62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
IMPACTOS ANTRÓPICOS NA RESERVA ECOLÓGICA DO JARDIM BOTÂNICO DO RECIFE-PE.
Amanda Souto Maior Peixe 1
Glaydson Thales de Albuquerque Rodrigues 1
Maria Fernanda Abrantes Torres 1
1. Departamento de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco / UFPE
INTRODUÇÃO:

Um fragmento florestal é qualquer área de vegetação natural contínua, interrompida por barreiras antrópicas (estradas, cidades, culturas agrícolas, pastagens, etc.) ou naturais (montanhas, lagos, outras formações vegetacionais, etc.), capazes de diminuir significativamente o fluxo de animais, pólen e/ou sementes (BARROS; BUENO, 2007). A Reserva Ecológica do Jardim Botânico do Recife, criada em 1987 através da Lei n° 9989 que a enquadrou nas Unidades de Conservação/Áreas Protegidas da Região Metropolitana do Recife, faz parte do Conjunto Florestal das Matas do Curado. A fragmentação deste conjunto se iniciou com a construção da BR-232, dividindo-o em dois fragmentos, um situado na margem esquerda desta rodovia, sentido Recife/Vitória de Santo Antão, no qual se localiza o Jardim Botânico e o outro na margem direita, que está sob a responsabilidade do Exército Brasileiro. No entorno desta Reserva a expansão viária e urbana tem contribuído para a degradação de um dos poucos remanescentes da Mata Atlântica da Região Metropolitana do Recife. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou realizar um levantamento preliminar dos impactos causados pela ação antrópica no Jardim Botânico do Recife e seu entorno.

METODOLOGIA:

O Jardim Botânico está localizado na porção sudoeste da cidade do Recife, entre as coordenadas de 08°04 e 08°05'S e 34°59' e 34°57'W, abrangendo uma área de 10,72 ha com cobertura vegetal constituída por Mata e Capoeira. Para a elaboração da pesquisa foram analisadas imagens aéreas dos anos de 1981 e 1997, obtidas na CONDEPE/FIDEM e de 2007, no Google Earth, foram consultados dados disponíveis em publicações, além de visitas ao local para observações, registros fotográficos e entrevistas informais com funcionários e estagiários da Reserva Ecológica.

RESULTADOS:

O Jardim Botânico do Recife e seu entorno vem sendo submetido a pressões antrópicas que contribuem para a degradação deste importante remanescente da Mata Atlântica. O isolamento deste fragmento a partir da construção da BR-232 possivelmente tem causado alterações em seus processos ecológicos resultantes do efeito de borda, tais como: extinção, dificuldade na interação entre as espécies, polinização, invasão de espécies exóticas, etc. Por se tratar de um fragmento pequeno este efeito se agrava. Estudos recentes sugerem que nos fragmentos menores que 100 ha e imersos em matrizes dominadas por atividades antrópicas, as extinções associadas à perda de habitat podem erodir, drasticamente, a biodiversidade (GASCON et al., 2000 apud TABARELLI; GASCON, 2005). Baseado nas análises das fotografias aéreas constatou-se que houve um acelerado processo de urbanização na sua área de entorno, principalmente ocupações irregulares de população de baixa renda. Segundo os entrevistados, as comunidades estabelecidas nas proximidades têm contribuído para sua degradação através de práticas impactantes dentro da Reserva, tais como: corte de madeira, captura de animais e deposição de resíduos sólidos, o que torna evidente a necessidade de um maior controle da área visando assegurar sua conservação.

CONCLUSÃO:

Com base nas análises realizadas nas visitas a campo e fotografias aéreas foi constatado que o Jardim Botânico do Recife possui uma matriz essencialmente urbana, provocando assim o efeito de borda, que tem alterado e reduzido os processos ecológicos no fragmento. Apesar de estar enquadrada entre as Unidades de Conservação da Região Metropolitana do Recife, esta Reserva Ecológica necessita com urgência de um plano de manejo e gestão que garanta a conservação de seus recursos naturais, já que além de abrigar uma rica biodiversidade, possui atratividades como herbário, orquidário, carpoteca, xiloteca, jardim sensorial e ecumênico, além de oferecer atividades didáticas e de lazer.

Palavras-chave: Mata Atlântica, Fragmentação de Ecossistemas, Degradação Ambiental.