62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
AVALIAÇÃO DO EFEITO NEUTRALIZADOR DO EXTRATO AQUOSO DE Philodendron megalophyllum FRENTE AO VENENODE Bothrops jararaca.  
Valéria Mourão de Moura 1
Luciana Aparecida Freitas de Sousa 2
Elenn Suzany Pereira Aranha 2
Ana Maria Moura da Silva 3
Ricardo Bezerra Oliveira 4
Rosa Helena Veras Mourão 4
1. UFOPA / Santarém / Bolsista de AT/CNPq
2. UFOPA/ Santarém / Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas/ PIBIC/UFPA
3. BUTANTAN/ SP / Professor (a) Doutor (a) do Instituto Butantan/ Orientador (a)
4. UFOPA / Santarém / Lab. de Bioprospecção e Biologia Experimental\Co-orientador
INTRODUÇÃO:

Envenenamentos ofídicos causados por serpentes da família Viperidae, que inclui o gênero Bothrops, são caracterizados por danos locais e sistêmicos, como necrose, edema, hemorragia, efeitos neurotóxicos entre outros. As pesquisas de inibidores naturais de venenos de serpentes são um complemento substancial ao uso da terapia tradicional, principalmente em relação à neutralização dos danos no tecido local. Extratos de plantas são uma rica fonte de inibidores naturais e de componentes farmacologicamente ativos, que antagonizam a atividade de muitas toxinas de venenos de serpentes. A espécie utilizada nesse estudo Philodendron megalophyllum (Araceae), conhecida como cipó de tracuá, é bastante citada pela população de Santarém para o tratamento de envenenamento causado por peçonhas ofídicas. O Sistema Único de Saúde (SUS) já reconhece o tratamento com plantas medicinais, como uma terapia complementar ao tratamento convencional, validando cerca de 80 espécies vegetais como fitoterápicos. Assim, na busca de novos fitoterápicos que possuam componentes capazes de neutralizar a ação de venenos, o objetivo deste trabalho foi investigar o potencial efeito neutralizador da espécie citada acima frente veneno de Bothrops jararaca.

METODOLOGIA:

A espécie P. megalophyllum foi coletada na comunidade São Pedro localizada no Km 21 da Rodovia Everaldo Martins/Santarém-Pa. Os extratos aquosos foram preparados a partir das folhas frescas e do pó do cipó seco em água destilada, na proporção de 1:10 (p.v). Os animais utilizados foram camundongos Swiss de ambos os sexos. O veneno de B. jararaca, usado para indução da hemorragia foi fornecido pelo Instituto Butantan, São Paulo, Brasil. A hemorragia foi avaliada determinando-se a dose mínima hemorrágica (DMH) do veneno em µg, capaz de criar um halo hemorrágico de 10mm de diâmetro. Para avaliar o efeito neutralizador dos extratos frente ao veneno, doses de 360 e 240µg dos extratos foram incubadas com 10µg (2DMH) de veneno a 37°C por 30min., injetadas no tecido  dorsal de camundongos por via intradérmica. O controle positivo recebeu injeção do veneno incubado com o soro antibotrópico, e o controle negativo recebeu veneno com salina (0,9% NaCl). Após 1 hora os animais foram sacrificados sob anestesia profunda e suas peles removidas para avaliação. O halo hemorrágico foi medido com o auxilio de um programa MATlab que foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Sensoriamento Remoto da UFOPA/ Santarém.

RESULTADOS:

O extrato aquoso das folhas de P. megalophyllum demonstrou uma inibição de 67,47% e 83,52%, nas doses de 240 e 360µg respectivamente, contra a hemorragia causada por 10µg do veneno de B. jararaca. O resultado obtido com o extrato aquoso do cipó também demonstrou efeito neutralizado de contra o veneno de 73,7% e 87,64% nas doses 240 e 360µg, respectivamente. A população da região do Oeste do Pará utiliza o chá preparado a partir do cipó fresco para o tratamento de acidentes com serpentes, o chá das folhas não é citado como eficiente na neutralização dos sintomas causados pela picada de cobra. Porém, os nossos resultados sugerem que o extrato da folha também tem ação contra o  veneno de B. jararaca. As metaloproteinases (SVMPs) são os principais componentes de venenos da familia Viperideae e são responsáveis pela hemorragia local e sistêmica, bem como reações inflamatórias. SVMPs são proteínas zinco dependentes classificadas na subfamília das reprolisinas da família M12 e se assemelham estruturalmente às ADAMs de mamíferos que regulam a composição da matriz celular. A hemorragia induzida por SVMPs em camundongos é dependente da sua atividade enzimática, e pode ser eliminada com a incubação com inibidores de metaloproteinases.

CONCLUSÃO:
Os extratos aquosos obtidos a partir das folhas frescas e do cipó seco de  Philodendron megalophyllum apresentaram efeito neutralizador, embora parcial, contra a  hemorrágica causada pelo  veneno de Bothrops jararaca. De acordo com os resultados obtidos o uso dessa planta na medicina popular para o tratamento de picadas de serpentes parece ter bases farmacológicas. Mas é necessário um estudo dos componentes químicos presentes nos extratos para identificar os constituintes assim como,  testar doses mais altas com a finalidade de se obter uma neutralização total
Instituição de Fomento: CNPq, Amazogreen,FAPESPA
Palavras-chave: Philodendron megalophyllum, hemorragia, metaloproteinases..