62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
EFEITO DE DIFERENTES NÍVEIS DE SUBSTITUIÇÃO DO MILHO PELA CASCA DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) SOBRE O DESEMPENHO DE NOVILHAS DA RAÇA PITANGUEIRAS
Christiano Raphael de Albuquerque Borges 1
Juliana Tenório Silva 1
Elisa Cristina Modesto 2
1. Depto.de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE
2. Profa. Dra./Orientadora, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ
INTRODUÇÃO:
Na pecuária leiteira, a criação de novilhas é uma das etapas determinantes para o sucesso da atividade. Se por um lado representa um custo expressivo na composição da produção, por outro, é a genética futura. Assim, a criação deve ser econômica e eficiente. No entanto, esta categoria é normalmente a que recebe menor atenção por parte do produtor. Por não produzir leite, a novilha não traz retorno econômico imediato, levando o produtor a negligenciar maiores cuidados principalmente na parte nutricional, assim a busca por alimentos alternativos, é uma maneira de minimizar os gastos com o animal até a fase de produção. Em todos os estados do Brasil a mandioca é cultivada, sendo que cerca de 80% da produção é destinada à indústria de farinha, principalmente na região Nordeste onde o beneficiamento da mandioca nas indústrias farinheiras se dá através da retirada da "casca da mandioca", subproduto com valor nutritivo semelhante ao do milho que pode ser aproveitado na alimentação animal (Caldas Neto et al., 2000). O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da substituição do milho pela casca de mandioca (CM), em rações completas para novilhas leiteiras, sobre o consumo e o ganho diário de peso.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado na fazenda Pedra Preta, município de Itambé/PE, zona da mata norte do estado. Foram utilizadas 24 novilhas da raça Pitangueiras, com peso inicial médio de 190 ±13 kg, sendo distribuídas em três currais com comedouros e bebedouros individuais e recebendo uma dieta balanceada com 59% de feno de capim-braquiária, para proporcionar ganho de peso de 500 g/dia, segundo recomendações do NRC (1981). Os tratamentos consistiram na substituição do milho pela casca de mandioca em níveis de 0%, 33%, 66% e 100%. O período experimental foi de 90 (noventa) dias, sendo 10 (dez) de adaptação. O desempenho foi avaliado através do consumo diário de ração e o ganho de peso semanal de cada animal. A ração era ofertada duas vezes ao dia na forma de mistura total de modo a proporcionar 10% de sobras, e água à vontade. Os ingredientes das rações e as sobras foram analisados de acordo com as metodologias descritas por Silva (1990), no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE. Os animais foram distribuídos em blocos casualizados de acordo com o peso inicial, com quatro tratamentos (níveis de substituição) e seis repetições. Foram feitas as análises de variância e regressão, utilizando-se o Statistical Analysis System (SAS, 1999).
RESULTADOS:
O consumo médio diário de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF) e carboidratos totais (CHOT) apresentou relação linear decrescente, sendo mais acentuada no nível de 100% de substituição, podendo ser associado com a menor taxa de passagem da FDN em relação aos demais constituintes dietéticos, promovendo o enchimento e a maior permanência da digesta no rúmem-retículo (Silva, 2000). Resultados semelhantes foram encontrados por Jorge et al. (2002), trabalhando com a substituição do milho pela farinha de varredura, na alimentação de bovinos, para o consumo de MS, PB e FDN. O consumo de FDA apresentou relação quadrática com a substituição do milho pela CM. Já para o consumo de FDN, não houve diferenças significativas. Para níveis de até 33% de substituição do milho pela casca de mandioca o ganho de peso médio diário foi melhor (T0 = 806g e T33 = 694,11g) que nos níveis (T66 = 379,86g e T100 = 190,72 g). Os tratamentos T0 e T33 também foram superiores ao T66 e T100, quando se comparou a conversão alimentar, apresentando as seguintes médias: T0 = 10,42; T33 = 11,72; T66 = 21,06 e T100 = 32,33.
CONCLUSÃO:
Os presentes resultados mostraram que apesar da redução da ingestão de nutrientes, o ganho de peso médio diário e a conversão alimentar foi satisfatória para a inclusão da casca de mandioca em substituição do milho em níveis de até 33% de substituição, podendo desta forma, a casca de mandioca ser utilizada como ingrediente na dieta de novilhas leiteiras em desenvolvimento.
Palavras-chave: Alimentação, Casca de Mandioca, Subproduto.