62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
ESPÉCIES LENHOSAS NATIVAS DA VEGETAÇÃO CILIAR DO RIO PAJEÚ: LEVANTAMENTO PARA FUTUROS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO
Tatiane Gomes Calaça Menezes 1
André Laurênio de Melo 1
Alane da Silva Melo 2
Dynairan Diniz Novaes 2
Taciana Keila dos Anjos Ramalho 2
1. Depto. de Botânica da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE-UAST
2. Univ. Federal Rural de Pernambuco;Unid. Acadêmica de Serra Talhada/UFRPE-UAST
INTRODUÇÃO:
As chamadas matas ciliares situadas ao longo das margens de corpos d'água e rios recebem diferentes denominações, como florestas ripárias, mata de galeria e vegetação ciliar. Essas formações vegetacionais ocorrem às margens dos rios e dependem de características climáticas, geológicas, geomorfólogicas, edáficas, hidrológicas, locais e regionais (NASCIMENTO, 2001). As florestas ripárias caracterizam-se por sua grande importância em termos ecológicos para a manutenção dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados aos cursos d'água. Além disso, destacam-se pela proteção de mananciais, pelo anteparo aos detritos carreados pelas enxurradas, diminuindo impactos sobre a vida aquática, pelo abastecimento do lençol freático, entre outros. Além disso, diversos autores, entre eles VAN DEN BERG & OLIVEIRA-FILHO (2000) e NASCIMENTO (2003), afirmam que esta vegetação cria condições favoráveis para a manutenção do fluxo gênico (permuta genética) entre as populações. Diante do que foi exposto, este trabalho objetiva realizar o levantamento das espécies lenhosas de um trecho da vegetação às margens do rio Pajeú em Pernambuco, visando identificar potenciais elementos para a recuperação da mata ciliar.
METODOLOGIA:
Foram amostradas duas áreas às margens do rio Pajeú em Pernambuco, uma no município de Serra Talhada e outra em Floresta. As áreas situam-se em propriedades privadas e são as melhores preservadas da região. Os agricultores usam a vegetação ciliar como forragem para o gado, mas não a corta. O clima da região é, segundo Köppen, do tipo BSw'h', quente semiárido, com estação chuvosa atrasada para o outono. As chuvas atingem 600 a 700 mm anuais, sendo que o período seco é de sete a oito meses e a temperatura média é de 26° C. Entre setembro/2009 a fevereiro/2010 foi realizada uma excursão mensal as áreas de estudo para coleta de material. Seguindo-se os métodos usuais em taxonomia vegetal (MORI ET. AL 1989), foram coletadas, com o auxílio de tesoura de poda, todas as espécies lenhosas em fase reprodutiva nas áreas de estudo. Espécies consideradas exóticas ou subespontâneas foram excluídas do levantamento. As amostras foram prensadas e levadas à estufa para secagem. Foram anotados, data, localidade e ambiente da coleta, e ainda informações que poderiam ser perdidas na dessecação (coloração, odores, etc.), hábito e altura. Os táxons foram identificados por literatura especializada. Todas as coleções serão depositadas no herbário Prof. Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) da UFRPE.
RESULTADOS:
Até o momento, foram identificadas 11 famílias e 16 espécies. Dentre estas espécies, nove tinham hábito arbóreo e sete eram arbustos. São elas: Tabebuia sp.(Caraibeira); Licania rigida Benth.(Oiticica); Celtis sp.(Juá-mirim); Combretum sp.; Vitex sp.(Salgueiro); Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.(Ingazeira); Bauhinia forficata Link (Pé-de-cabra); Mimosa sp.(Calumbi); Geoffroea spinosa Jacq. (Marizeiro); Erythrina velutina Willd.(Mulungu); Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby(Canafístula); Triplaris gardneriana Wedd.(Pajeuzeiro); Ziziphus joazeiro Mart.(Juazeiro); Tocoyena formosa K. Schum. (Jenipapo-bravo); Sapindus saponaria L.(Saboneteira); Nicotiana glauca Graham (Oliveira). De todas as espécies, oito estavam localizadas em áreas que ficam alagadas por um período ou o ano todo, a uma distancia de até 20 metros da margem do rio, enquanto as outras oito espécies ultrapassam este limite distanciando-se do rio. As espécies Licania rigida, Combretum sp., Vitex sp, Mimosa sp. e Lonchocarpus sericeus foram encontradas exclusivamente em áreas alagadas.
CONCLUSÃO:
Foi encontrado um número relativamente baixo de espécies. Isso se explica pelo alto grau de desmatamento sofrido pela vegetação ciliar do rio Pajéu, observado desde a sua nascente até a foz. Com este trabalho pôde-se identificar espécies com potencial para serem utilizadas em reflorestamento sendo as informações de hábitat muito importantes na distribuição de espécies, pois se identificou aquelas que são observadas nas áreas permanentemente alagadas, periodicamente alagadas ou secas. Essas informações serão utilizadas quando da distribuição de mudas no decorrer do rio.
Palavras-chave: Mata Ciliar , Rio Pajeú , Reflorestamento.