62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS NO AUXILIO AO REFORÇO ESCOLAR
Anne Elizabeth Maia Girão 1
Ana Cláudia Mendonça Pinheiro 2
Layr Nunes e Vasconcelos 3
Joyce de Melo Lima Waterloo 4
1. Faculdade Christus
2. Universidade Estadual do Ceará - UECE
3. Universidade Federal do Ceará - UFC
4. Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:
A construção do vínculo, fortalecida através das relações interpessoais favorecem o processo de aprendizagem. Segundo Pichon, o vínculo é subjetivo, estabelecido de forma particular para cada sujeito, onde este é transferido para as outras relações, seja com objetos ou com o outro. A partir das relações é revelado o tipo de vínculo que o sujeito estabelece. Assim, as relações vinculares, estabelecidas de forma particular por cada indivíduo, promovem o vínculo com o conhecimento. No trabalho de sala de aula encontramos alunos com dificuldades no acompanhamento das atividades e que exigem mais atenção do professor. Segundo Fernández, a criança não aprende por vários fatores que influenciam nesse processo, pois não existe uma única causa, nem situações determinantes do problema de aprendizagem. Para uma melhor análise desse processo, Rogers discute que a forma de contato que estabelece o vínculo do bom relacionamento, ancorando-se na premissa de que não há aprendizagem sem vínculo afetivo entre o educador e a criança. Para suprir essa carência é necessário reproduzir um ambiente paralelo para que o aluno estabeleça relações de vínculo que possam colaborar com a sua aprendizagem. Esse trabalho tem como objetivo discutir a construção de relações vinculares no reforço escolar.
METODOLOGIA:
O procedimento metodológico consistiu na caracterização dos sujeitos, entrevista, observação, levantamento e análise dos resultados. Os sujeitos pesquisados foram três crianças com idade entre 7 e 12 anos, convidados e autorizados a contribuir com esse estudo. A entrevista foi aplicada após a resolução de uma lista de exercícios, contemplando aspectos do raciocínio lógico, percepção viso-espacial e linguagem, adicionada a questões abertas de conhecimento da realidade familiar e escolar dos alunos. As observações constaram no diário de campo como forma de registrar e captar aspectos e fatos relevantes nas aulas de reforço. O levantamento e análise dos resultados foram sistematizados manualmente. A metodologia de pesquisa foi estudo de caso.
RESULTADOS:
Os resultados indicaram que durante as aulas de reforço as crianças de um modo geral, mostravam-se desatentas e apresentavam cansaço. Uma possível origem do problema de aprendizagem dessas crianças pode estar relacionada com o modelo de relação vincular que elas estabelecem, desenvolvido e articulado nas suas primeiras relações com a mãe. Assim, o professor necessitou desenvolver uma escuta psicopedagógica, sobrepondo-se à prática de impor ideias e formas de agir para, a partir da sua postura no ambiente de aprendizagem, pudesse estabelecer uma forma pela qual as crianças consigam manter um vínculo com o objeto do conhecimento. Partindo das observações realizadas pode-se perceber a transferência do tipo de vinculação estabelecido com o professor e com os conteúdos. No caso da vinculação negativa com o professor da escola, as crianças demonstraram desinteresse e muitas dificuldades na aprendizagem. Já na vinculação positiva as crianças desenvolveram harmoniosamente sua vinculação com o conhecimento a partir das aulas de reforço. Isso aconteceu por que à medida que as crianças conseguiram construir uma vinculação com a professora do reforço escolar de forma positiva, sem traumas, as relações com a outra professora tendeu a acontecer satisfatoriamente mais harmônica.
CONCLUSÃO:
A partir desse olhar psicopedagógico o professor do reforço escolar pode desenvolver uma escuta que permita compreender o que está ocorrendo com o aluno, o que o leva a ter este ou aquele comportamento. O atendimento necessariamente começa com o acolhimento das necessidades de forma positiva. Nesta perspectiva é relevante perceber que o vínculo é uma sequência de implicações internas e externas, que exerce transferências, sejam históricas ou referenciais, que fundamentam os aspectos afetivos essenciais nos processos de aprendizagem, tais como consciência de si, persistência, empatia, persuasão, cooperação, liderança e motivação. Assim, a maneira como a criança se relaciona com os objetos e com os outros, vai depender de como foi estruturada sua vinculação, ou seja, podendo ser um vínculo neurótico ou patológico e a partir dessa construção vai depender como acontecem todas as outras vinculações. Considerando a importância do vínculo dentro do processo de aprendizagem, de forma que possibilita ou impossibilita o processo de desenvolvimento é que se pensou esse trabalho.
Palavras-chave: Relações vinculares, aprendizagem, reforço escolar.