62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICA EM RELAÇÃO AO EXAME CITOPATOLÓGICO DE PAPANICOLAOU NA POPULAÇÃO FEMININA DE FLORIANO, PIAUÍ.
Humberto Medeiros Barreto 1
Carla Lorenna Ferreira de Albuquerque 1
Marla da Paschoa Costa 1
Juciane Vaz Rego 1
Paulo Roberto Medeiros de Azevedo 3
José Veríssimo Fernandes 2
1. Campus Amílcar Ferreira Sobral, Universidade Federal do Piauí - UFPI
2. Depto. de Parasitologia e Microbiologia, Universidade Federal do Rio Grande do N
3. Depto. de Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
O câncer de colo uterino (CCU) é a segunda causa de morte por câncer entre mulheres no mundo, com maior incidência nos países em desenvolvimento. Hoje não resta mais qualquer dúvida, de que a infecção da cérvice uterina por HPVs de alto potencial oncogênico se constitui no principal fator de risco para essa neoplasia maligna. O exame citológico de Papanicolaou é um método simples e de baixo custo, que permite detectar alterações da cérvice uterina decorrentes da infecção por HPV, a partir de células descamadas do epitélio, o qual se constitui até hoje, o método mais indicado para o rastreamento do CCU em larga escala. Contudo, estima-se que cerca de 40% das mulheres brasileiras nunca fizeram esse exame. Na região Nordeste, as informações a respeito dos índices de cobertura e dos fatores associados à não realização deste exame são ainda escassas. O presente estudo teve como objetivos estimar o índice de cobertura do exame de Papanicolaou no município de Floriano, PI, bem como analisar a adequação dos conhecimentos, atitudes e prática das mulheres deste município em relação ao exame e identificar possíveis barreiras a sua realização.
METODOLOGIA:
Trata-se de um inquérito domiciliar com abordagem quantitativa envolvendo 105 mulheres residentes na zona urbana, do município de Floriano-PI, com idade igual ou superior a 15 anos, selecionadas de forma aleatória e entrevistadas no período de novembro de 2009 a fevereiro de 2010. A amostra foi estratificada com base na renda familiar tendo como parâmetro o salário mínimo, sendo consideradas como classe baixa, as mulheres com renda familiar até um salário mínimo e de classe média, aquelas que tinham renda familiar acima de um salário mínimo.  Foram incluídas na pesquisa as mulheres dentro da faixa etária estabelecida, que concordaram em participar e se dispuseram a responder a uma entrevista por meio de questionário estruturado. Considerou-se ter conhecimento adequado sobre o exame, as mulheres que já tinham ouvido falar sobre ele, e sabiam que o mesmo era indicado para prevenir câncer de forma geral, ou especificamente o de colo do útero. A atitude foi considerada adequada quando elas consideraram necessária a sua realização periódica, apontando corretamente as razões para fazê-lo. A prática foi considerada adequada quando as mulheres afirmaram ter realizado o último exame havia no máximo três anos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI.
RESULTADOS:
Das 105 mulheres entrevistadas, apenas 22,9% apresentaram conhecimento adequado, sabendo identificar com clareza o nome do exame e a sua finalidade. O índice de cobertura do exame atingiu 86,7%, mas foi reduzido par 82,8%, quando se toma como parâmetro a recomendação do Ministério da Saúde de realização do exame pelo menos uma vez, a cada três anos. O grau de adequação do conhecimento sobre o exame foi maior entre as mulheres com idade entre 40 e 50 anos, brancas, com ensino superior e com maior renda familiar. Isso se deve possivelmente, a maior facilidade de acesso às informações pelas mulheres com estas características sócio-demográficas. O médico foi o principal agente divulgador do exame, contudo apenas 12,0% das mulheres informadas pelo médico apresentaram conhecimento adequado. Um percentual de 75,2% apresentou atitude adequada, observando-se maior grau de adequação nas mulheres com idade entre 40 e 50 anos e nas casadas ou que vivem em relação estável. A prática adequada do exame foi verificada em 82,9% das entrevistadas, com maior grau de adequação entre as mulheres brancas. As mulheres que deixaram de realizar o exame apontaram como principal barreira a sua realização, o fato de não apresentarem nenhuma sintomatologia e vergonha de fazê-lo.
CONCLUSÃO:
Apesar de um baixo percentual de mulheres ter apresentado conhecimento adequado sobre o exame citológico, a maioria delas apresentou atitude adequada, considerando ser necessária a sua realização e indicando corretamente a razão para fazê-lo. Além disso, a maioria das entrevistadas apresentou prática adequada do exame realizando o procedimento com a freqüência recomendada pelo ministério da Saúde. Embora o médico tenha sido relatado como o principal responsável pela divulgação do exame junto às mulheres, percebe-se uma carência de informação sobre o nome do exame e para que ele serve. Desta forma, mesmo considerando-se satisfatório o índice de cobertura do exame na população analisada, sugere-se aos gestores da saúde do município que procurem melhorar as informações prestadas à população sobre o exame de Papanicolaou, para que ele seve, enfatizando as vantagens e benefícios para a saúde da mulher e necessidade da sua realização periódica. Também indicam a necessidade de estratégias para que estas informações possam atingir especialmente as mulheres jovens, solteiras e com renda e escolaridade baixas.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI.
Palavras-chave: Esfregaço vaginal, Neoplasias do colo do útero, Prevenção de câncer de colo uterino.