62ª Reunião Anual da SBPC

F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 10. Teoria Econômica

A REGULAÇÃO DOS MERCADOS FINANCEIROS NOS ESTADOS UNIDOS ENTRE 1980 E 2010.

Ivan Marinho de Barros 1 Vitor Eduardo Schincariol 1

1. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade / FEAC - UFAL

INTRODUÇÃO:

O rápido desenvolvimento dos mercados de finanças na economia norte-americana ajudou, ao longo dos últimos trinta anos (1980-2010), a contrabalançar os impactos recessivos da queda relativa da produção industrial neste país. Tal desenvolvimento foi impulsionado pelo crescimento do endividamento externo da economia e pelas sucessivas políticas de desregulamentação de tais mercados. Contudo, apesar de estes ganhos serem expressões da queda relativa da lucratividade no setor industrial, e do endividamento externo crescente, os aumentos dos canais de financiamentos para todos os setores da economia ajudou, por seu turno, a suprir mais facilmente a demanda de crédito. Isto teve como impacto geral a queda nos custos de empréstimos, via juros baixos, com impactos positivos também para a redistribuição indireta de riqueza para faixas de renda menores.

METODOLOGIA:

O trabalho é fundamentado na coleta e análise de dados do Federal Reserve e do Official Bureau of Economic Analysis. A análise detalhada dos dados coletados permitiu a montagem de tabelas e a comparação das principais variáveis regentes do mercado financeiro norte-americano. Para o desenvolvimento do trabalho, fez-se uso dos softwares estatísticos Eviews e Excel. O arcabouço teórico é pós-keynesiano, seguindo H. P. Minsky.

RESULTADOS:

A queda consolidada da acumulação de capital fixo foi então contrabalançada em partes com um aumento do crédito a afrouxar as restrições sobre o crescimento. A estabilidade do comportamento da base monetária até o ano passado (2009) expressava igualmente a facilidade para o financiamento privado das contas deficitárias do governo federal. Os juros baixos ajudavam na manutenção de baixos preços. Este trabalho propõe-se então a rever algumas das políticas norte-americanas que paulatinamente construíram a instabilidade que ajudou a desencadear a atual crise, enfocando medidas tais como: o "Depository Institutions Deregulation and Monetary Control Act of 1980", sob o governo de Ronaldo Reagan (1981-1988), que permitiu livre flutuação das taxas de juros e diversificação de investimentos para instituições de depósito; o "Gramm-Leach-Bliley Act (GLBA)", sob governo de Bill Clinton (1993-2000) que reviu a separação entre bancos de depósitos e de investimento prevista pelo Glass-Steagall Act de 1933; e a lei "Sarbannes-Oxley Act 2002", sob o governo de George W. Bush (2001-2008), que deixou de apertar a legislação sobre a contabilidade das empresas privadas.

CONCLUSÃO:

Lançando mão dos dados das próprias autoridades norte-americanas, e embasado na teoria keynesiana, sob a ótica de H. P. Minsky, conclui-se que a atual crise financeira é resultado da aplicação de políticas insatisfatórias ao longo de, no mínimo, três décadas por parte do governo. Isto é, ela seria resultado de trinta anos de aplicação de políticas que aceleraram o desempenho do multiplicador bancário e da taxa de endividamento doméstico, e levaram a mais instabilidade, ante-sala de uma crise de grandes proporções.

Instituição de Fomento: PET - MEC/SESu

Palavras-chave: Regulação, Sistema financeiro, Crise.