62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
(RE)DISCUTINDO A AUTONOMIA: UM NOVO OLHAR SOBRE A RELAÇÃO ESTABELECIDA ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM E USUÁRIO EM UM SERVIÇO DE SAÚDE DE MOSSORÓ-RN.
Luana Mares Nunes de Carvalho 1
Rúbia Mara Maia Feitosa 2
Ariane de Araújo Ferreira 3
Maria Suely de Mesquita Xavier 4
1. Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família do municipio de Areia Branca
2. Docente da Universidade Potiguar (Unp) Campus Mossoró
3. Enfermeira do Hospital Hapvida Mossoró
4. Enfermeira Preceptora da Universidade Potiguar (Unp) Campus Mossoró
INTRODUÇÃO:

Apesar da constante divulgação da palavra autonomia em diversas discussões presentes na área da saúde, esta ainda, apresenta-se como uma caixinha de surpresas que esconde atrás de si significados amplos, tornando muitas vezes a sua compreensão equivocada. É percorrendo esse caminho que a maioria dos trabalhadores de enfermagem entendem a autonomia como sendo sinônimo de autoritarismo, poder. Características que podem ser evidenciadas na conduta dos trabalhadores de enfermagem no âmbito dos serviços de saúde para com os membros da equipe e durante a assistência prestada aos usuários. Reforçado pelo modelo de formação que obtiveram e guiado por parâmetros tecnicistas, sem uma reflexão sobre outros valores, como por exemplo, a ética e a clínica ampliada, acabam por tornarem-se agentes reprodutores de uma prática marcada pela dimensão curativista e hierarquizada. (OBJETIVOS): Este estudo tem como objetivo (re)discutir e refletir de forma teórico prático, a respeito da concepção que os trabalhadores de saúde, particularmente os de enfermagem, tem acerca da autonomia estabelecida na relação destes com os usuários.

 

METODOLOGIA:

Constituiu-se em um relato de experiência realizado em um serviço de saúde, localizado no município de Mossoró/RN, durante o mês de junho de 2006. O mesmo configura-se em uma instituição hospitalar e de natureza particular. A escolha do tema em questão foi concretizada mediante a captação da realidade que ocorreu nos setores da Unidade de Terapia Intensiva (U.T.I) e Centro Obstétrico (C.O), na qual um grupo de acadêmicos munidos de um roteiro norteador procurava identificar qual a concepção que os trabalhadores de saúde, dos respectivos setores, tinham acerca da autonomia. Para isso, optou-se como instrumento de coleta de dados, a observação não participante e a entrevista semi-estruturada. Posteriormente, foi construído a 10ª edição do seminário "Bioética em Debate" para rediscutir juntamente com os trabalhadores de saúde acerca da autonomia estabelecida na relação destes com os usuários. O encontro aconteceu nas dependências da referida instituição hospitalar e teve duração de 3 horas.

 

RESULTADOS:

Pode-se perceber durante a Captação da Realidade e nos discursos dos trabalhadores de saúde participantes do seminário que a concepção da maioria dos mesmos sobre autonomia é tida como sinônimo de autoritarismo, poder e/ou relação de mando/submissão que envolve os próprios membros da equipe e estende-se para a assistência prestada aos usuários. Estes equívocos fizeram-se presentes em inúmeros exemplos abordados durante a discussão, reportando-se deste a atitudes perante a relação estabelecida entre os trabalhadores de saúde e usuário como no que concerne ao poder advindo do saber imposto e pela execução de alguns procedimentos técnicos. O Seminário possibilitou a articulação ensino/ serviço, na qual obteve a participação e colaboração dos trabalhadores de diversos segmentos do âmbito hospitalar, envolvendo profissionais de enfermagem, nutrição, recursos humanos, administração e da limpeza, enriquecendo a discussão a partir das diversas opiniões expostas.

CONCLUSÃO:
A compreensão de autonomia como sendo sinônimo de autoritarismo evidenciada pela grande parcela dos trabalhadores de enfermagem não é por acaso. Esse fato está atrelado à construção histórico-social da enfermagem, sendo esta uma atividade que se manteve dependente e subserviente a prática médica. Amparada na concepção de que "o saber central é dos médicos (com poder e autonomia) e o saber periférico, dos enfermeiros (face ao não-poder). Em momentos como este, de reflexão que podem construir instrumentos para que ocorram mudanças nas práticas dos trabalhadores de saúde, particularmente de enfermagem, possibilitando-os sobrepor-se aos princípios anteriormente inquestionáveis durante o processo de formação e na vida profissional. Dessa forma, permitindo-os uma aproximação com as discussões acerca da clínica do ampliada, reconstruindo elementos para nortear a autonomia estabelecida na relação entre os trabalhadores de saúde e os usuários.
Palavras-chave: Autonomia, Sujeito, Ética.