62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: UMA EXPERIÊNCIA ENTRE MULHERES QUE (CON) VIVEM COM O Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV EM UMA UNIDADE ESPECIALIZADA EM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS ESPECIAIS (URE - DIPE)
Michelle Mitre 1
Antônio Luís Parlandin Santos 1
Elizabeth Teixeira 1
Ediane Vitória Coelho Pontes 2
Leandro Andrade da Silva 3
1. Programa de Pós-graduação- Universidade do Estado do Pará - UEPA
2. Depto. de Enfermagem - Hospital Ophir Loyola
3. Programa de Pós-graduação- Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
INTRODUÇÃO:
Este estudo buscou apreender as representações sociais sobre HIV/AIDS entre mulheres que con(vivem) com o HIV, bem como identificar as travessias cotidianas dessas mulheres, com ênfase para as dificuldades encontradas nos relacionamentos sociais e as condições de vida. O alicerce teórico é a vertente psicossociológica da Teoria das Representações Sociais, sob o enfoque da corrente de Moscovici e Jodelet que conceitua como um sistema que inclui as teorias espontâneas, baseadas na realidade e no cotidiano, carregadas de imagens ou palavras com diferentes significações seja de um indivíduo ou do coletivo. A inter-relação dos elementos afetivos, mentais e sociais pode ser estudada nas representações sociais, integrando a pertença e a participação social ou cultural dos sujeitos. Nesse contexto passamos a seguir a destacar as práticas educativas em saúde por serem processos amplos e sistematizados produzindo interações entre os conhecimentos, permitindo o debate sobre temas com uma visão crítica e reflexiva da realidade e do cotidiano.
METODOLOGIA:
Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, que utilizou como técnicas de produção de dados a livre associação de idéias e a entrevista semi-estruturada. Realizado na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais de Belém, Pará, entre abril e maio de 2007. Foram informantes 15 (quinze) mulheres que compõe o grupo de apoio a mulheres que vivem com o vírus HIV. Foram critérios: ser maior de 18 anos e fazer parte do grupo há pelo menos 1 ano. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética da UEPA. Para análise e discussão dos dados utilizou-se a análise de conteúdo temática segundo Bardin. Os resultados foram organizados em quatro categorias: Representações sobre AIDS entre mulheres que (con)vivem com o vírus HIV; Dificuldades encontradas a partir da descoberta da doença; Viver após o diagnóstico da doença; Compartilhamento do diagnóstico da doença. Na primeira etapa, foi perguntado a elas: Quando falo a palavra HIV/AIDS o que lhe vem à mente? Na segunda etapa, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas.
RESULTADOS:
Resultado I - Quem Fala: As mulheres que participaram deste estudo apresentaram idades entre 23 e 54 anos; tempo de vivência com o vírus entre 2 (dois) e 18 anos. Resultado II - O Que Fala: HIV/AIDS é TRISTEZA, pois envolve MORTE, MEDO, PERDA, SOFRIMENTO CONTÍNUO e SOLIDÃO. É também a TRAGÉDIA DA HUMANIDADE. É COISA COMUM, DISCRIMINAÇÃO e REVOLTA, mas envolve FÉ, AMOR A DEUS. Resultado III - Dificuldades: sentirem-se em uma posição marginal na sociedade e vítimas de preconceito; revelam episódios de discriminação; afastadas das atividades laborais. Resultado IV - Condições de Vida: significativa mudança de atitude diante da condição de (con) viver com o vírus HIV; diferenças marcantes entre o primeiro momento (o que se segue logo após o diagnóstico) e o momento posterior, caracterizado pelo enfrentamento da instabilidade psicossocial; têm que restringir essa informação ao núcleo familiar e/ou pessoas de sua inteira confiança, e vêem o segredo como um importante fator de proteção contra a segregação social.
CONCLUSÃO:
As mulheres tecem seu viver em uma rede de relações complexas; convivem com sentimentos pendulares (solidão e esperança) e a relação com a doença e o tratamento é um desafio cotidiano (condição estrangeira). Por meio da apreensão e análise das Representações Sociais da AIDS, sob este enfoque, tivemos acesso às opiniões, crenças, atitudes, símbolos e imagens. Estas representações ultrapassam o aspecto biológico e atingem elementos psicossociais verificados pelo preconceito, segregação e estigma, aspectos que também estão imbricados na construção sócio-histórica e psicológica da AIDS. As representações são pendulares entre TRISTEZA; PERDA; COISA COMUM; VIDA NORMAL.
Palavras-chave: Representações Sociais, Educação em saúde, Vírus da imunodeficiência humana.