62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
CONHECIMENTOS TRADICIONAIS DE AGRICULTORES DA COMUNIDADE "LINHA E" (MACAPÁ-AP) SOBRE O TOMATE CEREJA (Lycopersicon esculentum)
Rhuan Wellington Flexa Monteiro de Castro 1
Ariana Mayra Costa da Silva 1
Guaciara Cristina Machado Ferreira 1
Shirley da Silva Castro 1
David Figueiredo de Almeida 2
1. Universidade Vale do Acaraú
2. Universidade Federal do Amapá - UNIFAP
INTRODUÇÃO:
O tomate do tipo cereja (Lycorpesicon esculentum) é uma magnoliófita representativa da família Solanaceae. Originária das Américas central e do sul, disseminada pela Europa pelos espanhóis, ao longo do século XVI. Desde então, tornou-se item fundamental na dieta de povos de todo o ocidente, tanto por conta de seu sabor quanto pelo seu importante papel na nutrição humana. É fonte de estudos medicinais, onde se sabe que agem auxiliando na prevenção de doenças infecciosas como o câncer, enfermidades nas artérias, além de problemas relacionados à resíduos metabólicos ácidos, uma vez que possui caráter alcalino. Este trabalho teve por objetivo estudar os conhecimentos tradicionais de agricultores de uma comunidade "Linha E", localizada na zona rural de Macapá (AP), sobre o tomate cereja. Estudos, como este, trazem a possibilidade de indicar novos usos desta espécie, contribuindo significativamente com futuras intervenções que visem o manejo da produção.
METODOLOGIA:
A metodologia usada foi a da pesquisa participante, com abordagem qualitativa. Foram usados roteiros de entrevistas semi-estruturadas com itens relacionados principalmente ao uso do tomate cereja. Aplicou-se como princípio de inclusão de amostras aquelas famílias que cultivavam a espécie. Logo, foram excluídos da amostra todos os agricultores que não cultivavam o tomate cereja.
RESULTADOS:
O cultivo do tomate cereja por agricultores da "Linha E" se dá por meio de semeadura de sementes, cuja germinação requer boa luminosidade, temperatura próxima à temperatura ambiente e solo com níveis moderados de água. Esta, em excesso, conforme os agricultores, pode levar ao rachamento e posterior apodrecimento dos frutos. Os agricultores reconhecem a importância de determinados fatores ambientais para a geração dos frutos, o que é chamado tecnicamente como "polinização" na biologia, não tem um nome específico dado pelos entrevistados. Porém, estes mencionaram a participação do vento, de insetos ou pelo próprio homem nos processos reprodutivos do tomate cereja. Questionados acerca do uso da espécie como remédio, os agricultores responderam que desconhecem tal utilidade do tomate cereja. Em geral, o consumo da planta se dá mais por conta de seu sabor do que por outros benefícios. A colheita é feita nos meses de setembro a dezembro, de forma escalonada, cerca de 90 dias após a semeadura.
CONCLUSÃO:
Os cultivadores de tomate cereja da comunidade "Linha E" se mostraram profundos conhecedores desta espécie, com informações principalmente referentes à reprodução e ecologia do tomate cereja. Esperava-se o registro do uso medicinal desta planta na comunidade, o que não aconteceu. Valendo-se de seus conhecimentos tradicionais transmitidos oralmente ao longo das gerações, esta comunidade conhece suficientemente a espécie a ponto de manter uma boa produção. Entretanto, outros benefícios do consumo do tomate deveriam ser conhecidos pelos moradores, o que poderia inclusive facilitar a valorização econômica da espécie no local, diminuindo a insegurança econômica do local e, conseqüentemente, contribuindo para o cada vez mais adequado manejo do tomate cereja nesta comunidade.
Palavras-chave: Etnobotânica, Agricultura, Solanaceae.