62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
DIAGNÓSTICO DA GESTÃO INTERNA DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO HOSPITAL SANTA CATARINA, NATAL-RN, COM VISTAS À PROPOSIÇÃO DE DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE.
Aline Rachel Bezerra Gurgel 1
Josivan Cardoso Moreno 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte/IFRN
INTRODUÇÃO:
Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), comumente associados à denominação "lixo hospitalar", constituem uma fração importante dos resíduos sólidos urbanos em virtude do potencial de risco que representam a saúde pública e ao meio ambiente. Dentre os diversos atores envolvidos na responsabilidade sobre esses resíduos, destacam-se os seus geradores, e entre eles, os hospitais. Contudo, a maioria das instituições públicas de saúde no Brasil, apresenta falhas no manejo dos RSS, as quais são refletidas em situações como ausência de plano de gerenciamento capaz de conduzir esses materiais; falta de investimentos a serem aplicados em tecnologias e treinamento de funcionários e ausência de qualificação dos recursos humanos. O Hospital Santa Catarina, localizado em Natal-RN, se enquadra nesse perfil, apresentando falhas quanto ao gerenciamento dos seus resíduos. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivos diagnosticar a gestão interna dos RSS no hospital em análise, estimando a sua produção conforme os seus diversos setores. Pretende-se ainda discutir uma maneira adequada de manejo desses componentes considerando as diretrizes técnicas para implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
METODOLOGIA:
Para execução do presente trabalho, realizou-se um estudo de caso do tipo descritivo. A pesquisa ocorreu entre os meses de julho e agosto de 2009, utilizando como técnica de coleta de dados a aplicação de um formulário pré-estabelecido a um funcionário da administração, um da nutrição e um do setor de limpeza; associado à prática de observação direta. Para a fundamentação teórica desse estudo, efetuou-se um levantamento acerca de artigos científicos e livros, utilizou-se o manual de gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e outros trabalhos feitos sobre a área de intervenção. Recorreu-se ainda à SESAP-RN (Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte) e à Serquip - RN, onde foram coletadas informações que auxiliaram a compreensão da problemática dos RSS e proporcionaram a sugestão de medidas mitigadoras para o quadro verificado no hospital.
RESULTADOS:
Por meio da aplicação do questionário constatou-se que a geração mensal de resíduos orgânicos oriundos da cozinha atinge 50.400 litros e a de resíduos considerados infectantes, provenientes das enfermarias, 145.000 litros, totalizando 195.400 litros. Contudo, os materiais não infectantes produzidos nas enfermarias não são separados daqueles que oferecem risco biológico uma vez que não existe plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Esse fator gera riscos ocupacionais para quem manuseia esses componentes, aumenta os custos com o tratamento desses materiais e ainda, constitui um risco à comunidade hospitalar e ao meio ambiente devido à ausência de medidas sanitárias adequadas. A situação verificada no hospital ilustra ainda, a falta de recursos humanos capacitados para gerenciar a segregação dos resíduos, além de notar-se uma falta de interesse por parte dos funcionários da limpeza e da administração em efetuar a separação dos componentes gerados. Percebeu-se ausência de sensibilização quanto à necessidade de se promover o gerenciamento sustentável do lixo e das conseqüências que a não execução dessa medida pode gerar à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente.
CONCLUSÃO:
O diagnóstico executado revelou que na unidade de saúde existem falhas nas etapas e processos que compreendem: recursos humanos, mobilização da organização, caracterização dos resíduos, bem como sua geração, segregação, armazenamento externo, coleta interna, tratamento, destino final e segurança e saúde do trabalhador. Contudo, as diretrizes discutidas e propostas para confecção de um PGRSS contribuem com a melhoria da situação atual, na qual a gestão interna dos resíduos tem sido executada de maneira alheia em virtude, sobretudo, da ausência de conhecimentos sobre a gestão do lixo. A adoção dessas diretrizes proporcionará ao Hospital Santa Catarina a execução de um manejo ambientalmente responsável dos resíduos em análise, promovendo a minimização dos acidentes ocupacionais, a organização do espaço e da segregação dos resíduos, a redução de gastos com a incineração e ainda, o tornará pioneiro na condição de hospital público preocupado com as questões ambientais.
Palavras-chave: Resíduos de serviços de saúde, Segregação de resíduos , Plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde.