62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ENRAIZAMENTO, EM ÁGUA, DE BROTAÇÕES E PONTEIROS DE CULTIVARES DE MANDIOCA DE MESA
Alessandra Ribeiro Rodrigues 1
José Maria Arcanjo Alves 2
Sandra Cátia Pereira Uchôa 3
José de Anchieta Alves de Albuquerque 3
Guilherme Silva Rodrigues 4
Márcio Mesquita Barros 4
1. Engª Agrônoma - UFRR
2. Prof. Dr. do Curso de Agronomia - UFRR / Orientador
3. Prof. Dr. do Curso de Agronomia - UFRR
4. Mestrando em Agronomia - UFRR
INTRODUÇÃO:
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma espécie originária da América do Sul, possivelmente do Brasil, sendo cultivada nas diversas regiões do mundo por apresentar tolerância às condições adversas de clima e solo. É uma cultura que tem propagação tipicamente agâmica, multiplicando-se por meio de segmentos da haste, ramas ou manivas (estacas). Uma das limitações para aumentar a produtividade da mandioca tem sido a insuficiente disponibilidade de material para o plantio, devido à propagação vegetativa da mandioca e ao sistema tradicional para a obtenção das estacas para plantio, no qual a propagação da cultura por manivas ocasiona baixa produção pelo envelhecimento fisiológico provocado pela constante multiplicação e a infestação por doenças. Assim, a técnica de propagação rápida para mandioca surgiu como um instrumento capaz de minimizar os problemas oriundos da má qualidade de manivas e principalmente aumentar a disponibilidade destas, o que permitiria ampliar em até cem vezes a taxa de multiplicação da mandioca em um curto espaço de tempo, além de ser uma técnica barata e de fácil acesso. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a capacidade de enraizamento, em água, de brotações e ponteiros de clones de mandioca de mesa por meio da técnica de propagação rápida.
METODOLOGIA:
Dois experimentos foram instalados na área experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima, Boa Vista - RR, utilizando duas cultivares de mandioca de mesa, Aciolina e Pão, para avaliação da capacidade de enraizamento em recipientes plásticos contendo 400mL de água filtrada (trocada diariamente) de ponteiros e brotações. Os ponteiros de 20 cm eram provenientes do ápice da haste principal de plantas com 6 meses de idade e as brotações provenientes de mini-estacas (3 a 5 cm) multiplicadas por meio da propagação rápida. Após o corte dos ponteiros e brotações, retirou-se as folhas, deixando-se apenas as últimas três folhas, fez-se as medições do diâmetro da base, número de cicatrizes foliares e altura da planta em que foi retirado o ponteiro ou tamanho da brotação. Aos 20 dias, avaliou-se a percentagem de brotações com primórdios radiculares e o número de folhas verdes. As brotações e ponteiros que emitiram primórdios radiculares foram plantados em sacos plásticos onde se avaliou a sobrevivência destas brotações aos 20 dias. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado. Os dados das variáveis analisadas foram submetidos à análise de variância (p<0,5). Para a comparação das médias empregou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
As brotações das duas cultivares apresentaram um comprimento médio de 14,96 cm, com 8 a 9 cicatrizes foliares. Já os ponteiros, foram retirados de plantas com altura média de 0,995 m para a cultivar Pão e de 1,087 m para a cultivar Aciolina. O diâmetro da base das brotações mostrou-se diferente, com o menor diâmetro (4,85 mm) para Aciolina. Os ponteiros da cultivar Pão apresentaram um maior diâmetro da base (14,12 mm) e maior número de cicatrizes foliares (16,26) em relação aos ponteiros da Aciolina. Quanto a emissão de primórdios radiculares e/ou raízes, a cultivar Pão apresentou o maior percentual (94,0 %), contra 70,0 % da cultivar Aciolina nas brotações. Na avaliação dos ponteiros, a cultivar Pão apresentou o maior percentual, 63,0 %, contra 24,0 % da cultivar Aciolina. As cultivares não diferiram quanto ao número de folhas verdes presentes, permanecendo duas folhas nas brotações e uma folha nos ponteiros. As brotações e os ponteiros da cultivar Pão apresentaram uma maior sobrevivência após serem transplantadas. O maior diâmetro da base das brotações da cultivar Pão pode ter contribuído para o aumento da emissão de raízes e, conseqüentemente, na sobrevivência após o transplante.
CONCLUSÃO:
Considerando as características avaliadas no presente estudo, os resultados obtidos permitiram concluir que a cultivar Pão apresentou a maior capacidade em emissão de primórdios radiculares e raízes em relação ao clone Aciolina, tanto nas brotações quanto nos ponteiros. A cultivar de mandioca de mesa Pão apresenta uma alta capacidade de enraizamento quando se utiliza o método de propagação rápida por meio de micro-estacas. A capacidade de enraizamento, em água, de brotações e ponteiros de plantas de mandioca depende do fator genético. A utilização de manivas herbáceas só se justifica quando da introdução de novas variedades ou da escassez de materiais para propagação adotando-se, de preferência, o processo de multiplicação rápida.
Palavras-chave: Manihot esculenta, Propagação rápida, Mini-estaca.