62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
(IN) COMPREENSÕES DE ENUNCIADOS DE QUESTÕES MATEMÁTICAS PELOS ALUNOS
Francisco Helder L. Sousa 6, 1
Élen Borba de Souza 2, 6
Hellen Jael Cavalcanti Farias 6, 3
Sandra Elisabete Santos Morais Donato 4, 6
Pedro Lúcio Barboza 5
1. Departamento de Letras, UEPB, Campina Grande/PB
2. Departamento de Psicologia, UEPB, Campina Grande/PB
3. Departamento de Educação, UFCG, Campina Grande/PB
4. Departamento de Educação, Faculdade de Porto Velho - FIP, Rondônia/RO
5. Departamento de Matemática - UEPB
6. PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA, CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA, UNIPÊ
INTRODUÇÃO:

A visão geral que norteia o ensino de matemática concebe-a como uma área de conhecimento pronta, estática, com fórmulas, regras definidas e imutáveis, as quais se intercalam dentro de situações-problema que primam pelo estudo dos cálculos numéricos. Essa postura pedagógica, que prevalece em boa parte de nossas instituições educacionais, apresenta como conseqüência uma imposição autoritária do conhecimento matemático veiculado pelo Livro Didático de Matemática - LDM e pelo professor que, supõe-se, domina e transmite o conteúdo ao aluno, que recebe de forma passiva. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo é analisar os enunciados de questões matemáticas, quanto à interpretação dos mesmos no que concerne à leitura com compreensão pelos alunos, e ainda, a influência que estes enunciados  causam ao aluno/leitor, levando-o a cometer equívocos, ou erros na resolução dos problemas sugeridos no LDM. Observa-se, assim, a importância de estudos enfocando os enunciados de problemas matemáticos, o que nos leva a validar que no LDM aparecem questões com diferentes enunciados, que confundem o leitor desse texto, comprometendo o seu desempenho na busca da solução correta, fato que o induz a uma verdadeira aversão à leitura em Matemática.

METODOLOGIA:

Na realização deste estudo, utilizamos o tipo de pesquisa descritivo-analítica. A pesquisa de campo desenvolveu-se a partir de observações em aulas de Matemática, quando utilizamos enunciados de questões matemáticas sugeridos nas seções 19ª à 24ª do LDM "A Conquista da Matemática: a + nova", recomendado para o 8º ano da escola pública Aroldo Cruz Filho em Campina Grande, Paraíba. Para obtenção dos dados observamos uma turma do turno da tarde, composta de 25 alunos, entre os quais 13 são do sexo masculino e 12 do feminino, cuja coleta deu-se em cinco momentos, a saber: no primeiro aplicamos um questionário para diagnosticar preliminarmente a prática de leitura em Matemática. No segundo momento, com o exercício 1, tratamos de identificar se os educandos conseguiam resolver sem dificuldades as questões com enunciados simples. Já no terceiro momento, com o exercício 2 de enunciados complexos, verificamos a compreensão leitora e resolução das questões. Finalmente, repetimos essa seqüência didática, seguindo os critérios citados nas duas atividades. Para efeito de análise selecionamos oito questões, duas de cada exercício

RESULTADOS:

Em questões com enunciados simples, alguns pontos merecem atenção. Em princípio, 17 educandos conseguiram êxito nas questões, atribuindo resposta correta, enquanto 5 responderam incorretamente e 3 não emitiram soluções, deixando as questões em branco. Quanto à questão dois, verificamos que 20 responderam corretamente, 3 emitiram soluções inaceitáveis, e 2 não responderam. Isso é reflexo de uma aprendizagem centrada na reprodução do conhecimento matemático, que "[...] não tem se apresentado ao aluno como um conjunto de conceitos inter-relacionados, mas um interminável discurso abstrato e incompreensível." (PCNM, 2001, p.40). A leitura passa a ser vista como um ato passivo, no qual "[...] o imput é um estímulo para a resposta passiva do aluno [...]" (GOODMAN, 1994, p.27). Com relação às respostas de questões com enunciados complexos, no enunciado 3 cerca de 4 alunos deram respostas corretas, enquanto 19 incorretas e 2 ficaram sem responder. Enquanto na questão quatro, 3 discentes emitiram respostas corretas, 17 incorretas, e 5 não emitiram solução. Esses leitores não desenvolveram a leitura reflexiva, e sim o modelo leitor "botton-up ou ascendente" (TEBEROSKY, 2003, p.24), o mais tradicional, em que ler é simplesmente conhecer sinais gráficos, descartando a idéia da compreensão do texto.

CONCLUSÃO:

A pesquisa pode evidenciar a importância do estudo da Matemática, não apenas por ser uma ciência capaz de despertar o gosto pela leitura, mas por revelar um universo no qual os leitores têm competência para construir conhecimentos, não se limitando apenas ao cálculo numérico, ou aos textos conteudísticos do LDM usados como fonte de aplicação em atividades didáticas. Os dados demonstram que o ensino da matemática pode estimular a habilidade leitora dos alunos e que o uso de problemas matemáticos com distintos tipos de enunciados, deve contribuir para o estímulo ao estudo desse componente curricular como uma área ampla, pautada, sobretudo, na contribuição ao educando, o qual processa as informações que tem diante de si, dando-lhe sentido e significado ao que lê, independente da situação de aplicação. 

 

 

Palavras-chave: Leitura, Compreensão, Enunciados Matemáticos .