62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS: ENQUANTO ISSO...
Gisele Maria Costa Souza 1
Samantha Piler de Menezes 1
1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ
INTRODUÇÃO:

Essa  pesquisa objetivou conhecer os contos infantis mais representativos na infância de um grupo de estudantes de graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A contação de história é uma prática conhecida há séculos e o maior o público da época era m as pessoas adultas com interesse em ouvir fatos reais baseados no cotidiano e tradição de outros homens e mulheres, regiões ou períodos, episódios fictícios, casos da vida no campo, aventuras e complicações amorosas.  Nesse sentido,  a dimensão social e afetiva, as idéias e sentimentos expressos nos contos podem transportar valores universais para além das aparências. A busca de um caminho, do sapato, as divergências com o gigante, madrasta, irmãs, monstros permanecem na lembrança daquela etapa de vida na infância. Outro aspecto a considerar é o desenvolvimento e hábito da leitura, por vezes percebeu-se a troca da história dos livros pela história da televisão.

METODOLOGIA:

Foram participantes dessa pesquisa, 117 alunas e alunos com faixa etária prevalente entre 17 a 29 anos, de diferentes cursos de graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no período de setembro de 2009 durante uma Semana de trabalhos envolvendo os cursos de licenciatura. Para a coleta de dados fez-se uma única pergunta: quais os três contos infantis vem imediatamente em sua lembrança quando digo histórias na infância. As respostas individuais foram registradas em uma ficha e analisadas com o software EVOC (Ensemble de Programmes Permettant L'Analyse dês Évocations) com o objetivo de obter a frequencia de ocorrência das historias e a ordem dessas evocações. Para o subsídio teórico recorreu-se a Estés (2005) e Tatar (2004).

RESULTADOS:

Com oitenta e quatro histórias lembradas, a maior parte do grupo indicou Branca de Neve e Os três porquinhos e incide em termos como: afetividade, confiança e cooperação. Observou-se  nas evocações das histórias do sexo masculino:  Os três porquinhos e Cavaleiros do zodíaco., com termos como: conflitos, ação e força. O sexo feminino do grupo de 20 a 29 anos sustentou o maior número de evocações para a história Cinderela, seguido do grupo de 17 a 19 anos com a história A bela e a fera. A relação com a temática da beleza física é recorrente para o grupo feminino, ou seja, o jogo é de sedução (Jordão, 2005), entretanto, aponta também para a capacidade de uma pessoa reagir com facilidade à emoção e sensibilidade diante dos fatos.  Para o sexo masculino, o tema  predominante é a violência e a batalha. A história dos Cavaleiros do zodíaco foi criada no Japão de uma série Saint Seiya, inicialmente  editada em um mangá semanal para meninos. Chegou ao Brasil em 1986 como desenho animado para televisão, na história havia 5 cavaleiros que lutavam para defender o mundo das forças do mal. Ainda que no conto dos três porquinhos não seja tão explícita, a questão da violência está presente e o temperamento agressivo do lobo provoca um sentimento de insegurança.

CONCLUSÃO:

A maioria das pessoas entrevistadas mostrou-se visivelmente entusiasmada com a lembrança das histórias e dos momentos na infância quando ouvia um conto. Percebeu-se  que o mundo imaginário permite ainda nos dias de hoje  desfazer alguns "nós" da vida real de gente grande também. Nessa perspectiva, a história pode ser um leque de conhecimentos, experiências e possibilidades para enriquecer vocabulário, resolver conflitos e criar questionamentos. Enquanto isso...família, escola, vizinhança e vários tipos de mídia nos fazem ficar paralisados(as) com a variedade da narrativa, de personagens e de situações e transformações que as histórias são recontadas e recriadas.

 

Palavras-chave: Literatura infantil, Contação de história, Representação.