62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A PERCEPÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR: A AUTO-REFLEXÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE DA FUNDAÇÃO ESCOLA BOSQUE "PROFº EIDORFE MOREIRA" (BELÉM-PA).
Eliane Brabo de Sousa 1
Célio Silva do Espírito Santo 1
Thayze Patrícia Santos da Silva 1
Paula Cristina Reale Bastos-Rosa 1
1. Lab.de Biologia, Fundação Escola Bosque-FUNBOSQUE
INTRODUÇÃO:
A identificação de como cada aluno percebe e interpreta os elementos e os fenômenos naturais, permite entender algumas atitudes danosas ao meio ambiente para traçar estratégias pedagógicas sobre suas mudanças de comportamento. Entretanto, estas observações precisam ser contínuas, sobretudo no ambiente escolar, do início ao fim das atividades docentes, dentro e fora da sala de aula. Neste contexto, pode-se usar como exemplo a primeira semana de atividades escolares na Fundação Escola Bosque-FUNBOSQUE, onde se observaram copos, pratos, papéis e embalagens plásticas sobre as trilhas dos bosques, no lago da instituição e sobre a vegetação da escola. Por que tais atitudes ainda persistem num ambiente repleto de informações? Quais os responsáveis por estas atitudes? Qual o papel dos membros da comunidade escolar neste processo tão complexo de identificar, informar e promover as mudanças de comportamento? Realizar uma diagnose sobre a percepção ambiental dos alunos é de fundamental importância para a Educação Ambiental com bases locais. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar a percepção ambiental dos alunos do curso Médio-Técnico em Meio Ambiente da FUNBOSQUE durante o início das atividades escolares de 2009.
METODOLOGIA:
Em fevereiro de 2009 foi realizada uma diagnose sobre a percepção ambiental dos alunos iniciantes do Curso Médio-Técnico em Meio Ambiente da Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque "Profº. Eidorfe Moreira" localizada no Distrito do Outeiro (Belém-PA). A diagnose se estabeleceu nas aulas de Ecologia, através de entrevistas semi-abertas; aplicação de mapas interpretativos e criação de personagens fictícios com diversas percepções sobre o meio ambiente. Foram entrevistados 114 alunos, de 1º e 2º anos do ensino médio, sendo a entrevista composta por 15 perguntas que simularam situações do cotidiano do aluno com 4 opções de respostas estruturadas e um espaço para uma resposta pessoal do entrevistado. Os mapas compreenderam imagens que puderam avaliar o conhecimento dos alunos sobre o espaço onde vivem. Os personagens fictícios foram criados para identificar a percepção ambiental (P.A) de cada aluno: seu surdêncio (P.A: qualidade de vida); Divertôncia (P.A: entretenimento), Preservíodo (P.A: preservação e natureza intocada), dona Subsistência (P.A: desenvolvimento sustentável), seu Polualdo (P.A: domínio dos recursos ambientais pelo homem) entre outros. Os resultados foram tabulados e agrupados em categorias de respostas e expressos em percentuais.
RESULTADOS:
Promover a reflexão da relação do aluno com o meio ambiente, pode influenciar a sua reconciliação com a natureza. Diante da oferta de várias sacolas plásticas no supermercado, 70% dos alunos aceitam, justificando precisarem destas para colocar o seu lixo doméstico; 85% dos alunos procuram uma lixeira para jogar as embalagens de produtos diversos, se não encontram jogam no chão; quando perguntados sobre as suas atitudes diante do lançamento de um coco pela janela do ônibus as respostas surpreenderam, uma vez que mais de 50% dos alunos acham justificável, pois o coco é biodegradável, desconsiderando os riscos desta prática; sobre o valor do selo de qualidade ambiental, presente em produtos escolares, 90% preferem o caderno com a foto de seu ídolo e somente 1% escolhe produtos com o selo de certificação ambiental. Nos mapas interpretativos, somente 10% dos alunos acertaram a posição e o tipo de indústrias e unidades de conservação presentes no local, 30% acertaram parcialmente e 60% não identificaram nem um tipo de atividade. Entre os personagens fictícios, Divertôncia foi a mais citada (65%) como o tipo de percepção ambiental presente nos alunos, esta percepção consiste em considerar o meio ambiente como um entretenimento.
CONCLUSÃO:
Para a disciplina Ecologia é imprescindível realizar o estudo sobre a percepção ambiental dos alunos, isto é, como se relacionam com os outros seres vivos e o ambiente natural no qual estão inseridos. Ao realizar esse tipo de levantamento torna-se mais fácil atender as suas reais necessidades, favorecendo a adoção de um comportamento conservacionista. O resultado da diagnose mostra que grande parte dos alunos, mesmo os que estudam, desde as séries iniciais na FUNBOSQUE cujo eixo norteador é a Educação Ambiental, percebem o ambiente como fonte de entretenimento e não veem as práticas sustentáveis como práticas de cidadania. Por outro lado, alguns alunos admitem ter mudado sua relação com o ambiente devido às abordagens ambientais realizadas na escola, o que a torna um espaço transformador. A percepção ambiental é um instrumento para atender a um dos princípios básicos da Educação Ambiental: a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade.
Instituição de Fomento: Fundação Escola Bosque-FUNBOSQUE
Palavras-chave: Ecologia, Meio Ambiente, Percepção Ambiental.