62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O OLHAR DE PAIS E PROFESSORES SOBRE AS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Elurdiane de Sousa Monte 1
Luiza Ivana de Araújo 2
1. Aluna do Curso de Pedagogia, Faculdades da Escada - FAESC/SOESE
2. Professora do Curso de Pedagogia, Faculdades da Escada - FAESC/SOESE
INTRODUÇÃO:

Os antecedentes históricos da educação infantil revelam que os primeiros atendimentos realizados junto às crianças visavam à guarda e a substituição da família quanto aos cuidados, contribuindo para que essa instituição se configurasse como um refúgio assistencial (Oliveira, 2002). Historicamente 4 funções lhe foram atribuídas: cuidado/guarda, educação/socializalização, compensação de carências e de socialização visando projetos políticos (Rosemberg, 2008). Atualmente, a introdução da educação infantil no sistema de ensino e de sua função educativa tem provocado inúmeras discussões, entre elas, o atendimento à criança. A reflexão a respeito das mudanças que essas instituições vêm enfrentando ao longo de sua trajetória, quanto à redefinição do seu papel e funções, culminou com a investigação da concepção de pais e professores sobre o atendimento prestado à criança pequena em creches e pré-escolas.

Acreditamos que as discussões realizadas possibilitam à reflexão e o constante repensar das práticas desenvolvidas na educação infantil, contribuindo dessa forma para fomentar o debate sobre propostas pedagógicas para esse nível de ensino; como também para fornecer informações aos pais, educadores e a sociedade sobre os rumos da educação prestada as crianças pequenas.

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada nesse estudo foi de natureza qualitativa, uma vez que esse tipo de abordagem garante uma melhor compreensão dos fatos investigados (Minayo,1994).

A pesquisa foi desenvolvida em 2 instituições de educação infantil, uma creche pública municipal e uma escola municipal de atendimento infantil, localizada na cidade da Gameleira, Mata Sul de Pernambuco. Essas instituições atendem crianças de 0 a 5 anos.

Participaram do estudo 3 professores que atuam na educação infantil de cada uma das instituições que compõe a nossa amostra e 3 pais por escola, constituindo um total de 12 entrevistados.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: a observação direta e a entrevista semi-estruturada. A observação nos permitiu conhecer a prática de atendimento das instituições, e a entrevista à obtenção detalhada de informações relevantes a temática estudada, como também o perfil dos profissionais. Esse último se revelou inadequado às necessidades de trabalho para com as crianças.

Os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa. A análise quantitativa incidiu-se sobre o percentual de respostas dadas em um campo semântico a uma mesma categoria, e a qualitativa sobre as idéias de pais e professores quanto ao atendimento prestado à criança pequena.

 

RESULTADOS:

Os achados revelaram que apesar dos avanços teóricos no âmbito da educação infantil, o modelo de atendimento presente nas práticas volta-se à substituição da família, ou seja, à guarda, proteção e alimentação das crianças.

Essa perspectiva de atendimento foi observada no depoimento de aproximadamente 67% dos entrevistados. Pais e professores, de modo geral partilham a mesma concepção de atendimento, ou seja, a visão assistencial de atendimento à criança pequena. Apenas 33% si reportaram ao caráter pedagógico do atendimento às crianças nas instituições de educação infantil. Esse fato é preocupante, visto que os pais entrevistados não dispunham de formação sobre a temática em questão, além da baixa escolaridade, enquanto que os professores possuem a formação mínima exigida para atuar nesse nível de ensino; o médio, na modalidade normal (Lei 9.394/96).

Parece que a formação inicial e a continuada não estão sendo suficientes para redimensionar práticas teoricamente superadas, mas presentes no cotidiano das instituições de educação infantil. É urgente a necessidade de políticas e encaminhamentos legais que possam ajudar na mudança da perspectiva de atendimento, já que o objetivo e a natureza educação infantil esboçada pelos documentos envolve o binômio cuidar/educar (Kramer, 2008).

 

CONCLUSÃO:

A trajetória da educação infantil tem sido marcada por um longo processo de transformações que a desvincula do caráter assistencial inicialmente vinculado à instituição. Tais transformações provocaram mudanças significativas na Educação infantil, que tiveram seus papéis redefinidos conforme as novas formas de organização da sociedade (Oliveira, 2002).

Atualmente a educação infantil tem se configurado como primeira etapa da educação básica, que tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (LDB, 1996).

Todavia, compreendemos que o maior desafio para Educação infantil hoje, diz respeito às mudanças nas práticas de atendimento às crianças quanto à efetivação da nova função social atribuída a essa instituição. Ou seja, a perspectiva de Cuidar e Educar. A efetivação dessa prática parece estar vinculada a formação inicial e continuada dos professores. Segundo Leite (2008) somente a qualificação pode trazer competências e saberes necessários para alterar o cotidiano das instituições, revertendo em melhoria no desenvolvimento infantil. Dessa forma se faz urgente o estabelecimento de medidas e encaminhamentos legais para atingir o objetivo da educação infantil.

Palavras-chave: História da educação infantil, Atendimento à criança pequena, Prática pedagógica..