62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional
DIVERSIDADE DE ESPÉCIES ARBÓREAS DO BAIRRO DE BATISTA CAMPOS, BELÉM - PARÁ
César Teixeira Donato 1
Marcos Vinicius Batista Soares 1
Antonio José Figueiredo Moreira 2
1. Curso de Engenharia Florestal / UFRA
2. Prof. Msc. / Orientador - Instituto de Ciências Agrárias - UFRA
INTRODUÇÃO:

É inegável a importância que a arborização urbana exerce na qualidade de vida dos habitantes de uma cidade, influenciando desde a melhora do microclima até a diminuição da poluição atmosférica, sonora e visual. Todavia, o plantio de árvores em espaços urbanos requer atenção especial, pois se plantada em local incoerente à sua espécie e ao seu porte, pode causar prejuízos ao patrimônio público e privado. Logo, torna-se necessário o conhecimento das espécies que compõe esse espaço, afim de subsidiar futuras ações interventoras no ambiente urbano.

A primeira ação de arborização da cidade de Belém data do final do século XIX. Naquela época, utilizou-se a mangueira (Mangifera indica) como base da arborização de toda a cidade, uma vez que esta espécie fornece uma grande área de sombra e saborosos frutos, além de ter se adaptado muito bem as condições ambientais locais. Por ser um antigo bairro da capital paraense, Batista Campos se insere neste contexto. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento das espécies arbóreas utilizadas na arborização de ruas e passeios no bairro de Batista Campos, Belém.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado no bairro de Batista Campos, na cidade de Belém, estado do Pará, no mês de fevereiro de 2010, com dados obtidos a partir de visitas e observações das espécies vegetais usadas na arborização de 18 das 31 ruas que compõe o bairro, com uma extensão total de 11,98 km pesquisados.

Foi utilizada planilha de campo, onde se buscou identificar a espécie (nome vulgar, nome científico e família) e observar o porte (grande - maior que 10 metros; médio - entre 6 e 10 metros; pequeno - menor que 6 metros) das mesmas. A identificação das espécies, sempre que possível, foi feita em campo e aquelas não identificadas coletou-se ramos e flores para posterior identificação.

Em seguida os dados foram processados no programa Microsoft Excel 2007. A freqüência relativa de cada espécie foi calculada através da razão entre o número de indivíduos da espécie e o número total de indivíduos do bairro, multiplicada por 100.

RESULTADOS:

Nos logradouros observados, foram contadas 893 árvores, distribuídas entre 41 espécies em 17 famílias. A espécie mais abundante foi a mangueira (Mangifera indica) representada por 42,89% dos indivíduos, seguida do oiti (Licania tomentosa) com 17,25%, castanhola (Terminalia catappa) com 14,33%, e em menor escala a sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) com 8,29% e o fícus (Ficus benjamina) com 8,06%. As demais espécies tiveram 9,18% de representatividade. A concentração de 74,47% das árvores em apenas 3 espécies reflete o baixo índice de diversidade do bairro. A elevada incidência de um pequeno grupo de espécies é desaconselhada, pois facilita a propagação de pragas, muito comum nas árvores do ambiente urbano.

Quanto ao porte, verificou-se que 40,31% dos indivíduos foram classificados como de médio porte e 39,87% como de grande porte. Apenas 19,82% do total foram classificados como de pequeno porte. A presença de grandes exemplares no passeio não é recomendada, e reflete a elevada incidência de conflitos das árvores com o patrimônio público e particular do bairro.

CONCLUSÃO:

A avaliação da arborização do bairro de Batista Campos mostra que, embora com 41 espécies encontradas, o bairro possui um baixo índice de diversidade, com 74,47% dos indivíduos distribuídos em 3 espécies, sendo a mangueira a mais representativa, com 42,89% do total.

No estudo constatou-se que as árvores de grande porte são inadequadas para as dimensões dos passeios e adequação aos equipamentos urbanos e serviços públicos (energia, telefonia, etc). Por isso, não são indicadas para arborizar passeios e ruas.

As espécies de pequeno ou médio porte se apresentaram como as mais adequadas para a arborização, embora estes vegetais estejam sujeitos a podas constantes, modificando suas características.

A elevada freqüência de árvores de grande porte, em especial mangueiras, é reflexo da primeira ação de arborização da cidade ocorrida no final do século XIX. Atualmente, elas são tombadas pelo patrimônio municipal, inviabilizando a troca por outras espécies, uma vez que se retirada, deve-se plantar outro exemplar da mesma espécie no local.

Palavras-chave: Arborização, Inventário quantitativo, Urbanização.