62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICA EM RELAÇÃO AO PAPILOMAVÍRUS HUMANO NA POPULAÇÃO FEMININA DE FLORIANO, PIAUÍ.
Felipe Moreira Nunes 1
Juciane Vaz Rego 1
José Veríssimo Fernandes 2
Paulo Roberto Medeiros de Azevedo 3
Tázia Moura Cardoso do Vale 1
Humberto Medeiros Barreto 1
1. Campus Amílcar Ferreira Sobral, Universidade Federal do Piauí - UFPI
2. Depto. de Parasitologia e Microbiologia, Universidade Federal do Rio Grande do N
3. Depto. de Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
O vírus do Papiloma Humano (HPV) é uma das causas mais freqüentes de infecção sexualmente transmissível entre as populações humanas de todo o mundo, especialmente entre as mulheres jovens, constituindo-se em um grave problema de saúde pública, nos países em desenvolvimento, onde é favorecida pelos baixos níveis sócio-econômicos e educacionais. São conhecidos atualmente mais de 120 diferentes tipos de HPV, dos quais cerca de 40 infectam o trato genital, onde pode permanecer na forma latente, ou causar uma infecção produtiva com a presença de lesões pré-malignas de diferentes graus, que podem progredir para lesões malignas. Os HPVs genitais são classificados, de acordo com seu potencial oncogênico, em dois grupos: os de baixo risco, que normalmente não estão associados ao câncer, e os de alto risco, que são reconhecidos como causa necessária, mas não seja suficiente, do câncer do colo uterino (CCU). A falta de conhecimento da infecção e dos fatores de risco que expõem as mulheres ao HPV contribui para a manutenção e disseminação do vírus na população, o e pode elevar a incidência do CCU e lesões precursoras. O presente estudo teve como objetivo avaliar o grau de conhecimento, atitude e a prática das mulheres do município de Floriano, Piauí, em relação ao HPV.
METODOLOGIA:
Trata-se de um inquérito domiciliar com abordagem quantitativa envolvendo 105 mulheres da zona urbana, do município de Floriano-PI, com idade igual ou superior a 15 anos, selecionadas de forma aleatória e entrevistadas no período de novembro de 2009 a fevereiro de 2010. A amostra foi estratificada com base na renda familiar, tendo como parâmetro o salário mínimo, sendo um grupo com renda de até um salário mínimo, considerado como classe baixa, e outro com renda superior a um salário mínimo considerado classe média. Os critérios de inclusão foram os seguintes: mulheres residentes no município dentro da faixa etária estabelecida, que concordaram em participar da pesquisa e se dispuseram a responder a uma entrevista por meio de questionário estruturado. Considerou-se ter conhecimento adequado do HPV, as mulheres que já tinham ouvido falar dele e sabiam de sua associação com o CCU e que se transmite pelo contato sexual. A atitude foi considerada adequada quando elas souberam identificar o HPV como principal causa de CCU. A prática foi considerada adequada quando as mulheres demonstraram ter consciência de que estão expostas ao risco de CCU, se não realizar o exame preventivo periodicamente. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI.
RESULTADOS:
Das 105 mulheres, entrevistadas 72 foram classificadas como de baixa renda e 33 de classe média. Apenas 16,2% delas apresentaram conhecimento adequado sobre o HPV e 20,0% mostraram possuir atitude adequada, associando o HPV de alto risco com o CCU. Por outro lado, 73,3% apresentaram prática adequada em relação ao vírus, demonstrando ter consciência da exposição ao risco de CCU, se não realizar o exame preventivo periodicamente. O baixo grau de conhecimento e de atitude frente ao vírus, quando comparado à prática deve-se possivelmente, a deficiência na informação que estão recebendo sobre o CCU, em que a doença é associada a não realização do exame preventivo, mas sem mencionar a sua causa. A adequação do conhecimento e atitude sobre o HPV foi maior nas mulheres com idade maior ou igual a 40 anos, brancas, evangélicas, com ensino médio ou superior, casadas ou que vivem em relação estável e com maior renda familiar. A adequação da prática em relação ao HPV foi maior nas mulheres com ensino superior e maior renda. Isso pode ser devido a maior facilidade de acesso às informações sobre o vírus e o que ele pode causar. No caso das casadas, porque receberam melhor orientação médica, ao procurar os serviços de saúde para fazer controle familiar ou pré-natal.
CONCLUSÃO:
Os resultados mostram que, embora a grande maioria das mulheres entrevistadas não tenha apresentado conhecimento nem atitude adequada frente à infecção pelo HPV, revelam por outro lado, que a maioria delas apresentou prática adequada em relação ao vírus. Isto significa dizer que estas mulheres, provavelmente estão sendo informadas de que se não fizerem o exame citológico de Papanicolaou correm maior risco de ter CCU, mas não estão recebendo informação sobre a causa principal dessa doença e nem sobre as medidas que devem ser adotadas para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo agente causador. Isso sugere a necessidade de um maior empenho por parte dos gestores da saúde do município, no sentido de oferecer as informações corretas sobre a infecção pelo HPV, a forma de transmissão, o que deve ser feito para preveni-la e sua relação direta com o CCU. Também indicam a necessidade de adoção de estratégias para que estas informações possam atingir principalmente as mulheres mais jovens, solteiras, de baixa renda e baixo grau de escolaridade.
Instituição de Fomento: Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI.
Palavras-chave: Papilomavírus humano, Neoplasias do colo do útero, Prevenção do câncer do colo de útero.