62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
A PREVALÊNCIA DE HOMENS EM ACIDENTES E AGRAVOS NUM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: UMA PERSPCTIVA DE GÊNERO.
Micael Felipe de Albuquerque Cabral 1
Rodrigo Jácob Moreira de Freitas 2
Danielle Lorene de Lima Rebouças 3
Ylana Lays Menezes da Silva 4
João Bosco Filho 5
1. Acadêmico do 5º período da Universidade Potiguar - UNP.
2. Acadêmico do 9º período da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
3. Acadêmico do 5º período da Universidade Potiguar - UNP.
4. Acadêmico do 5º período da Universidade Potiguar - UNP.
5. Prof. Ms./Orientador - Da Universidade Potiguar - UNP
INTRODUÇÃO:
Após décadas de violência, repressão e assimetria social impostos por uma sociedade machista e sexista, os movimentos feminista e gay-lésbico iniciaram, no Brasil, a problematização das relações de poder e gênero. Nesse contexto, a masculinidade hegemônica era reprodutora de símbolos que discriminavam, agrediam, abusavam e corrompiam sexualidades ditas como "inferiores", depositando nos homens uma generalização reducionista. Apontado pelo Ministério da Saúde como o gênero que morre mais precocemente por acidentes automobilísticos, armas de fogo e violência os homens passaram a ser vistos como alvo da Política de Atenção Integral a Saúde do Homem visando à titularidade de seus direitos. Dessa forma, o presente trabalho objetiva problematizar aspectos da sexualidade masculina, que podem prejudicar a saúde de ambos os gêneros, buscando identificá-los junto à prevalência de acidentes e agravos num Hospital Regional de Urgência e Emergência do Estado do Rio Grande do Norte, no setor do Pronto Socorro masculino e feminino, dentro de uma abordagem relacional de gênero.
METODOLOGIA:
Este estudo é de caráter qualitativo, pois parte de uma investigação que procurou problematizar aspectos relacionados ao fenômeno da sexualidade masculina, dentro de um panorama de prevalência de acidentes e agravos num Hospital Regional de Urgência e Emergência que atende uma demanda diversificada de problemas causados por violência. A construção dos dados se deu a partir de um questionário semi-estruturado para que posteriormente fosse praticada a técnica de entrevista com os profissionais de saúde do setor. As entrevistas foram gravadas em aparelho MP4 para logo após, serem submetidas à transcrição. As questões permeavam em torno do maior número de atendimentos por sexo, as causas mais freqüentes de internação e morte, além da faixa etária dos sujeitos sociais atendidos no pronto socorro. Em termos de procedimento analítico, utilizamos os princípios hermenêuticos-dialéticos para a interpretação do contexto, das razões e das lógicas dos depoimentos que giraram em torno da temática do estudo buscando identificar um contexto cultural mais amplo. Desse modo, preparamos uma síntese interpretativa, buscando articular o objeto de estudo, a base teórica adotada e dados empíricos.
RESULTADOS:
O Hospital Regional que atende a especialidade de Urgência e Emergência é pólo de referência de toda uma região, atendendo um grande número de pessoas dos mais diversos grupos sociais, causadores e vítimas de incidentes relacionados à violência. A maior prevalência de atendimentos é caracterizada por lesões com envolvimento em acidentes automobilísticos, principalmente relacionados ao álcool. Logo em seguida atendimentos a lesões e homicídios causados por arma de fogo, todos prevalentes ao público jovem masculino, que segundo os profissionais da unidade, são os maiores causadores desses incidentes. Posteriormente, as morbidades e as doenças crônico-degenerativas estão em maior prevalência na faixa etária idosa, tendo homens em sua maioria. Os profissionais de saúde relatam também que há um grande índice de atendimentos por agressões físicas a idosos, mulheres e homossexuais. Os profissionais ainda narram que o pronto-socorro masculino fica super lotado, tendo que transferir o excedente para o pronto socorro feminino onde há várias vagas. Assim, o que fica claro nas colocações dos profissionais de saúde, é que há uma lacuna ou um vácuo imenso entre a educação, prevenção e promoção a saúde no desvelar de seu caminho até a unidade de urgência e emergência.
CONCLUSÃO:
Mediante as colocações e as analises das falas supracitadas, não podemos deixar de perceber a pertinência de uma perspectiva relacional de gênero nos diversos setores da saúde. Sobretudo quando focalizamos a prevalência dos homens nos atendimentos e mortalidades por causas externas ligadas a violência, podemos perceber os fatores que ai estão imbricados e que são potencializadores de problemas de saúde pública. Evidentemente, a falta de uma educação com uma abordagem de gênero, e de uma política efetiva à saúde do homem, que perpasse o reducionismo anatomofisiológico, e adentre também nas esferas dos diversos locus sociais, culturais, econômicas e de raça, buscando compreender os símbolos da masculinidade hegemônica que tanto excluem, violentam e discriminam sobre tudo os seres que a carregam, para que haja uma mudança de paradigmas na socialização, educação, promoção e prevenção da saúde.
Palavras-chave: Sexualidade., Violência., Saúde do homem..