62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
FATORES EXTRÍNSECOS PARA QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS NO DOMICÍLIO: PERSPECTIVA DE INTERVENÇÃO DO CUIDADO NA ATENÇÃO BÁSICA.
Larissa Campos Meira 1
Jamilly Freitas Ribeiro 2
Mariana Vieira Bastos 2
Camila dos Santos Amorim 2
Priscila Santos Oliveira 2
Luiza Inês Lopes Bastos 2
1. Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC
2. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
INTRODUÇÃO:
O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial. Nos próximos 20 anos, a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas, chegando a representar quase 13%1. O envelhecimento é um processo biológico de declínio das capacidades físicas, psicológicas e comportamentais, que atinge os sistemas do organismo e modifica comportamentos específicos2. A deterioração das estruturas e capacidades funcionais limita as atividades, reduzindo o desempenho cotidiano, a qualidade de vida e aumentando o risco de acidentes, podendo resultar em isolamento social, dependência e institucionalização3. Neste contexto situam-se as quedas em idosos, desencadeadas por fatores intrínsecos e extrínsecos, estes ligados a riscos ambientais, que exercem influência, principalmente no próprio domicílio, pois a familiaridade com o ambiente e atitudes relacionadas às atividades rotineiras propiciam exagerada autoconfiança contrapondo com a fragilidade. Este estudo se propôs a identificar e avaliar fatores extrínsecos de risco para ocorrência de quedas, encontrados no ambiente domiciliar dos idosos. Tem como relevância identificar riscos reais e potencias para quedas em contexto domiciliar, promovendo intervenções que possibilite a promoção de saúde e prevenção de doenças em idosos.
METODOLOGIA:
Este estudo apresenta uma abordagem construtivista representando a construção do conhecimento sobre o prisma da interação do sujeito-objeto4. Teve como sujeitos, 52 idosos cadastrados por micro área, em uma Unidade de Saúde da Família no município de Jequié-Ba, durante o segundo semestre de 2009, sendo campo clínico da disciplina Enfermagem na Atenção a Saúde do Idoso-UESB, atuando em ambiente domiciliar dos idosos. Na etapa 1 deste projeto, para identificação dos idosos contou-se com a participação dos Agentes Comunitários de Saúde, seguido da aplicação de um Instrumento de Avaliação para Risco de Quedas, produzidos pelos participantes do projeto, focando-se nos fatores extrínsecos do ambiente domiciliar do idoso, (contendo dados sobre cada cômodo do domicílio, bem como de área externas como quintal, jardim, varandas; aliado aos aspectos individuais e coletivos, e saneamento básico). Os dados foram avaliados por meio da organização e análise dos dados obtidos, atendendo aos princípios da estatística descritiva, apresentados por meio de quadros e tabelas simples. Foram atendidas as orientações éticas estabelecidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sob Protocolo nº203/2009.
RESULTADOS:
A análise iniciou-se pela área externa que dá acesso à residência e revelou: presença de degraus 80,77%, escadas sem corrimão 51,92% e piso escorregadio e/ou irregular 55,77%. Por cômodos: sala com piso escorregadio e/ou irregular 48,08% e presença de animais de estimação 34,62%; cozinha: mesa pontiaguda e cadeiras baixas e/ou de plástico sem resistência 46,15%, piso escorregadio e/ou irregular 42,31% e cadeiras sem encosto 30,77%; quarto: cama baixa 76,92%, ausência de criado mudo e/ou abajur próximo à cama e banheiro muito distante do dormitório 53,85%, piso escorregadio e/ou irregular 38,46%, e colchão muito macio 36,54%; banheiro: vaso sanitário e/ou pias baixos sem barras de apoio 96,15%, ausência de tapete antiderrapante e/ou barra de apoio no Box 86,54%, e possuem piso escorregadio e/ou irregular 44,23%. O próximo item analisado foi o quintal: presença de degraus 69,23%, piso escorregadio e/ou irregular 51,92%, presença de entulhos 50%, lavanderia baixa 42,31%, iluminação insuficiente 34,62%, animais de estimação 32,69%, e varal muito alto 30,77%. Quanto ao saneamento básico: rede de esgoto 98,08%, água encanada e coleta de lixo 100%. Quanto aos aspectos individuais e coletivos: medo de cair 48,08%, ausência do cônjuge 38,46%, e convivência com crianças 28,85%.
CONCLUSÃO:
Os eventos de quedas não são exclusivos da velhice, uma vez que pessoas de todas as faixas etárias apresentam risco de sofrê-los. Porém, para os idosos, elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-los à incapacidade, injúria e morte5. A expressão "meio ambiente" deve ser interpretada de uma forma ampla, não se referindo apenas à natureza propriamente dita, mas sim a uma realidade complexa, resultante do conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sócio-econômicos, bem como de suas inúmeras interações que ocorrem dentro de sistemas naturais, artificiais, sociais e culturais6. Dessa maneira, é fundamental que haja uma adaptação ambiental para prevenção de quedas em idosos não só no que diz respeito à remoção dos riscos, como também no uso de abordagens sócio-culturais que propiciem mudanças em atitudes frente aos comportamentos de risco. O domicílio, quando não bem adaptado, oferece riscos atuais e potenciais por apresentar diversos fatores predisponentes a quedas, por isso a importância de fazer do domicílio do idoso um lugar seguro, uma vez que este consiste no local onde eles permanecem por mais tempo.
Palavras-chave: Pessoa Idosa, Risco para quedas, Ambiente domiciliar.