Foram traçados dois transectos (T1 e T2) perpendiculares ao declive da encosta, distanciados em aproximadamente 394m. O T1 está na parte inferior e o T2 na parte superior da topossequência. Em cada transecto foi instalado a cada 10m um ponto. Em cada quadrante a árvore mais próxima foi marcada e seu material botânico coletado e herborizado. Foram estimados índices fitossociológicos de densidade, frequência, dominância, valor de cobertura e valor de importância (VI). Para o estudo da estrutura vertical foram mensuradas as alturas das árvores para estimar o valor fitossociológico por estrato, posição sociológica relativa (PSR) e valor de importância ampliado (VIA). A diversidade foi calculada pelo índice de Shannon-Weaver (H') e a equabilidade pelo índice de Pielou (J'). Os cálculos foram realizados pelo aplicativo Mata Nativa 2.
RESULTADOS:
Foram coletados 80 indivíduos no total distribuídos em 27 espécies, pertencentes a 19 gêneros, 13 famílias e 2 indivíduos não identificados. A família Vochysiaceae apresentou maior riqueza de espécies e maior número de indivíduos. No T1 os 40 indivíduos coletados pertencem a 15 espécies, 11 gêneros e 9 famílias. No T2 os 40 indivíduos coletados pertencem a 22 espécies, 17 gêneros e 11 famílias. Os índices de diversidade H' no T1 e T2 foram 2,53 e 2,9 respectivamente. Os índices de equabilidade J' foram 0,93 e 0,94. São considerados valores altos quando comparados aos estimados por CAMPOS, 2007 e PINTO, 1999 que foram de 0,70 e 0,87. A espécie Callisthene fasciculata, apresentou nos dois transectos maior VI e VIA. Os maiores valores de densidade relativa foram observados igualmente nas espécies C. fasciculata, Dilodendron bipinnatum e Lafoensia pacari. A espécie C. fasciculata apresentou também maior freqüência, dominância e valor de cobertura devido à grande ocorrência da espécie no local, apresentando maior porte em relação às demais. A espécie com maior PSR no T1 foi Qualea parviflora enquanto que no T2 foi C. fasciculata. O índice de similaridade de Jaccard mostrou uma similaridade entre os transectos de 37%, indicando que há certa homogeneidade na área amostrada.
CONCLUSÃO:
Os resultados apresentados mostraram variações relevantes entre os transectos, relativas à composição florística e estrutura da vegetação. Na parte superior da topossequência a diversidade entre as espécies é maior e os indivíduos apresentaram maior porte. Essa variação pode estar relacionada com a profundidade e os atributos químicos do solo. Assim, estudos futuros nesse fragmento da serra de Maracaju, poderão abranger análises de solo nos transectos T1 e T2, tendo em vista a interrelação dos resultados dessas análises com os dados de florística e estrutura do componente arbóreo.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
Palavras-chave: Florística e Estrutura, Topossequência, Serra de Maracaju.