62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Luciana Patrícia Oliveira 1
Luiza Ivana de Araújo 2
1. Aluna do Curso de Pedagogia, Faculdades da Escada - FAESC/SOESE
2. Profa. Msc./Orientadora - Depto de Pedagogia, Faculdades da Escada - FAESC/SOESE
INTRODUÇÃO:

O objetivo desse estudo é o de investigar as concepções dos professores sobre a afetividade e sua relação com o desenvolvimento infantil. Do ponto de vista teórico e legal, deseja-se que os professores contemplem em suas práticas a construção de vínculos afetivos e o estabelecimento do diálogo. O RCNEI (1998) afirma que o estabelecimento de vínculos afetivos é necessário e fundamental às práticas a serem vivenciadas na Educação Infantil. Esse documento diz que à medida que a criança si sente segura e acolhida no ambiente, ela passa a explorá-lo, desenvolvendo sua autonomia e ampliando seus conhecimentos sobre o mundo natural e social. Wallon (Apud Oliveira, 2004) também destaca a importância da afetividade no desenvolvimento infantil. Para ele, a afetividade favorece o desenvolvimento da personalidade e a construção do pensamento.

Por acreditarmos que a afetividade é um elemento dentro do processo de ensino-aprendizagem que possibilita a formação integral da criança, e que só uma prática pedagógica pautada nesses elementos propiciará esse desenvolvimento é que nos propusemos a investigar a presença da afetividade nas práticas das instituições de educação infantil, nas relações estabelecidas entre educador/crianças e possíveis contribuições ao desenvolvimento integral das crianças.
METODOLOGIA:

A Pesquisa desenvolvida foi de natureza qualitativa. A opção por essa abordagem está no fato da mesma oferecer informações detalhadas sobre o objeto de estudo (Minayo,1994).

Participaram do estudo 05 professores da Educação Infantil do município de Ribeirão - Mata Sul de Pernambuco. Eles foram submetidos à entrevista semi-estruturada com questões referentes à afetividade na educação infantil. Esse instrumento nos possibilitou conhecer suas idéias e as influências de suas concepções sobre o desenvolvimento das crianças.

A escolha desse instrumento direcionou o caminho a ser seguido por nós, oportunizando paralelamente os entrevistados a fazerem ressalvas e considerações significativas a respeito da temática. Para Paton (1986) a principal característica das "pesquisas qualitativas" é o fato de que essas seguem a tradição "compreensiva" e/ou "interpretativa".

À observação não-participante também foi utilizada para coleta de dados. Ela nos possibilitou realizar a articulação entre o discurso e a prática desenvolvida pelo professor.

Os achados foram analisados quantitativamente e qualitativamente. A análise quantitativa incidiu-se sobre o percentual de respostas dadas em um campo semântico a uma mesma categoria, e a qualitativa sobre as concepções e práticas desenvolvidas pelos professores.

RESULTADOS:

A análise dos dados revelou que as professoras concebem a afetividade como sendo algo ligado a construção de vínculos emocionais, como: afeto, carinho e sentimentos e à aprendizagem da criança. Todas afirmaram que a afetividade é um elemento presente no âmbito escolar. 80% afirmaram que a afetividade está presente nas práticas, porque ela é fundamental a aprendizagem das crianças e a sua formação crítica. Enquanto, 20% justificaram sua presença em atendimento a uma prescrição legal.

A relação professor-aluno está baseada na afetividade (60%) e no cumprimento de deveres educacionais, 40%. As professoras, em sua maioria, 80%, concebem o aluno como protagonista, um ser ativo e crítico. Embora 20%, ainda, cultive uma visão passiva de sujeito, reconhecendo-o como um elemento que precisa ser moldado e que recebe informações de um adulto que detém o saber.          

As observações do contexto escolar revelaram que as professoras estabelecem relações afetuosas com seus alunos. A maior parte da professoras dispensava carinho e respeito às crianças. O ambiente era favorável ao desenvolvimento do diálogo e à relações amistosas. De acordo com os dados adquiridos mediante as entrevistas, podemos vislumbrar a coerência entre o discurso e a prática observada em sala de aula.

CONCLUSÃO:

Durante a vida construímos nossa identidade e contentamento pessoal a partir de afetos, desafetos, prazeres, descontentamentos, alegrias e conquistas, que são mobilizados através de múltiplas vivências.

A escola infantil é um desses espaços, de convivências e de relações que deve valorizar o indivíduo como todo, respeitando sua singularidade. Cabe ao professor promover situações que respeitem as diferenças e estimulem a troca entre as crianças, e dessas com os adultos (RCNEI,1998).

Os nossos achados revelaram que as professoras, em sua maioria, são afetuosas com as crianças e estabelecem relações amistosas. A visão predominante de aluno é a de um ser ativo. Na realidade, há uma atmosfera favorável ao desenvolvimento integral da criança, no tocante à afetividade.

As crianças da educação infantil precisam vivenciar situações de valorização, respeito e afeto. Elas precisam interagir em diversos contextos para construir vínculos afetivos, desenvolver a autonomia, conhecimentos e valores necessários a participação em sociedade. Enfim, acreditamos que o nosso trabalho trás uma reflexão que exige uma resposta quanto à valorização da afetividade nas propostas pedagógicas comprometidas com o desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Afetividade, Desenvolvimento Infantil, Prática pedagógica.