62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
Estrutura Populacional de Prosopis juliflora (Sw.) D. C. no Leito de um Rio Temporário na Microrregião do Cariri Paraibano
Lamartine Soares Bezerra de Oliveira 1
Juliano Ricardo Fabricante 2
Klerton Rodrigues Forte Xavier 2
Vítor Serrano Gomes 3
Francisco Thiago Coelho Bezerra 4
Leonaldo Alves de Andrade 5
1. Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFRPE, Recife/PE
2. Programa de Pós-graduação em Agronomia, CCA-UFPB, Areia/PB
3. Graduação em Ciências Biológicas, CCA-UFPB, Areia/PB
4. Graduação em Agronomia, CCA-UFPB, Areia/PB
5. Profº. Associado do Laboratório de Ecologia Vegetal, CCA-UFPB, Areia/PB
INTRODUÇÃO:

Dentre os diversos fatores responsáveis pela degradação das paisagens naturais destaca-se a conversão de terras, as mudanças climáticas, a poluição, a exploração não-sustentável e, a introdução de espécies exóticas. Esta última vem sendo apontada como uma das principais causas de perda de biodiversidade, ficando atrás apenas da fragmentação de habitat.

Pesquisas realizadas em diversos países vêm ressaltando os impactos causados por espécies exóticas invasoras sobre os ambientes naturais. No Brasil, particularmente na caatinga, a situação é muito crítica, cuja pressão antrópica exercida sobre esse ecossistema, somada às suas características naturais, concorrem para acentuar a degradação do meio biofísico, levando à exaustão dos recursos e facilitando dessa forma, a invasão e o estabelecimento de espécies exóticas, a exemplo de Prosopis juliflora (Sw.) D.C.

Estima-se que as áreas invadidas por esta espécie no semiárido brasileiro já ultrapassem um milhão de hectares, e devido a atual situação de preservação dos sítios favoráveis ao seu estabelecimento, esse valor deve aumentar significativamente nos próximos anos. 

Neste sentido, este trabalho objetivou avaliar a estrutura de uma população de P. juliflora estabelecida no leito de um rio temporário na microrregião do Cariri paraibano.

METODOLOGIA:

A área estudada constitui um trecho do leito do Rio Serra Branca (7º23'27''S, 36º31'58''W), no município de São João do Cariri, microrregião do Cariri da Paraíba. O levantamento foi realizado no mês de março de 2008, decorridos 19 meses da última cheia, este evento dizimou todas as populações existentes no leito do rio. Foram demarcados 30 transectos eqüidistantes 30 metros entre si; estes transectos foram utilizados para locação dos pontos quadrantes, que foram plotados a cada cinco metros das margens do rio e também entre si. Os indivíduos vivos mais próximos do ponto de intersecção, à razão de um indivíduo em cada quadrante, foram inventariados, tomando-se a distância média dos mesmos em relação a este ponto, o diâmetro ao nível do solo (DNS) e a altura dos referidos espécimes.

Os indivíduos amostrados foram distribuídos em classes de freqüência, segundo o DNS e a altura. Para a análise estrutural foram utilizadas as classes de freqüência do DNS devido a dificuldades na determinação de estádios de desenvolvimento pelas características fenotípicas da espécie, sendo que todas as classes que apresentaram menos de cinco indivíduos foram analisadas na classe antecedente.  A estrutura da população foi determinada pela densidade absoluta e relativa; freqüência absoluta e relativa.

RESULTADOS:

Foram demarcados 191 pontos e amostrados 764 indivíduos de P. juliflora. A população inventariada se estabeleceu após a última cheia do rio, observando-se que o DNS e a altura dos indivíduos com no máximo um ano e meio de idade, variando de 0,12 a 8,27cm e 0,01 a 3,0m, respectivamente.

População foi distribuída em dez classes de freqüência, em que observou o maior número de indivíduos na primeira classe de DNS, 84,16% (0,12 a 0,93cm), passando para 9,5% (0,93 a 1,75cm) na segunda classe, e diminuindo o percentual conforme aumenta o diâmetro, formando a curva exponencial "J invertido", indicando estabilidade da população e revelando a adaptação da invasora no ambiente analisado.

No que se refere à altura, observou  distribuição semelhante ao DNS, que 66,75% dos indivíduos encontravam-se na primeira classe de altura (0,1 a 0,309m), diminuindo o número de indivíduos conforme aumenta as classes.

O valor estimado da densidade de P. juliflora foi de 2404,73 indiv.ha-1, em que 2023,87 indiv.ha-1 correspondem aos indivíduos da primeira classe diamétrica. Na primeira classe, foi observado ainda os maiores valores de densidade e freqüência, tanto relativa quanto absoluta. Elevados valores para uma espécie demonstram a competitividade e como se encontra sua adaptação ao ambiente ocupado.

CONCLUSÃO:

P. juliflora está caracterizada como invasora na área estudada apresentando alta eficiência no estabelecimento e colonização desse novo sítio;

A estrutura da população estudada revela alta capacidade competitiva de P. juliflora, cujos valores de DNS e altura dos indivíduos, com no máximo um ano e meio de idade, conferem à invasora efetivas vantagens competitivas em relação às espécies autóctones.

Palavras-chave: Caatinga, Invasão Biológica, Algaroba.