Existe um interesse crescente no uso eficiente dos diversos resíduos agroindustriais, neste contexto a laranja está entre as frutas mais produzidas no mundo e com uma grande quantidade de resíduos os quais permanecem ainda em sua maior parte inutilizados. O potencial biotecnológico dos fungos, especialmente aqueles da biodiversidade amazônica, tem despertado grande interesse de pesquisadores de todo o mundo, tal fato deve-se a grande biodiversidade desses organismos, vasta aplicabilidade e aos poucos estudos realizados. O fungo P. sanguineus pode apresentar elevada quantidade de biomassa fato este intimamente ligado com a produção de substancias uteis a exemplo de enzimas, antibióticos, ácidos orgânicos, controle biológico de pragas, etc. A produção de biomassa é diretamente afetada pela quantidade e tipo de nutriente disponível no meio de cultura. Deste modo esta pesquisa teve por objetivo elaborar dois meios de cultura aproveitando resíduos da laranja para avaliar a produção de biomassa do fungo P. sanguineus a fim de contribuir para o estudo da biodiversidade Amazônica e colaborar com processos que visem o desenvolvimento sustentável através do aproveitamento de resíduos agroindustriais e utilização de fungos amazônicos em bioprocessos.

O isolado amazônico do fungo Pycnoporus sanguineus (UEA 015) foi obtido da micoteca do Laboratório de Biorgânica da Universidade do Estado do Amazonas. Este foi repicado em meio BDA, e incubado por 7 dias em BOD a 30°C. Para a avaliação da biomassa, foram utilizados dois meios de cultura líquidos elaborados a partir do bagaço da laranja (R3, R4) e um meio controle (C1) elaborado a partir de batata. Para produção dos meios foi utilizado resíduos de laranja gerados após a remoção do suco e retirada da casca, sendo o meio R4 - elaborado com umidade inicial superior a 80% e o meio R3- elaborado com bagaço seco a 50°C para retirada da umidade. Os meios de cultura tiveram seu pH ajustado para 5,0 e foram esterilizados em autoclave a 121°C por 15 minutos. Para cada experimento foi inoculado um disco de micélio medindo 10mm de diâmetro em erlenmeyer contendo 100ml de cada meio de cultura, estes foram incubados sob agitação de 180 rpm a 30°C para crescimento e obtenção da biomassa. A massa micelial foi medida em 5,10,15,20 e 25 dias de incubação e foi calculada pela diferença em relação ao peso seco em estufa através da seguinte equação: MM (%) = Pf - Pi / Pi x 100, onde; Pi = peso seco do papel filtro; Pf = peso seco do papel filtro após filtragem e MM = massa micelial em porcentagem.

Em todos os meios testados a produção de biomassa apresentou-se de forma crescente ao longo do tempo de incubação (5, 10, 15, 20 e 25 dias). A maior produção de biomassa (196%) foi registrada em 25 das de incubação no meio R4 (bagaço da laranja com umidade), a segunda maior produção (130%) no meio R3 (bagaço da laranja sem umidade), o experimento controle C1 obteve uma produção de biomassa de 98% para o período de 25 dias. Esses resultados evidenciam que há diferenças na produção de biomassa conforme o grau de umidade presente no substrato utilizado para a fabricação do meio de cultura, evidenciando um aumento na produção de massa micelial com o aumento da umidade. Em 25 dias de incubação a produção de biomassa apresentou-se ainda de forma crescente, desta forma novos experimentos devem ser realizados com a finalidade de verificar se uma maior produção de massa micelial pode ser obtida em período superior a 25 dias.